Pureza de coração
Dessa forma, não é o que entra pela boca ou o comer sem lavar as mãos que torna o homem impuro, mas o que sai de sua boca, já que revela o que procede do coração (…)
Então os escribas e os fariseus, que tinham vindo de Jerusalém, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Por que violam os teus discípulos a tradição dos antigos, uma vez que não lavam as mãos quando fazem suas refeições?” Jesus lhes respondeu: “Por que violais vós outros o mandamento de Deus, para seguir a vossa tradição? Porque Deus pôs este mandamento: Honrai a vosso pai e a vossa mãe (…) Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, quando disse: Este povo me honra de lábios, mas conserva longe de mim o coração; é em vão que me honram ensinando máximas e ordenações humanas.”
Depois, tendo chamado o povo, disse: “Escutai e compreendei bem isto: – Não é o que entra na boca que macula o homem; o que sai da boca do homem é que o macula. – O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; – porquanto do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. – Essas são as coisas que tornam impuro o homem; o comer sem haver lavado as mãos não é o que o torna impuro.”
Os escribas eram doutores especializados no estudo e na aplicação da lei ou Torá, e os fariseus participavam voluntariamente dos cerimoniais religiosos e tinham rituais, como lavar as mãos antes e depois das refeições. Davam o dízimo e exigiam dos israelitas o cumprimento dos mandamentos de Deus, contudo sem praticarem o que pregavam.
Foi nesse sentido que Jesus os alertou sobre honrá-lo de lábios, mas distante do coração, priorizando as práticas exteriores, desde as vestimentas ao comportamento diante da sociedade, entretanto, desprezando a lei divina.
Assim, oportunamente, Jesus destacou que a verdadeira pureza de coração exclui todo egoísmo e todo orgulho. A vida de aparências se contrapõe à essência do espírito, sendo esta última a que de fato importa, tendo em vista a eternidade da alma e a finalidade da reencarnação: propiciar meios para o progresso moral, que deve ser edificado com o esforço diário de vencer as más tendências, que ainda trazemos, sobrepujando o mal e cultivando o bem, que se exteriorizará em palavras, pensamentos e atitudes sadias.
Dessa forma, não é o que entra pela boca ou o comer sem lavar as mãos que torna o homem impuro, mas o que sai de sua boca, já que revela o que procede do coração, porque procede da alma, dos sentimentos. Voltemos nosso olhar para os tempos atuais. Sem julgamentos, mas interessados na reflexão íntima, busquemos pensar em que medida, ainda, vivemos práticas exteriores, distanciados da necessária reforma moral? A que distância conservamos o coração dos ensinamentos do Cristo?
Sejam quais forem as respostas a esses questionamentos, lembremos que cada dia é oportunidade divina para melhorarmos, vivendo a boa nova que o Mestre Jesus nos trouxe, como roteiro de luz para a nossa felicidade; como orienta D. Isabel Salomão de Campos, através das sábias palavras: “Jesus é o Caminho que devemos seguir, é a Verdade que precisamos aceitar, é a Vida que necessitamos viver”.