Uber lança ferramenta que vai reter ganhos de motorista para pagar locadoras
A Uber anunciou esta semana o lançamento de uma ferramenta que permite que os ganhos do motorista no aplicativo sejam retidos para pagar as locadoras de veículos, numa tentativa de evitar calotes. O anúncio foi feito em fórum da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) pelo responsável por soluções para veículos da Uber na América Latina, Caleb Varner, na capital paulista.
O motorista que aluga carro para trabalhar na Uber terá seu dinheiro retido no aplicativo para que o pagamento à locadora esteja garantido. O repasse às empresas do setor de aluguel será semanal e também vai incluir as multas que o usuário venha a tomar utilizando o carro alugado. “As empresas vão faturar mais, com menos risco e menos estresse”, afirmou Varner.
A solução oferecida pela Uber promete atacar o principal problema das locadoras que alugam para motoristas de aplicativo, a falta de garantias suficientes, na avaliação do presidente da Abla, Paulo Miguel. “O valor já fica amarrado e, conforme o motorista trabalha, o dinheiro é abatido e a própria Uber paga para as locadoras, é uma garantia a mais do recebimento da locação”, disse.
A ferramenta faz parte do novo programa da empresa para locadoras, que também envolve outras duas novidades: uma plataforma que promete conectar locadoras e motoristas, que deverá ser mais útil às empresas de menor porte, que contam com menos estrutura para fazer uma triagem de interessados em alugar carros; e a criação de um canal de comunicação da Uber com as locadoras por meio do WhatsApp.
O programa começou a valer na quarta-feira, mas ainda está em fase beta e, nesse primeiro momento, só será válido para as cidades de São Paulo e Brasília. O anúncio ocorre depois de cinco meses de conversas com as empresas do setor. Não há iniciativa similar em outros países nos quais a Uber atua. O Brasil é o piloto.
Os executivos da Uber deixaram claro no anúncio que acreditam no aluguel como o futuro da utilização de veículos. “Na ponta do lápis, vemos que o aluguel do carro é mais barato do que ter o próprio carro, é muito fácil e dá mais flexibilidade, e é muito clara a nossa intenção de incentivar o aluguel do automóvel”, disse a gerente sênior de veículos da empresa para a América Latina, Isabela Banduk.
Isabela também fez questão de ressaltar que não é interesse da Uber se tornar uma gestora de ativos, pois a empresa é essencialmente um negócio de tecnologia. “Fazer conexões é o mais importante para nós. Não sabemos e não temos interesse em gerir ativos. Os especialistas em gestão de ativos, aqui, são as locadoras. Então, é uma relação de ganha-ganha”, disse.
Quando os aplicativos de transporte começaram a fazer sucesso no Brasil, as locadoras viram a novidade com desconfiança. Havia a percepção de que os consumidores prefeririam os motoristas de aplicativo a procurar o aluguel de um veículo. O que aconteceu, na verdade, é que os motoristas se tornaram um relevante cliente das locadoras.
A Abla não tem uma estimativa de quantos motoristas alugam carros para trabalhar, por uma dificuldade de coletar esses dados com as empresas. A Uber, por sua vez, afirma que, de todos os 600 mil motoristas cadastrados em seu aplicativo, cerca de dois terços não trabalham com carro próprio.