Movimento dos caminhoneiros
O país parece voltar à normalidade após a finalização do movimento dos caminhoneiros que praticamente parou o país. O Brasil viveu uma amostra de caos nacional. O Governo federal e os governos estaduais não deram importância ao anúncio do movimento, mesmo com todo o aparato de informações disponíveis dos serviços de inteligência, que permanentemente monitoram os meios de comunicação social e as redes sociais. Parece que nossos governantes estavam muito mais ocupados com os arranjos da pré-campanha eleitoral. Talvez eles “pagaram para ver”, e deu no que deu.
Quem imaginaria que o país poderia ficar refém de grevistas não organizados por uma central sindical? Parcela da categoria funcional, que são os caminhoneiros, foi assessorada por militantes da causa intervencionista (aqueles que reivindicam a intervenção militar), e a articulação foi por meio digital, via WhatsApp. Mobilização semelhante àquela da denominada “primavera árabe” (onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio, a partir de dezembro de 2010). Nesse caso, os jovens se rebelaram contra o estado vigente utilizando outras redes sociais: o Twitter e o Facebook. Aqui, quando sindicalistas ligados à CUT se aproximaram do movimento oferecendo ajuda, foram repudiados e obrigados a se afastarem.
Outra parte dos caminhoneiros paralisados seguiu as ordens de patrões (donos de grandes transportadoras), praticando o locaute (uma prática ilegal). O interesse patronal no caso é a redução dos custos operacionais (impostos e pedágios) para aumentar os lucros. A contradição de significativa parcela da livre iniciativa empresarial brasileira é a seguinte: faz o discurso da liberdade de mercado, mas quer o subsídio estatal.
Uma pesquisa do Governo federal feita pelo Ibope durante o movimento mostra que 2/3 da população quer os militares no poder ou “Diretas Já”, e foi divulgada por Mônica Bérgamo na “Folha de S. Paulo” (05/06/2018). Isso corresponde, de certa maneira, à influência sobre a população do relato dos fatos que a imprensa apresentou durante o movimento dos caminhoneiros.
Esse episódio brasileiro é um pouco diferente do histórico movimento de caminhoneiros no Chile (considerado de direita), que pode ter corroborado para depor o presidente socialista Salvador Allende (1973). No Brasil, parece que a direita quer derrubar do poder o presidente Temer e o seu MDB, um partido de centro, que foi aliado do PT nas últimas eleições nacionais.