Clubes cariocas procuraram o Estádio Municipal para jogos em 2025
Em entrevista à Tribuna, secretário de Esporte e Lazer fala sobre planos para o novo mandato e para utilização do estádio

O Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, que está sem receber jogos das equipes cariocas desde 2017, foi procurado por clubes do Rio de Janeiro em 2025. É o que garante o secretário de Esporte e Lazer (SEL), Marcelo Matta. Em entrevista à Tribuna, o titular da pasta também avaliou sua gestão desde que assumiu a pasta municipal, em 2021, projetou novos objetivos para os últimos quatro anos do Governo Margarida Salomão (PT) e revelou planos para utilização do Estádio no primeiro semestre deste ano, já que o espaço não receberá jogos oficiais no período.
Tribuna de Minas: Passados os últimos quatro anos, como você avalia a sua gestão à frente da SEL?
Marcelo Matta: Uma avaliação muito positiva. Um avanço significativo nas políticas de desenvolvimento de esporte. Na infraestrutura, a gente teve o advento da entrega do Ginásio Municipal na cidade. O Parque Municipal, a pista de skate, a urbanização da cidade, como que isso contribui para motivar as pessoas a realizarem atividade física para a promoção da saúde? A a luz de LED, o asfalto, isso favorece. Um exemplo prático é a Via São Pedro, que virou um centro de treinamento. A orla do Rio Paraibuna, teve um aumento do número de pessoas realizando atividade. A revitalização de praças na cidade, motivando as crianças a irem desenvolver a sua capacidade motora. A cobertura de quadras em várias escolas municipais, que possibilita o professor de Educação Física a apresentar a cultura esportiva para as crianças.
Quais os objetivos já traçados neste novo mandato?
Na questão da infraestrutura, é aumentar, porque sem infraestrutura a gente fica limitado no desenvolvimento do esporte na cidade. Nós fomos contemplados com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Esporte na Praça Amazônia. O Convive (Centro Comunitário pela Vida), do Parque das Águas, onde vai ter uma estrutura com piscina, campo sintético, quadra 3×3, pista de caminhada. Estamos trabalhando na criação de uma área de proteção para ciclistas de competição (APCC). Hoje a gente articula com federações, com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), com as ligas, com as associações, pois essas pessoas também têm a responsabilidade de desenvolver o esporte, seja no município, no estado ou no Brasil. Estamos sempre mantendo contato para desenvolver. O esporte está à serviço de uma cidade mais educada, mais saudável, mais inclusiva e mais desejada. É nisso que a gente trabalha. Aumentar a captação de recursos com as lideranças, principalmente com as lideranças políticas da cidade e da região, para que tenhamos investimento. Também é um objetivo manter e estreitar as relações com o Conselho Municipal de Desporto e com a Comissão de Esporte da Câmara Municipal. Continuar avançando no ICMS esportivo. Melhorar ainda mais a nossa marca, apesar da gente já ter batido o nosso recorde. Continuar trabalhando e, lógico, ter a parceria de clubes.
A construção desse equipamento no Parque das Águas já começou?
Não, mas já foi aprovado e está em processo de licitação. Isso é muito bacana. Entender a estrutura do esporte, o oferecimento desse serviço para a comunidade, ajuda a desconstruir a violência estrutural que existe no Brasil. Por muitas vezes as pessoas não têm acesso ao serviço. Isso é uma violência, não ter acesso. Qual é a consequência disso? Eles se rebelaram e se tornaram violentos. A partir do momento que a gente tem um Convive no Parque das Águas, é um oferecimento de um serviço, dar dignidade, direito constitucional para as pessoas e, dessa maneira, desenvolver socialmente.
Há algum plano para o Estádio nos próximos anos?
Nós já tivemos várias visitas em Juiz de Fora de pessoas interessadas em trazer jogos para cá. No entanto, não conseguimos. Os empresários e presidente de clubes não confirmaram. Vieram visitar, elogiaram a estrutura. O Estádio Municipal continua com o mesmo conceito de ser uma arena de uso misto, com jogos de futebol do Tupi e do Tupynambás, especificamente, que vão disputar a “Terceirinha”. Vamos continuar com os shows ali dentro, já uma arena de uso misto. Existe uma empresa contratada hoje para a conservação e manutenção do gramado. É um estádio aberto para as pessoas que quiserem correr ali no anel inferior, no anel superior. A prefeita Margarida Salomão (PT) sempre trabalha em melhorar os equipamentos e dar dignidade para todas as pessoas. Ela tem uma preocupação muito forte com a cidade. E nós vamos continuar trabalhando dessa maneira, e lógico, sempre na medida do possível, melhorar as condições.
O Estádio só receberá um jogo oficial a partir do segundo semestre. O que a Prefeitura pretende fazer para que o local não fique sem futebol nesse período?
Existem equipes de Juiz de Fora que disputam a competição da Federação Mineira de base. Isso é uma sinalização positiva, pois a cidade está estimulando a formação de jovens futebolistas. Então, é uma boa ocupação no estádio. E estamos abertos, sempre articulando, a possibilidade de trazermos mais eventos para a cidade. A gente entende que é um lazer importante que movimenta o turismo esportivo na cidade. E, além de ter os shows atendendo o nosso conceito, que é de utilização de uso misto. E estamos também em contato com a Liga de Futebol de Juiz de Fora para a criação de um evento para a cidade neste primeiro semestre.
Procede a informação de que a Prefeitura irá promover um campeonato entre os times da cidade durante esse período sem jogos?
Procede. Nós estamos em tratativas com a Liga de Futebol de Juiz de Fora e os clubes da cidade para realizar uma competição nesse primeiro semestre. Estamos em tratativas.
Uma das principais reclamações é sobre o estado do gramado. O que a Prefeitura pretende fazer para melhorar?
Me permita discordar, o gramado foi entregue após os eventos sem qualquer tipo de dano. Isso não é uma verdade, pois existe uma proteção, que é colocada, como é colocada em todo o Brasil, e isso não aconteceu. Nos últimos anos, tem uma empresa que trata do gramado, e a cada ano, ele melhora um pouco.
No estadual, os times cariocas mandaram seus jogos em todo o Brasil. Houve procura por Juiz de Fora?
Sim, tivemos visitas de clubes cariocas, de empresários, e de presidentes de clubes do Rio de Janeiro, interessados em jogar. No entanto, os jogos não foram confirmados.
Você pode falar quais clubes que procuraram?
Não. Eles vieram aqui, foram lá no estádio, mas vieram. Inclusive, há três semanas atrás.

Como a Prefeitura pretende utilizar os espaços esportivos que estão em obras em JF, como o campo do Cerâmica e o espaço do Bairro Amazônia?
O objetivo, sempre, é a infraestrutura, que é importante para o desenvolvimento da cultura esportiva na cidade. Quando você tem uma praça no Parque Amazônia, você cria um convívio melhor, e para a qualidade dos campos de várzea, você está estimulando esse desenvolvimento e dando dignidade para as pessoas. E esses espaços, um modelo que a Prefeitura utiliza através da prefeita, é ter a parceria com a comunidade. A comunidade que está em torno desse equipamento, para ela participar ativamente da gestão desses espaços. E nós não vamos abandonar. Então, esses espaços terão como parceria lideranças comunitárias que vão contribuir na gestão do espaço.
Em que estágio estão as obras dos campos de várzea?
Ainda não começou. O que a gente fez foi o patrolamento, deixar os campos mais planos. Isso que foi feito. Mas ainda a instalação da toda a estrutura do Cerâmica que está em processo licitatório. A quarta empresa foi contactada, porque as três primeiras não atenderam as exigências burocráticas. E agora estamos na quarta empresa que está trabalhando para atender a burocracia.
E com relação aos outros campos, já há previsão para abertura de licitação?
Ainda não. A próxima vai ser a do campo do Lacet.
Existe a pretensão de realizar outras obras, além dos campos de várzea e o espaço do Bairro Amazônia?
Sempre. A gente trabalha na captação de recursos. A prefeita constantemente fala que temos que aumentar essa infraestrutura e ficar atento aos editais, atento às lideranças e trazer investimento para cá. E isso a gente tem feito.
Já existem locais que vocês mapeiam que possam receber esses espaços?
A cidade toda. Esses equipamentos, para serem instalados, existem a necessidade de titularidade do terreno. É preciso ficar atento e encontrar a titularidade do terreno para que sejam instalados esses equipamentos. E isso já foi comprovado quanto ela (prefeita) já fez e vai fazer. A cidade está em um processo de transformação muito grande.
Como você avalia o impacto do Ginásio Municipal para o esporte local?
Não tenho dúvida que é um marco histórico para o desenvolvimento da cultura esportiva e do esporte. É um espaço muito democrático pois atende a todas as manifestações esportivas. Incluiu todo tipo de gente que teve participação ali. Nós temos projetos de iniciação esportiva dentro do ginásio. A qualidade que se deu para o intercolegial é magnífica, aumentou demais o nível do intercolegial. As copas. Competições de nível estadual, nacional. A gente atende lutas. Já tivemos competições de exigência competitiva muito altas. De karatê, de jiu-jitsu, de judô, de taekwondo, na semana das artes marciais. Os eventos da semana paralímpica, junto com a Caixa. O JF Vôlei, que é o esporte de excelência da cidade. A competição de basquete. Tivemos, no ano passado, o Campeonato Brasileiro das seleções masculinas e femininas no ginásio. Tivemos show dentro do ginásio. Enfim, é um marco histórico, um espaço democrático, em que todas as modalidades podem utilizar aquele espaço.
Existe a pretensão de renovar a parceria com o JF Vôlei?
Eu não posso responder essa pergunta porque não sou presidente da Cesama. Mas, lógico, existe interesse da SEL de que essa parceria se mantenha em função do sucesso que é esse projeto, e é um exemplo para ser copiado de um modelo de gestão para a cidade.
Existe a possibilidade de um patrocínio para Tupi e Tupynambás?
Existe uma lei no município que autoriza o Executivo a destinar recursos para os times de futebol profissional. Para isso, eles têm de atender algumas exigências. Então é permitido. Está autorizado isso. Esse valor varia em função da exigência competitiva, a depender da divisão em que o clube se encontra. E essa lei está à disposição de quem quiser ter acesso a ela. O Tupynambás sempre submete o pedido. E lógico, o apoio da Prefeitura, de forma principal, é a disponibilidade de jogar no Estádio Municipal de maneira gratuita.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva