A cultura como meio de pacificação
“Os espaços culturais da cidade precisam estar abertos diariamente para receber jovens que queiram se expressar através de sua arte”
A cultura salva vidas, salva também uma cidade; através de suas várias vertentes ela ocupa a mente dos jovens com elementos ricos por excelência. A cultura desperta nas pessoas o que há de melhor nelas, portanto, uma pessoa entregue a estímulos culturais potentes sim, pode, e vai, se livrar das garras do crime e da violência desmedida que assola a nossa cidade. Investir em cultura, além de trazer conhecimento, despertar habilidades e descobrir talentos, desvia a atenção da pessoa das garras impiedosas da ilusão de poder que o crime passa para o verdadeiro poder transformador que a arte tem.
Descobrir o poder das artes e fazer arte, descobrir que a arte é sim uma profissão digna e que o artista não é um mero vagabundo, sem eira nem beira, como dizem por aí os inimigos da cultura, faz o jovem abrir sua mente e desperta o desejo dele conquistar seu espaço apenas pelo seu talento e não pela força. Mas a arte por si só não faz milagres, ela é o motor de um movimento muito maior, que se bem desenvolvido não só o artista ganha, mas ganham toda a cidade e os cidadãos.
Arte, sim, é trabalho, volto a afirmar, dá dignidade e respeito à pessoa, a arte é necessária e essencial para o ser humano desde quando ainda não era desenvolvida a fala, visto que a pintura rupestre, acredita-se, era a forma de comunicação entre os indivíduos, a arte fala. A poesia, a escultura, a dança e a pintura são algumas das várias manifestações artísticas a serem trabalhadas. Desse trabalho, podem ser descobertos talentos que ganharão o mundo, eles vão inspirar outros jovens e assim por diante, num círculo virtuoso que só tende a crescer e gerar mais frutos.
O poder público, apoiado pela iniciativa privada, tem papel importante nesse processo todo, pois ele está em todos os territórios da cidade, através de escolas, creches, praças e outros equipamentos públicos já existentes e, muitas vezes, negligenciados ou subutilizados de forma a não aproveitar o seu potencial de fazer a diferença na vida das pessoas. É preciso ocupar as praças com movimentos artísticos fortes e constantes, oferecer oficinas de artes, mas com seriedade, e, ao seu final, selecionar alguns trabalhos para serem expostos em locais de grande circulação, não só em datas especiais, mas com regularidade, valorizando o espaço e o trabalho tanto dos aprendizes quanto dos professores.
Transformar a cidade de Juiz de Fora, que deu, e ainda dá, ao Brasil e ao mundo grandes artistas em várias áreas artísticas, em um lugar onde a arte pulsa tanto no Centro quanto nas periferias. Os espaços culturais da cidade precisam estar abertos diariamente para receber jovens que queiram se expressar através de sua arte e não tem onde o fazer, dessa forma os tirando das ruas e afastando das más influências. Uma cidade rica em cultura por todos os cantos, não só em locais privilegiados, certamente será menos violenta, pois a cultura ao invés de desagregar as pessoas tem poder de agregador e gerador de laços especiais e fortes de amizade e respeito, pois um artista torce pelo sucesso do outro e não pela sua derrota.
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.