Em estado de greve, rodoviários rejeitam 6,18% de reajuste e planejam ações
Mais uma rodada de negociação aconteceu na segunda-feira, sem acordo
Os rodoviários de Juiz de Fora estão em estado de greve. No entendimento da categoria, a situação permite que qualquer manifestação, atos de retenção, passeatas ou greve sejam passíveis de serem realizados legalmente. Conforme o Sinttro-JF, dessa vez, haverá o aviso com 48 horas de antecedência sobre o movimento paredista, para não prejudicar a população.
“A gente respeita muito a população, que é uma das principais penalizadas. Então, qualquer atitude que a gente tomar, vamos avisar com antecedência, para não pegar ninguém de surpresa”, disse o vice-presidente do Sinttro-JF, Claudinei Janeiro.
Uma reunião interna do sindicato aconteceu nesta terça-feira, depois da sexta rodada de negociação salarial da última segunda-feira (1º), que terminou sem acordo, após a oferta de 6,18% por parte do patronal, rejeitada pelo sindicato. “Isso nós não aceitamos, porque é retrocesso. A categoria já trabalha sobrecarregada, e queremos avançar, nunca retroceder”, disse Claudinei.
Mesmo com a reunião interna realizada nesta terça, não foram decididos os próximos passos a serem adotados pela categoria. O sindicato reforça que a reivindicação é de ganho real nos salários, algo que não ocorre há dois anos. “O último reajuste não trouxe ganho real. Nosso salário está ficando muito defasado, e a responsabilidade do motorista aumentou. Hoje ele dirige, opera a rampa de cadeirante sozinho e ainda lida com o trânsito e o risco da profissão.”
Segundo o sindicalista, a sobrecarga também tem provocado alta rotatividade no setor, “tem empresa com média de dez desligamentos por dia. Isso não é bom para ninguém: nem para a população, nem para os trabalhadores”.
A próxima rodada de negociação está marcada para a próxima semana, dia 8, às 14h, com mediação do Ministério do Trabalho.
Relembre
Na última quinta-feira (28), os rodoviários rejeitaram a proposta apresentada pelo Consórcio Via JF de reajuste salarial de 5,18%. A categoria reivindica 12,5%. A decisão foi discutida em assembleias realizadas às 9h e às 15h do mesmo dia pelo Sinttro-JF. Na parte da tarde, os trabalhadores realizaram um ato de retenção, com passeata pela Avenida Rio Branco, que diminuiu a oferta e atrasou os horários do transporte público no Centro da cidade, pegando os usuários de surpresa. Muitos tiveram que seguir o trajeto à pé, mesmo pagando pela passagem de ônibus.
No mesmo dia, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que a situação do subsídio ao transporte está regularizada e que os recursos são destinados exclusivamente à manutenção da tarifa e das gratuidades previstas em lei. Em nota, o Consórcio Via JF afirmou que não atribui à Administração municipal responsabilidade nas negociações salariais e que tem atuado de forma autônoma, dentro das mediações conduzidas pelo Ministério do Trabalho.
Primeiro ato
Um primeiro ato foi realizado no dia 24 de julho e resultou na paralisação do transporte público por quase quatro horas. A suspensão começou durante a tarde, após impasse em reunião de negociação salarial entre o Sinttro-JF e o Consórcio Via JF. A proposta, na época, de 2,5% de reajuste apresentada pelo patronal foi considerada insatisfatória. Durante o fim de tarde, passageiros enfrentaram pontos lotados e chegaram a esperar até o início da noite pela retomada do serviço, que só foi normalizado por volta das 19h. Muitos precisaram recorrer a aplicativos de transporte diante da falta de ônibus, cujas tarifas estavam exorbitantes.