Atenção redobrada
Minas Gerais é o estado com mais pontos críticos em rodovias, e BR próxima a Juiz de Fora merece ainda mais cuidados
A maior tragédia em rodovias federais, desde 2007, que deu início à série histórica da Polícia Federal Rodoviária (PRF), aconteceu em Minas Gerais. O acidente foi no distrito de Lajinha, em Teófilo Otoni, no dia 21 de dezembro, envolvendo um ônibus, um carro e uma carreta, que transportava uma pedra de granito. Quarenta e uma pessoas morreram.
A BR-116, que conecta a capital do Ceará ao Rio Grande do Sul, onde o acidente aconteceu no trecho mineiro, é considerada uma das mais perigosas do Brasil, devido ao alto índice de mortes registradas. Só em 2023, foram 740, de acordo com a PRF. Somado a isso, outro fato: como mostra a reportagem de Hugo Netto deste domingo (19), Minas Gerais é o estado com mais pontos críticos em rodovias.
Apesar de uma certa melhoria entre 2023 e 2024, foram identificados, no último ano, 338 pontos críticos nas rodovias de Minas Gerais nos 15.589 quilômetros pesquisados, a partir de um Painel dos Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras, da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Isso fica ainda mais alarmante quando se sabe que o estado tem a maior malha rodoviária do Brasil.
Um dos entrevistados do repórter Hugo Netto disse que grande parte das rodovias mineiras é “extremamente ruim e perigosa” e, inclusive, foge dos padrões exigidos. Cenário que afeta desde a estrada onde aconteceu o acidente em Teófilo Otoni até mais perto de nós, nas proximidades de Juiz de Fora.
A BR-267, como a reportagem mostra, tem oito pontos críticos. E um dos pontos mais problemáticos é o trecho entre Lima Duarte e Bicas. Só em 2024, foram registrados 55 acidentes. Treze deles, graves. Nove pessoas morreram no último ano.
Andar por essa estrada, sobretudo a que liga Juiz de Fora a Bicas, é sinônimo de redobrar a atenção. Esse trecho, em específico, sem acostamentos, tem buracos em diversos pontos e falta de “olhos de gatos”, que ajudam na iluminação das vias. Em períodos de chuva, como os de agora, fica ainda mais perigoso andar pela estrada.
Apesar de se tratar de cidades distantes entre si, como Teófilo Otoni e Juiz de Fora, essa é a realidade que predomina e preocupa. Se essas estradas fossem mais bem cuidadas, será que esses acidentes seriam evitados? Claro que a atenção também vem dos motoristas, mas o estado dessas vias contribui, também, até para o aumento dos casos de acidentes. Como passar com tranquilidade por estradas nessas situações? Infelizmente, o que aconteceu em Teófilo Otoni não é assim tão distante.