Caminhoneiros fazem ato isolado em Além Paraíba; JF não registra protestos

Categoria se mostrou insatisfeita com decisão do STF de multar os transportadores que não seguirem a tabela de fretes


Por Fabíola Costa

10/12/2018 às 19h14

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que proibiu a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de multar os transportadores que não seguirem a tabela de fretes, provocou protestos pontuais de caminhoneiros. Em Minas, houve registro de manifestação no município de Além Paraíba, cidade distante cerca de 123 quilômetros de Juiz de Fora, na divisa com o Rio de Janeiro. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a paralisação, que não provocou interrupção no tráfego, começou por volta das 3h, contou com a participação de cerca de 14 manifestantes e ficou concentrada em dois postos de combustíveis da região, nos quilômetros 804 e 809 da via. A mobilização foi encerrada pouco antes das 10h.

Ao longo de todo o dia, a PRF manteve o posicionamento de que o trânsito estava normal nas rodovias fiscalizadas no estado. Procurado pela Tribuna, um dos caminhoneiros que participou da última mobilização descartou a realização de atos em Juiz de Fora. Ele comentou que os caminhoneiros insatisfeitos com a decisão do ministro Fux estariam obstruindo pistas em alguns pontos, mas destacou que era um movimento isolado, sem aval da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). “Creio que a tendência, com o passar do dia, é que o movimento se esvazie. Aqui, na nossa região, com certeza, não haverá paralisação.”

Durante a madrugada, um grupo de caminhoneiros ocupou a rotatória da Avenida Augusto Barata, que dá acesso ao Porto de Santos. Cerca de 20 motoristas começaram a parar nos acessos aos terminais portuários, e os caminhoneiros que chegavam com cargas eram abordados e convidados a aderir à manifestação, deixando de acessar os terminais de descarga. Conforme a Agência Estado, o movimento começou por volta das 3h30 e encerrou pouco depois das 7h. A PRF informou que duas pessoas foram presas na via Dutra, por agredir caminhoneiros que se recusaram a parar.

Na Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de Barra Mansa, também houve protesto da categoria. Segundo a Agência Estado, os motoristas não deixavam passar caminhões e carretas, mas liberaram o tráfego para veículos leves e ônibus, o que provocou congestionamento entre os quilômetros 279 e 275. A mobilização, no entanto, acabou ainda durante a manhã, garantindo a retomada da fluidez do trânsito.

O delegado do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) do Rio de Janeiro, Nelson de Carvalho Júnior, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que agentes da PRF haviam usado taser (arma de choque) em um manifestante e impedido o registro das cenas em vídeo. Além disso, os agentes teriam bloqueado a pista. Ainda segundo a Agência Estado, a PRF informou que não tem relato do uso de taser na Dutra na manhã desta segunda-feira. O órgão disse desconhecer que agentes tenham impedido gravações no local e negou que eles tenham bloqueado a Dutra. A PRF informou, ainda, que duas pessoas foram presas na Dutra por agredir caminhoneiros que se recusaram a parar.

A decisão de Fux, proferida na semana passada, tem caráter liminar e vale até o plenário do Supremo julgar a validade do tabelamento. O ministro proibiu as multas ao analisar um pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e considerar que as penalidades geram “grave impacto na economia”. Três ações no STF questionam a tabela.

 

Tópicos: greve

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