Empresário de JF é alvo de condução coercitiva na operação ‘Lava jato’
Localizada na Avenida Erasmo Braga, no Centro do Rio de Janeiro, a empresa Multitek Engenharia Ltda., que já teve sede em Juiz de Fora, foi um dos 24 locais onde policiais federais cumpriram ações de busca e apreensão cumpridos ontem, durante a Operação “Pixuleco”, 17º etapa da “Lava Jato”. Conforme publicado no blog do repórter Fausto Macedo, no site do jornal “O Estado de São Paulo”, o empresário Luis Alfeu Alves de Mendonça, ligado à Multitek, foi alvo de mandado de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento, mantendo-se o direito ao silêncio dos investigados. Luis Alfeu é natural de Juiz de Fora, tendo, sido, inclusive, agraciado com o título de cidadão benemérito em 2004.
Segundo o despacho, em que é pedida a prisão do ex-ministro José Dirceu, publicado na edição on-line do jornal “Estado de Minas”, o lobista Milton Pascowitch insinua que a Multitek teria acordado pagamento de propina a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, que também é alvo de investigações da “Lava Jato” e está preso desde março. O depoimento de Pascowitch aponta Luis Alfeu como responsável pela empresa de engenharia, que possuía contrato com a estatal para execução de obras no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Ainda segundo o documento judicial, Pascowitch apresentou “contratos simulados de consultoria” celebrados entre a Multitek e JAMP Engenheiros, com repasses mensais entre fevereiro de 2011 e abril de 2012, totalizando de R$ 3,4 milhões.
Em depoimento, Pascowitch afirma que manteve contatos com Luis Alfeu na sede da empresa. Na ocasião, o lobista diz que ficou acertado entre a Multitek e um consórcio – que ele acredita ser liderado pela Multitek – três contratos fictícios com a JAMP, que totalizariam R$ 5.688.518,50. Deles, teriam sido executados apenas os valores indicados nas faturas apresentadas (R$ 3,4 milhões). Os contratos teriam sido interrompidos em razão da dificuldade financeira das empresas, bem como em razão da não obtenção de aditivos que eram almejados pela Multitek. Segundo ele, “os contratos fictícios, sem qualquer prestação de serviços” se destinavam exclusivamente a embasar o recebimento dos “créditos” de Renato Duque.
Agora investigada por suposto esquema de propinas, a Multitek já esteve envolvida em uma briga judicial com a gigante estatal em agosto de 2013, quando a empresa de engenharia reivindicava o pagamento de cerca de R$ 245 milhões a título de custos extras por parte da estatal, relacionados às obras do Comperj. À época, o pleito não foi atendido e resultou em uma rescisão de contrato entre as partes. Na ocasião, a Petrobras considerou que os pagamentos estavam em dia e o rompimento havia sido unilateral por parte da Multitek, que já havia demitido 1.700 funcionários.