Intenso abril
‘Temos no saldo um mês pleno de encontros, debates e reflexões.’
Chegamos quase ao fim de abril e temos no saldo um mês pleno de encontros, debates e reflexões que, ao visitarem as sombras do passado, se abriram para o desafio de irromper no horizonte de um futuro mais ensolarado. Em todo país, a sociedade civil, por meio dos mais diversos movimentos e instituições, se empenhou para relembrar o nefasto período da ditadura militar, uma noite de 21 anos na história do Brasil. Conferências, mostras de cinema, teatro e fotografia, atos políticos e ações públicas se organizaram para, nos 60 anos do golpe, reafirmar a democracia, homenagear os que foram mortos e perseguidos e defender o valor da memória, verdade, justiça e reparação.
Em Juiz de Fora, tivemos o encerramento da Marcha da Democracia, que fazendo de forma reversa o caminho das tropas que daqui partiram, simbolicamente celebrou a vitória sobre o autoritarismo e a violência política. Os muitos religiosos que foram mortos e perseguidos nesse período também foram recordados em ato realizado no Rio de Janeiro. Na ocasião, fizeram um forte depoimento do ex-preso metodista Anivaldo Padilha e o prof. Ivo Lesbaupin, um dos sete freis dominicanos presos e torturados, em 1969 no DOPS, que falou sobre a posição da Igreja Católica frente ao golpe militar e à ditadura.
O evento teve ainda a participação da Pastora Mônica Francisco, do Bispo Anglicano Eduardo Grillo, além de representantes das causas indígenas e das religiões de matriz africana e do Movimento Negro Evangélico. O intenso mês seguiu com o 12º Encontro Nacional de Fé e Política, realizado em Belo Horizonte, nos dias 5, 6 e 7, que também versou sobre a importância da defesa da democracia.
Com o tema “Espiritualidade Libertadora: Encantar a política com arte, cultura e democracia!”, o evento teve a participação de diversas pessoas unidas pela fé cristã e engajadas em movimentos sociais, partidos políticos e mandatos populares, com o objetivo de alimentar a dimensão ética e espiritual que deve animar a atividade política. A espiritualidade, numa dimensão ecumênica e interreligiosa, foi a base do encontro, que contou com o protagonismo das mulheres, a presença viva das igrejas-irmãs protestantes, das religiões afro e dos povos originários.
De lá, saíram também os compromissos porque a práxis libertadora exige também disciplina e organização. Os passos mais urgentes são o percurso formativo “Encantar a política” e a ação coletiva “Mutirão pela Democracia”, em vista das eleições municipais deste ano. E ainda no mês de abril, ocorreu em Aparecida do Norte, a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, durante 10 dias, se propôs a rezar, refletir e discutir em torno do tema central “A realidade da Igreja no Brasil e a atualização de suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora” e outros assuntos em 27 sessões. Três os temas prioritários: Sínodo dos Bispos 2021-2024; Jubileu 2025; e Juventude.
Ao final, os relados divulgaram quatro mensagens (ao Papa, ao prefeito do Dicastério para os Bispos, ao povo brasileiro e ao povo católico). Em sintonia com os outros eventos desse intenso abril, na “Mensagem ao Povo Brasileiro, os bispos afirmam que “fundamental na vida do Brasil, passados sessenta anos do início da ditadura, a democracia ainda precisa de cuidado. Depois do período de sistemáticos e ostensivos ataques, temos a oportunidade de fortalecê-la nas eleições municipais de 2024, através do voto consciente e livre. (…) Por isso, os cristãos, leigos e leigas, não podem “abdicar da participação na política”