Candidatos encaram quatro horas e meia de prova
Em busca do acesso ao tão sonhado ensino superior, mais de 7,7 milhões de pessoas iniciaram neste sábado (24) a maratona de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quem realizou a prova na UFJF pôde se deslocar com tranquilidade até o campus, já que, apesar de intenso, o trânsito não apresentou retenções. Alguns, mais atrasados, tiveram que colocar velocidade máxima nos pés para chegar até as salas antes das 13h, horário em que as portas foram fechadas. Antes de entrar, celulares e equipamentos eletrônicos precisaram ser guardados em sacolas fornecidas pelos fiscais. Neste ano, o detector de metais foi usado na entrada de todos os banheiros. Neste primeiro dia, os estudantes tiveram quatro horas e meia para responder as questões de Ciências humanas e suas tecnologias e Ciências da natureza e suas tecnologias. No domingo (25), a prova será ainda mais pesada, com duração de cinco horas e meia, já que, além de responder às perguntas de Linguagens, códigos e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias, os candidatos terão que escrever a redação.
Aguardando o início do exame na UFJF, havia pessoas de várias idades e com objetivos distintos. As amigas Isabel Nunes e Victória Karoline, ambas de 16 anos, foram fazer o exame como treineiras. Alunas do Colégio Militar, elas querem conhecer como a prova funciona e testar seus conhecimentos antes de disputarem para valer uma vaga no ensino superior. Foi isso o que também fez Patrícia Machado, 18 anos. Ela tentou o Enem como treineira em 2013. No ano passado, passou mal e não conseguiu concluir a prova. Este ano, ela está mais confiante e luta por uma carteira na Faculdade de Odontologia. Ela levou a mãe, Vera Lúcia, para lhe ajudar a encontrar a sala e dar um apoio nos minutos restantes.
O estudante Wallace Lucas Silva, 19 anos, cursa artes e design na UFJF. Ele entrou na faculdade pelo Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism), mas quer fazer arquitetura. Esse é o terceiro ano que tenta o Enem. “A prova é muito cansativa. São 90 questões por dia, o que é muito pesado. Mas já ter feito a prova em anos anteriores irá me ajudar, porque já conheço o esquema.” Ingrid Costa de Souza, 20, não quis fazer o Enem quando formou no ensino médio. “Eu tinha dúvidas se queria enfermagem ou artes e design.” Então, ela fez um curso de técnica em enfermagem para ver se ia gostar. Gostou tanto que até passou para o concurso do Hospital Universitário (HU) da UFJF. Agora, ela busca por realização pessoal. Vai fazer o Enem para tentar uma vaga em artes e design. “Quero conciliar as duas profissões.”
Nunca é tarde
O português Ivo Marques, 62 anos, mora no Brasil há mais de 30 anos. Ele é terapeuta homeopático e quer cursar nutrição. “A nutrição irá acrescentar na homeopatia.” Esse é o segundo ano que ele faz a prova. “Se aprende muito com o Enem. Todas as pessoas deveriam fazer.”
Mãe de dois filhos, Jaqueline Martins já formou o primogênito. Agora, quer ter a oportunidade de fazer também um curso superior. Aos 46 anos, a técnica em enfermagem vai realizar o exame. “Tenho esse desejo há muitos anos. Como na minha época, eu não tive essa oportunidade, resolvi tentar agora. Também é uma forma de dar um bom exemplo para o meu filho de 14 anos.” Ela ainda não sabe para qual curso irá se inscrever, mas disse que quer sair da área da saúde.