Comissão de transição de Margarida já começa a trabalhar nesta terça-feira
Nesta terça, será publicado decreto do Executivo com os integrantes do grupo que reúne o atual e o novo Governo. Conheça quem são.
A apuração das urnas com o resultado do segundo turno das eleições municipais na noite do último domingo (29) consagrou a deputada federal Margarida Salomão (PT) como futura prefeita eleita de Juiz de Fora. A parlamentar e sua equipe, todavia, não tiveram tempo para descansar. Já nesta segunda-feira tiveram início os trabalhos para a transmissão de poder do prefeito Antônio Almas (PSDB) para sua sucessora. Já no primeiro minuto desta terça-feira será publicado um decreto do Executivo com os nomes dos integrantes que comporão sua equipe de transição tanto da parte do atual como do futuro Governo. A pressa para o início dos trabalhos se justifica. Com a posse marcada para 1º de janeiro, os trabalhos deverão ser cumpridos no breve hiato de um mês.
O decreto confirma os nomes que já haviam sido apresentados por Margarida ainda na noite de domingo. Assim integram a equipe de transição da futura prefeita a ex-vereadora Cidinha Louzada, a advogada Rosana Lilian e a professora Giane Elisa. Completam o colegiado os sociólogos Martvs das Chagas, ex-secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e Biel Rocha, ex-deputado estadual, além do professor Rogério Freitas, ex-presidente municipal do PT. Caberá a Cidinha Louzada a coordenação dos trabalhos. Conforme as balizas definidas para a troca de informações, a ex-vereadora terá prerrogativas para indicar pessoal para substituir os membros designados ou para integrar a comissão como suporte temático ou administrativo. Nestas situações, ficará dispensada a edição de novo decreto. As balizas seguem disposições da Lei Orgânica do Município e da Lei Estadual 19.434, de 2011.
LEIA MAIS
- Margarida: ‘O bem de Juiz de Fora está acima de qualquer nome’
- Margarida Salomão é eleita prefeita de Juiz de Fora
- Almas sinaliza início de transição já nesta segunda em Juiz e Fora
Vale lembrar ainda que o decreto define que a comissão de transição terá vigência até 31 de dezembro de 2020 e, ao final dessa data, será automaticamente extinto. O texto legal que institui o grupo ainda veda a remuneração a qualquer título para os integrantes da comissão. Por parte da Administração do prefeito Antônio Almas, participam dos trabalhos os secretários de Governo, Ricardo Miranda; de Planejamento e Gestão, Lúcio Sá Fortes; da Fazenda, Fúlvio Albertoni; e de Administração e Recursos Humanos, Andreia Goreske. O grupo terá ainda a participação da controladora-geral do município, Marlene Bassoli, e do procurador-geral do Município, Edgar Ferreira. Entre as informações que as secretarias municipais e demais órgãos tanto da Administração direta como da indireta deverão disponibilizar estão informações como estrutura orgânica; número de servidores e de cargos em comissão, além de programas e ações prioritárias em andamento.
Expectativa por anúncio de secretariado
Com a nomeação do grupo, Margarida inicia o cumprimento de uma de suas promessas de campanha. Ou, pelo menos, dá indicações neste sentido. Isto porque a prefeita eleita havia sinalizado a intenção de formar um secretariado com paridade de gênero e ainda com uma configuração que garanta representatividade de negros e negras. Tal desenho pode já pode ser observado em sua equipe de transição. Do grupo, aliás, podem surgir nomes que comporão o primeiro escalão do Governo a partir de janeiro de 2021. Via de regra, é prática que integrantes de equipes de transição sejam escalados para cargos importantes na Administração. Com o curto tempo de preparação até a posse, a expectativa é de que Margarida já anuncie alguns nomes dos futuros secretários ainda nesta semana.
Conheça os integrantes designados por Margarida Salomão (PT) para a transição
Maria Aparecida Louzada (Cidinha Louzada)
Chefe de gabinete de Margarida desde janeiro de 2013, Cidinha Louzada foi vereadora de Juiz de Fora entre 1989 e 1992 pelo PMDB.
Rosana Lílian
Advogada, representa o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro/JF). Foi assessora do vereador Betão (Betão), de 2009 a 2018, atualmente é assessora parlamentar na ALMG lotada no gabinete de Betão, que assumiu uma cadeira na Casa em 2019.
Giane Elisa
A professora é servidora efetiva do Município e, atualmente, ocupa a supervisão do Departamento de Acesso à Cultura da Funalfa. Giane ainda é diretora e dramaturga do grupo de artes cênicas e políticas “As Ruths”.
Martvs das Chagas
O sociólogo foi titular da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial durante o Governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, é secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT.
Gabriel dos Santos Rocha (Biel Rocha)
Também sociólogo, Biel Rocha foi vereador de Juiz de Fora pelo PT entre 1997 e 2002, bem como deputado estadual entre 2003 e 2007. Desde dezembro de 2019, estava no gabinete de Margarida Salomão. Biel também foi secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.
Rogério Freitas
Professor e ex-presidente do PT Juiz de Fora, entre 2008 e 2012. Também é ex presidente do Sinserpu, entre 1994 e 1997. Foi gerente de Recursos Compartilhados da Diretoria de Políticas Sociais da PJF entre 2001 e 2004, atualmente é diretor escolar.
Margarida chega à PJF aos 70 anos
Os trabalhos de transição colocam um ponto final em um capítulo cujo desfecho parecia improvável há alguns meses. No período que antecedeu o processo eleitoral, finalizado no último domingo, previsões que apontavam uma vitória de Margarida Salomão na corrida pela Prefeitura eram consideradas como pouco prováveis por muitos interlocutores políticos da cidade. Pesava contra a deputada federal antipetismo que permeou a discussão pública nos últimos anos e, também, o histórico de derrotas em segundos turnos nas últimas três eleições.
Em 2020, no entanto, a história foi diferente e a parlamentar traçou uma trajetória firme e ascendente durante os três meses de campanha. Desta maneira, acabou consagrada vencedora com 144.529 votos (54,98% da votação válida) contra 118.349 votos (45,02%) do empresário Wilson Rezato (PSB). A eleição da coligação “Juiz de Fora vale à pena” dá ainda ao vereador Kennedy Ribeiro (PV) o posto de vice-prefeito.
Entre 2008 e 2016, a candidata sempre chegou ao segundo turno, mas fora derrotada em todas as ocasiões – em 2008, por Custódio, e em 2012 e 2016, pelo ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB). Em 2008, inclusive, foi superada por apenas 10.418 votos.
A futura prefeita chegara ao poder aos 70 anos. Entre todos os prefeitos eleitos em Juiz de Fora nos últimos 40 anos, a deputada federal é quem chega à Prefeitura com idade mais avançada.
Mote de campanha
Desde o início da campanha, Margarida investiu na proposta de planejamento territorializado como o mote principal, inclusive no combate à pandemia de Covid-19. Assim, a prefeita eleita prometeu levar até o cidadão a participação nos rumos de empreendimentos e ações nos próprios bairros. A prefeita eleita, aliás, também sinalizou a recriação do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Juiz de Fora (Ipplan), bem como a possibilidade de instituir o IPTU progressivo e a outorga onerosa. Em campanha, Margarida apontou ainda para a necessidade de redesenhar o transporte coletivo urbano.
Nesta segunda, Margarida seguiu agenda comum aos eleitos no primeiro dia após a vitória nas urnas. Dessa forma, concedeu entrevistas a órgãos de imprensa e, nas redes sociais, falou diretamente a seu eleitorado. “Agora, eu tenho uma nova esperança: a de ser a melhor prefeita da história de Juiz de Fora. Porque é o que o povo merece. Porque foi para isso que Juiz de Fora me elegeu. Essa esperança torna-se agora, além de tudo, compromisso”, publicou.
Nota da redação: Após a publicação desta matéria, o Sindicato dos Professores (Sinpro) de Juiz de Fora encaminhou nota à redação. A pontuação ora feita pelo Sinpro revela entendimento de que a matéria apontaria que a advogada Rosana Lílian seria a representante do sindicato no grupo de transição. Contudo, o posicionamento manifestado da entidade vem ao encontro do texto publicado pelo jornal, que diz ainda que Rosana representa o Sinpro, em alusão à atuação profissional da advogada, e não que ela seria uma representante do sindicato dentro do colegiado indicado por Margarida. “Cumpre-nos esclarecer que esta entidade não tem nem terá representante neste ou em qualquer governo que assuma a Administração Municipal”, reforça a entidade sindical.
Tópicos: eleições 2020