Esporte universitário respira


Por Bruno Kaehler

16/10/2016 às 07h00

Congresso técnico definiu detalhes da disputa, que começa na próxima terça (DIVULGAÇÃO)

Congresso técnico definiu detalhes da disputa, que começa na próxima terça (DIVULGAÇÃO)

Vinte e quatro faculdades juiz-foranas impulsionadas por mais de 1.200 alunos-atletas representando-as, reunidos no Complexo Esportivo da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) entre os dias 18 de outubro e 5 de novembro, na disputa de atletismo, natação, xadrez, tênis, tênis de mesa, basquete, futebol, futsal, handebol, voleibol, pebolim, peteca e desafio crossfit, somando 13 modalidades concorridas nos naipes masculino e feminino, com exceção do esporte mais popular do mundo, disputado apenas entre os homens. Em dados, esta é a síntese do que o Universitarius, competição esportiva universitária formada pela junção dos Jogos Universitários de Juiz de Fora e Olimpíadas da UFJF, reserva à cidade nas próximas semanas em meio a frágil panorama da área.

“Vivemos em uma cidade em que até há dois anos atrás tínhamos apoio da universidade. E, com todo o respeito, o poder público não se interessa pelo esporte universitário. Uberlândia sediou os Jogos Universitários Brasileiros, que reuniram 2.500 atletas e Juiz de Fora pouco se interessa. O objetivo não é fazer um evento de alto rendimento, porque é outro padrão, mas estimular o intercâmbio sócio-cultural e desportivo entre os universitários e confiamos na exclusividade do congraçamento que o esporte promove. É diferente do Movimento Estudantil, bares, baladas. É questão de geração de identidade. Esperamos fechar em 1.400 atletas inscritos, mas temos um público rotativo de 50 mil pessoas”, relata o coordenador do evento, Basileu Gouvêa.

Garantiram presença na competição as associações atléticas da Federal de Biologia, Direito, Engenharia, Comunicação Social, Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Artes e Design, Ciências Exatas, Medicina, Medicina Veterinária, Monetária, Nutrição, Odontologia, e faculdades do CES-JF, Doctum, Estácio de Sá, Engenharia Machado Sobrinho, Granbery, IFET, Medicina Unipac, Suprema, Universo e Vianna Jr.

A disputa pode ser considerada, na temporada, o auge da integração universitária no município. Isto porque a preparação de parte das atléticas inscritas começa meses antes na busca por parcerias para os treinamentos e outras competições pelo estado. A Tribuna conversou com presidentes e representantes de cinco cursos que destacaram dificuldades e a organização para os Jogos, realçando, ainda, o retorno de competições entre faculdades, como o mandatário da Associação Atlética dos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (AAAFD/UFJF), Guilherme Pimenta.

“O Universitarius, além de suprir uma demanda que já vem há algum tempo, por estarmos sem a Olimpíada da UFJF e os Jogos Universitários, campeonatos que existiam nesse porte, o que já é um incentivo natural. Para a gente esse ano vai ter uma importância especial porque vai servir como preparação para os Jogos Jurídicos Mineiros, nosso maior objetivo, e que começa dia 11 de novembro. Nossos atletas estão bastante animados com o campeonato, estamos tentando suprir a falta de eventos com amistosos e outros torneios, mas não é a mesma coisa. O campeonato é que consegue estimular os atletas a estarem sempre treinando”, explica Pimenta.

Preparação para outras competições

Algumas atléticas já possuem a prática desportiva integrada em seu calendário desde o início de cada período. O planejamento permite que as equipes disputem outras competições, caso da Atlética de Direito, com os Jogos Jurídicos Mineiros, como citado por Pimentel. No caso da Associação Atlética Acadêmica da Faculdade de Medicina da UFJF (AAAFM/UFJF), o Universitarius sucede o vice-campeonato geral da tradicional Intermed Minas Gerais, uma das maiores competições esportivas universitárias do estado. “O curso de Medicina se mobiliza o ano inteiro em prol do esporte. Temos 25 modalidades treinando regularmente. Não nos mobilizamos exclusivamente para o Universitarius. Treinamos o ano inteiro para qualquer competição que venha. Então esse ano participamos da Copa Rio Minas já, do Intermed e outras, e somos os atuais campeões dos Jogos Universitários de JF e das Olimpíadas da UFJF, então estamos defendendo o título de primeiro lugar geral nesse ano. Temos pelo menos dois treinos por semana, todos eles acompanhados por um treinador especializado da modalidade, totalizando 14 profissionais que trabalham para a gente”, destaca o presidente Pedro Felipe Araújo.

O caso é semelhante ao da Atlética da Engenharia da Federal, que também vem se mobilizando para a competição, como destaca o representante Frederico do Carmo. “Além do Universitarius, nossa Atlética participa do Engenharíadas Mineiro que ocorre no primeiro semestre. Então, mesmo com a ausência de torneios em Juiz de Fora nós nos mantivemos ativos. No momento estamos trabalhando por uma organização interna, definindo índices de desempenho e metas para os departamentos. E isso vai refletir no esportivo. Estamos confiantes para esse Universitarius, entramos com 95 atletas e em quase todas modalidades.”

Questionado sobre os estudos, Araújo é enfático. “Somos provas vivas de que dá certo. Hoje temos quase 150 atletas, todos participam dos treinos de forma regular e nenhum deles tem problema na faculdade por isso. Os professores também apoiam a causa, alguns são ex-atletas, inclusive, nos ajudam em tudo o que é possível e dá para conciliar tranquilamente os estudos com o esporte desde que a pessoa tenha organização e foco.”

Estímulo extra à responsabilidade de gestão

A organização de treinamentos está longe de ser a única alteração no cotidiano dos alunos-atletas. Exemplo disso é a Atlética da Faculdade de Comunicação Social (Facom), como conta o presidente Luiz Carlos Lima. “Estamos nos preparando para o evento desde que o estatuto foi oficializado para nossa atlética, dia 6 de setembro, definindo uma gestão de dez a 12 pessoas. Queremos que isso continue com o passar dos anos, que sempre exista uma atlética representando a faculdade. Acho que é a maior organização que a Facom teve em sua história. Fizemos um novo kit de camisas e as pessoas estão comprando a ideia e, se alguém não se sente confiante de jogar, estará torcendo por nós, que é o que importa. Teremos uma torcida muito forte”, contou Lima.

A maior seriedade na programação também foi priorizada pelos alunos da Faefid, com 80 representantes em todas as modalidades do Universitarius. “A Atlética da Faefid era informalizada até ano passado, não tínhamos CNPJ, nada muito certo. Apenas em competições que alguns alunos se disponibilizavam a organizar as equipes. A partir do momento em que regularizamos a Atlética, no ano passado, começamos com os treinos das equipes coletivas. Agora todas elas estão treinando. Pela primeira vez estamos com técnicos, não pagos, mas alunos que se disponibilizaram a ajudar a equipe e que inclusive deixaram de fazer parte dos times como atletas para ministrar as aulas”, reiterou a presidente Bárbara Aparecida Bepler Pires.

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