Prisca Agustoni, professora da UFJF, vence Prêmio Oceanos

Autora, que nasceu na Suíça e vive no Brasil há mais de 20 anos, levou troféu pelo premiado ‘O gosto amargo dos metais’


Por Elisabetta Mazocoli

08/12/2023 às 09h00

Prisca Agustoni PRemio Oceanos Reproducao Youtube Itau Cultural
Escritora suíça, radicada no Brasil há mais de 20 anos, recebeu o prêmio pela obra ‘O gosto amargo dos metais’ (Foto: Reprodução Yoututbe Itaú Cultural)

A escritora Prisca Agustoni, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), venceu o Prêmio Oceanos na categoria poesia pelo livro “O gosto amargo dos metais”. Esse é considerado um dos maiores prêmios em Língua Portuguesa e, anteriormente, a autora também já havia ganhado o Prêmio Cidade Belo Horizonte e um prêmio suíço de literatura, com a versão “Verso la ruggine”. A autora, que nasceu na Suíça e vive no Brasil há mais de 20 anos, recebeu uma quantia de R$ 150 mil.

Os vencedores foram anunciados nesta quinta-feira (7), durante uma cerimônia no Itaú Cultural. Prisca concorreu com outros 1.466 inscritos, sendo que, entre os finalistas, estavam dois outros autores de Juiz de Fora, Edmilson de Almeida Pereira, com “A vida não funciona como um relógio” e Iacyr Anderson Freitas, com “Os campos calcinados”. Esse é o primeiro ano em que há divisão entre a categoria de poesia e prosa, sendo que, nesta segunda, o escritor cabo-verdiano Joaquim Arena ganhou por “Siríaco e Mister Charles”.

A obra vencedora nasce a partir dos impactos dos crimes ambientais ocorridos em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, em que uma avalanche de lama de rejeito de mineração acabou com centenas de vidas. Prisca escreve, então, a partir desse impacto que o ocorrido teve em uma região que já escolheu viver há anos, e que foi fortemente impactada a partir desses eventos.

A obra, antes mesmo das premiações, já era considerada pela autora como um ponto de virada em sua escrita. Em entrevista feita pela Tribuna em 2022, quando ela havia recebido o primeiro prêmio pela obra, a autora afirmou que o livro se tratava de “quase ato de denúncia poética”. Ela começou a escrever primeiro em italiano, já que recebeu em 2014 uma bolsa de criação literária do Governo suíço com longa duração, que foi aplicada no projeto dois anos depois.

“É um movimento que me levou à palavra poética. É uma tentativa de cavar, desde dentro dessa multidão de resíduos, de restos, de cadáveres inclusive da natureza, de tirar esse monte de lama e ver o que podemos encontrar ali, ainda de humano, e que possa comover.” , afirmou, em outra entrevista concedida já em 2023.

Desde 2020, a professora já lançou quatro livros inéditos no Brasil. ‘O mundo mutilado’ (2020), ‘O gosto amargo dos metais’ (2022), ‘Entre o que brilha e o que arde’ (2022) e ‘Pólvora’ (2022).

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