União concorda em alterar nome de Brigada do Exército de Juiz de Fora que homenageia golpe militar

Ministério Público Federal pede ainda a criação de um espaço de memória na Brigada 31 de Março, no Mariano Procópio


Por Tribuna

25/02/2025 às 12h14

A União concordou em alterar o nome da 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, reconhecendo parte dos pedidos do Ministério Público Federal (MPF) em uma ação civil pública, de abril de 2024.

O batalhão, que fica na Rua Mariano Procópio, nº 970, no Centro de Juiz de Fora, é chamado de “Brigada 31 de Março”. O nome é uma homenagem à data em que tropas lideradas pelo general Olympio Mourão Filho partiram do local rumo ao Rio de Janeiro para depor o presidente João Goulart, marcando o início da ditadura militar, que governou o Brasil por 21 anos.

União concorda em alterar nome de Brigada do Exército que homenageia golpe militar
4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha (Foto: Leonardo Costa)

Além da alteração do nome, a expressão “revolução democrática” também será retirada de documentos e sites oficiais. Em novembro do ano passado, o Comando do Exército se negou a atender o pedido.

O MPF afirma que a reverência ao golpe militar, além de contrariar a versão oficial do Estado sobre os fatos, é incompatível com a Constituição e com o projeto Constituinte de um Estado Democrático de Direito.

Por isso, embora a União reconheça o erro, o órgão entende que apagar a homenagem sem uma reparação significa negar o direito à verdade e a memória. Por mais de 50 anos (36 sob a nova ordem democrática), o Exército ostentou a homenagem ao golpe, inclusive com um letreiro em homenagem ao 31 de Março.

O Ministério Público, então, pede a criação de um espaço de memória, com a indicação, no muro externo ou em outro local exterior da 4ª Brigada de Infantaria, de que, naquele dia, “tropas militares partiram de Juiz de Fora e iniciaram um golpe de Estado que interrompeu a democracia no Brasil, em afronta à ordem jurídica”.

O MPF também pede a realização de curso abordando especificamente o caráter ilícito do golpe militar e as conclusões da Comissão Nacional da Verdade sobre as violações de direitos humanos no período.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.