Maioria das vítimas fatais na BR-040 não usava cinto de segurança
EPR Via Mineira revela que cinco das nove pessoas mortas na rodovia em janeiro, no trecho entre JF e BH, não utilizavam o equipamento
Apesar de ser obrigatório para todos os ocupantes de veículos há quase três décadas, o uso de cinto de segurança ainda é deixado de lado por muitos motoristas e passageiros, sobretudo por aqueles que viajam no banco de trás, aumentando o risco de lesões graves e de mortes em acidentes. Levantamento realizado pela EPR Via Mineira, concessionária que administra a BR-040 entre Juiz de Fora e Belo Horizonte, revela um dado alarmante: só em janeiro deste ano, cinco das nove vítimas fatais nesse trecho da rodovia não utilizavam o equipamento de proteção, o que representa 55% do total. Para tentar reverter esse quadro e diminuir o número de óbitos na estrada, a EPR e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizam blitze educativas, com distribuição de materiais aos motoristas sobre a importância do uso do cinto de segurança. As próximas intervenções estão previstas para os dias 22, 26, 27 e 28 nas cidades de Juiz de Fora, Congonhas e Itabirito.
“Apesar dos avanços na segurança viária, como a redução de 26% no número de mortes desde o início da concessão, a imprudência no trânsito ainda ameaça vidas”, destaca a EPR. Conforme a concessionária, desde que começou a atuar, em agosto de 2024, até 31 de janeiro, 30% das ocorrências fatais na 040 envolveram pessoas sem cinto de segurança. Em dezembro, por exemplo, dos três óbitos, um aconteceu sem o uso do dispositivo.
“A segurança nas rodovias também depende de atitudes conscientes dos usuários. Dados como esses, em que mais da metade das vítimas fatais não utilizava o cinto de segurança, nos lembram que comportamentos simples podem salvar vidas. Neste início de ano letivo, reforçamos a importância do uso do cinto e de todos os elementos de segurança para motoristas e passageiros de todas as idades”, destaca o diretor-presidente do Núcleo MG Federal do Grupo EPR, Luciano Louzane.
Cinto de segurança reduz em 60% lesões graves ou óbitos
Ainda em relação à importância do uso do cinto de segurança, o policial rodoviário federal Junie Penna, responsável pela comunicação social da Delegacia da PRF de Juiz de Fora, ressalta que existem fartas evidências há décadas de que o dispositivo protege a integridade física das pessoas que ocupam o veículo, estejam elas nos bancos dianteiros, na condição de condutor ou passageiro, ou no banco traseiro. “O uso do cinto, além de ser uma imposição legal, é uma recomendação muito forte para a segurança de todos os ocupantes do veículo.”
Segundo a PRF, a falta do equipamento é considerada infração de natureza grave, punida com multa de R$ 195. “Além disso, o veículo fica retido até que o condutor ou passageiro faça o uso correto do cinto para prosseguir viagem.” Sobre as alegações em relação à falta do uso de cinto de segurança, Junie diz que, curiosamente, muitas pessoas ainda desconhecem a obrigatoriedade nos assentos de trás. “A maioria das infrações flagradas são de pessoas que estão ocupando o banco traseiro.”
Junie enfatiza que o uso do dispositivo por quem viaja atrás também garante a integridade física daqueles que estão na frente. “Muitas vezes, em casos de acidentes em que as pessoas do banco traseiro não utilizam o cinto, elas podem também lesionar, pela inércia, as pessoas do banco dianteiro que eventualmente estejam, inclusive, usando o cinto.” O policial ainda cita um dos últimos estudos realizados a esse respeito pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o qual indicou que o uso do cinto de segurança reduz em 60% a ocorrência de lesões graves ou mesmo de óbitos em ocupantes dos veículos. “Em outro dado, 90% das pessoas que ocupam os bancos dianteiros dos veículos utilizam o cinto de segurança atualmente, enquanto para as que estão no banco traseiro esse índice se reduz pela metade”, lamenta.
Saiba como viajar com segurança
Embora o cinto de segurança não seja capaz de evitar acidentes, mas, sim, torná-los menos graves para as vítimas, a PRF dá dicas de como medidas simples podem ajudar a ter uma viagem tranquila. O planejamento adequado, com paradas a, no máximo, cada três horas, é o começo. “Depois de três horas, os condutores de veículos já começam a ter perdas significativas nos seus reflexos. Portanto, a condução passa a ficar menos segura”, observa Junie Penna. “É importante a revisão do veículo, sobretudo daqueles equipamentos obrigatórios: pneus, palhetas do limpador de para-brisa, faróis e luzes de sinalização do veículo.”
Além disso, deve-se respeitar os limites de velocidade e a sinalização das rodovias. “É muito importante que as pessoas tenham a noção de que a sinalização está ali para orientá-las na prática de um trânsito mais seguro.” Isso vale, principalmente, para as ultrapassagens. “Deve ser realizada sempre pela esquerda, somente em locais onde haja permissão para isso, ou seja, sinalização horizontal ou vertical permitindo. E que as condições também permitam, como em locais de pista simples, como temos diversos no trecho, por exemplo, entre Juiz de Fora e Belo Horizonte. A ultrapassagem não pode ser forçada, não pode ser feita se você não tiver uma visibilidade adequada, então todos esses elementos precisam ser avaliados antes”, reforça o PRF.
O espaço de segurança dos veículos que vão à frente também deve ser considerado. “Essa distância deve ser avaliada de acordo com as condições de visibilidade e também de aderência da pista. Se você estiver trafegando em pista sob chuva ou molhada, é importante que essa distância seja, no mínimo, duplicada. Cuidado com pedestres, sobretudo em áreas de perímetros urbanos”, destaca o policial, lembrando que há vários trechos urbanizados nas BRs 040 e 267.
Já que o assunto é segurança no trânsito, Junie aponta a importância do uso do capacete pelos motociclistas e pelos ocupantes de motocicletas. “Também é um item obrigatório.” Por fim, qualquer condutor deve procurar estar descansado sempre que for começar um deslocamento em rodovia, com plenas condições físicas e mentais.