Instituto Maria completa 80 anos de história
Organização auxilia, atualmente, cerca de 65 crianças em situação de vulnerabilidade social
Muitos anos de muita história e auxílio aos mais necessitados. Esta terça-feira (19) ficou marcada pelo 80º aniversário do Instituto Maria. Localizado na Rua São Mateus, número 1.001, no bairro homônimo em Juiz de Fora, a organização sem fins lucrativos, particular e espírita presta apoio, no momento, a cerca de 65 crianças, e tem como público-alvo as que estão em vulnerabilidade social, na faixa etária entre sete meses e seis anos incompletos.
A comemoração foi realizada na sede do instituto no dia do aniversário. O evento contou com a participação de representantes de empresas que marcaram a história da organização, apoiadores e, claro, das crianças que participam das atividades da instituição, que tem, dentre suas diversas condecorações, o Mérito Comendador Henrique Halfeld e o reconhecimento do Conselho Municipal de Assistência Social de Juiz de Fora pelos serviços assistenciais prestados na cidade.
A presidente Vânia Derby Dutra, de 90 anos, é filha do fundador. Segundo ela, seu pai, Orvile Derby Dutra, fundou várias instituições em Juiz de Fora – dentre elas, o Instituto Maria. “Ficamos muito felizes pelo que fazemos. No início, era um internato para meninas e meninos. Depois, uma lei nacional acabou com essas instituições. Então, 30 anos depois de existir dessa forma, meu pai o transformou em uma creche – como segue até hoje.”
Vânia explica que, dessa forma, as crianças não perdem o vínculo com a família. “Elas chegam às 7h30 e saem às 16h, depois de se alimentar, estudar e praticar outras atividades. As crianças daqui ficam muito bem assessoradas e com bases para o futuro. Cada classe tem duas orientadoras, e uma colabora com a outra para as crianças ficarem à vontade. Assim, elas ficam alegres e se sentem tão bem quanto em casa”, afirma.
A organização não governamental, inclusive, já teve convênio com a Prefeitura de Juiz de Fora. Entretanto, conforme a atual presidente, a instituição preferiu seguir como particular, por terem as próprias ideias e buscarem segui-las. Com isso, o convênio foi encerrado.
Instituto Maria marca vidas
No início, enquanto internato, havia cerca de cem crianças atendidas. Vânia conta que a principal dificuldade era alimentar todas. “Apesar disso, sempre tivemos boa vontade e conseguimos”, comemora. Antes da pandemia de Covid-19, o Instituto Maria contava com cerca de 140 crianças – antes de fechar as portas, temporariamente, por exigência do isolamento social. Quando retomou as atividades, foi preciso restringir a assistência por motivos financeiros. Atualmente, são 65 jovens, além das orientadoras (duas em cada uma das seis classes).
“Somos muito ajudados com doações: roupas, dinheiro e alimento, principalmente para os bazares. Também distribuímos para as crianças. Se tiver mais coisas, ainda repassamos para os funcionários, que são iguais a nós. O Instituto Maria é muito bem quisto. Eu, hoje, como presidente e, antigamente, como trabalhadora, garanto que fazemos o melhor. Nosso trabalho já ajudou diversas pessoas, que inclusive vêm ao instituto agradecer posteriormente. Isso é um bem maior, não há dinheiro que pague. As crianças me chamam de vó, e isso me deixa numa felicidade tremenda.”
Uma das inúmeras pessoas que tiveram a vida marcada pela organização é Marta da Conceição Machado, de 73 anos. Em situação de vulnerabilidade social, ela deixava suas três filhas e o filho no instituto e recebia ajuda. “Aqui me acolheu bem, e minha neta, hoje com 23, foi criada aqui. Tenho o maior carinho e gratidão pelo Instituto Maria”, enaltece. “Só tenho a agradecer e desejar um feliz aniversário.”
Arquitetura de Oscar Niemeyer
Além das décadas de auxílio aos necessitados, uma particularidade é que a arquitetura do Instituto Maria foi feita por Oscar Niemeyer. “Quando meu pai fundou a casa, ele viajou de ônibus até o Rio de Janeiro, em um percurso que, à época, durava sete horas. Chegando lá, bateu na porta de Niemeyer e explicou: era de Juiz de Fora, queria criar uma instituição e estava em busca do conhecimento do arquiteto. Ele falou para meu pai voltar em 15 dias. Repetindo a viagem, Niemeyer colocou sua ideia de anos no papel e o deixou extremamente alegre”, conta Vânia, que rememora a trajetória com detalhes e carinho.
Bernardo Marchiori, estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa