Após prisão de anestesistas, Casa de Caridade Leopoldinense voltará a completar o quadro em março, diz secretário
Casa de Caridade Leopoldinense está com déficit em médico anestesista desde dezembro, quando os profissionais foram presos sob suspeita de associação criminosa
O Hospital Casa de Caridade Leopoldinense voltará a completar o quadro de anestesistas da instituição em março, com a contratação de três especialistas, de acordo com Márcio Machado, secretário de Saúde daquela cidade em entrevista à Tribuna. A instituição está com déficit no serviço de anestesia desde dezembro do ano passado, quando quatro médicos foram presos em operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), sob suspeita de manipular escalas e fazer plantões simultâneos.
À época, a gestão da instituição, antes encarregada ao Estado, passou a ser responsabilidade da Prefeitura de Leopoldina. Desde então, a unidade passou a contar com apenas dois médicos anestesistas, que atendem entre quinta e domingo. Já os casos de urgência exigia que os pacientes fossem transferidos para outros hospitais e outros municípios. O secretário informou que participou de audiência na Câmara de Vereadores da cidade na terça-feira (18). Momento que, segundo ele, foi amplamente questionada a situação dos anestesistas no hospital e o caso de uma mulher puérpera que foi à óbito. Ele também reiterou que o prefeito postou um vídeo esclarecendo o assunto.
Os quatro médicos presos, conforme mostrou as investigações do MPMG, atuavam de forma que colocava os pacientes em risco. Como a realização de cirurgia e anestesias eletivas da rede suplementar enquanto estavam na escala de sobreaviso da urgência e emergência. Além disso, entre as condutas indicadas pelo órgão estavam a combinação de versões, falsidades documentais médicas, manipulação de documentos importantes e até imputação de responsabilidades a pessoas aparentemente inocentes. Após a prisão desses profissionais, no entanto, os procedimentos cirúrgicos e de emergência na cidade continuaram sendo comprometidos, desta vez, pela falta de anestesistas. Foi quando, no início deste mês, um caso tomou as redes sociais, quando a morte de uma gestante chegou a ser atribuída a esse déficit.
A especulação fez com que o prefeito de Leopoldina, Pedro Augusto Junqueira Ferraz, publicasse um vídeo sobre o caso em suas redes sociais. Segundo ele, a gestante de sete meses chegou à instituição no dia 3 de fevereiro e precisava de uma UTI neonatal – estrutura que ainda está sendo construída na cidade. Portanto, diante da ausência da unidade na Casa de Caridade, ela teve que ser transferida no mesmo dia para Juiz de Fora, onde foi atendida, e o parto, realizado. Ela ficou dez dias internada e, depois, morreu no dia 13. “Sobre os anestesistas: Não houve demissão por parte da gestão. Estamos contratando profissionais, oferecendo até o dobro do valor de mercado, e a partir de março teremos anestesistas todos os dias”, disse o prefeito.
O Ministério Público disse à Tribuna que vai verificar a situação de possível desassistência com a Gerência Regional de Saúde de Leopoldina (GRS). “Quanto ao corpo clínico respectivo, não chegou à 2ª Promotoria de Justiça de Leopoldina, com atribuição de atuação na Defesa da Saúde, nenhuma notícia de irregularidade, tampouco sobre o evento relatado da morte de uma gestante.”
A Tribuna entrou em contato com a GRS de Leopoldina, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.