A busca pelo protagonismo
Em Davos, a ministra Marina Silva sinalizou para o mundo o papel que o Brasil quer assumir na discussão mundial do meio ambiente
O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu em 1º de janeiro prometendo uma verdadeira guinada na política ambiental até então em vigor no Brasil. E, mesmo antes da posse, tem sinalizado que o objetivo é ser protagonista mundial nas discussões do tema.
Na nova composição ministerial, o meio ambiente se tornou pasta estratégica, sobretudo para recuperar laços perdidos com a política exterior. Para isso, Lula convocou Marina Silva, que agora é titular do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Pelas primeiras ações, a política ambiental promete ações internas, mas de olho nas repercussões para além das nossas fronteiras. Esta semana, por exemplo, Marina esteve no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para muitos, mais uma sinalização da importância do tema para a recuperação da imagem do país mundo afora.
E Marina chegou ao encontro dos grandes líderes mundiais despertando o interesse de representantes de nações de todo o mundo. Com o microfone aberto, ela discursou e deu recados: cobrou repasses de US$ 100 bilhões de países ricos para a proteção ambiental de nações emergentes; defendeu meta global para queda na perda de florestas, e garantiu que o Brasil fará o dever de casa em seu bioma, sobretudo na Floresta Amazônica.
Fato é que, independentemente de ideologia política, o assunto meio ambiente deixou de ser um tema acessório. Cada vez mais, se torna uma discussão fundamental para o futuro do próprio planeta.
Sem qualquer exagero, as mudanças climáticas são visíveis e despertam a preocupação não mais pelo futuro, mas para o presente. O degelo em torno do Oceano Ártico, as queimadas florestais e a má distribuição das chuvas são consequências das ações irresponsáveis dos habitantes deste planeta.
Não basta encontros como o de Davos, ou outros grandes encontros de líderes e especialistas, como os promovidos pela ONU, se as metas estabelecidas não forem cumpridas. Por isso, terá o Brasil cumprido o seu papel – e estreitado o caminho em busca do protagonismo e do respeito mundial – se liderar um grande movimento em busca das inevitáveis mudanças.
Em Davos, Marina Silva deu os primeiros recados. E no curto prazo terá que impor o respeito que o Brasil tanto almeja nesse tema, não apenas com o diálogo, mas também com ações concretas. Está em suas mãos uma grande chance de fazer do país um espelho para o mundo na proteção ambiental.