Levanta a cabeça e vai!
“Mas o importante nisso tudo, o que faz mesmo a diferença, é a consciência de que temos que nos aprimorar diariamente se quisermos ser melhores. É aprender a cair.”
No esporte e na vida deveríamos viver sob essa filosofia: não deu certo, tudo bem, levante a cabeça, se esforce para melhorar e tente outra vez. A vida não acaba porque um projeto não deu certo e você teve que recomeçar, ou seu adversário, no caso de uma disputa esportiva, estava melhor e te venceu. Todos nós temos altos e baixos, afinal, somos humanos.
Um ciclo olímpico é muito puxado, durante três anos os atletas se preparam, participam de vários torneios, treinam exaustivamente, se machucam, erram, acertam, choram e vibram. Depois, lutam pelos índices requeridos para participar dos Jogos Olímpicos, o ápice da carreira de um atleta. Todos querem estar lá, pois só os melhores entre os melhores podem competir nas arenas olímpicas.
A vida, que é contínua e vivemos o tempo todo, tem ciclos também: o escolar básico, o pré-universitário, o universitário, depois vem o trabalho, uma carreira, família, filhos, aposentadoria, netos. Cada um desses momentos é um ciclo que vivemos. Para a maior parte deles, não estamos preparados. Então, como treinar para ser pai, para ser avô ou avó? Isso se aprende fazendo, no dia a dia. A gente vai desenvolvendo as habilidades necessárias na correria da vida.
Caímos muitas vezes em nossa jornada de vida. Eu digo que todo dia temos uma queda, mas a vida não para, e nossos sonhos continuam vivos e precisam se realizar, pelo menos precisamos tentar realizá-los. Amanhã será um novo dia, e eu, serei o mesmo ou já terei mudado? Uma dúvida não só minha. Eu acho que assim como os dias não são iguais uns aos outros, nós também sofremos alguma mudança a cada dia. Evolução que se chama.
Atletas têm, em sua maioria, pessoas que lhes mostram onde precisam melhorar sua técnica, onde estão errando, como fazer melhor. São seus técnicos e toda uma equipe multidisciplinar à sua disposição. Nós, pessoas comuns, não temos técnico à nossa disposição, muito menos equipe multidisciplinar. Contamos com amigos, colegas de trabalho, professores e os livros, que podem nos ajudar a melhorar enquanto pessoas, profissionais e cidadãos. O que não deixa de ser uma equipe multidisciplinar.
Mas o importante nisso tudo, o que faz mesmo a diferença, é a consciência de que temos que nos aprimorar diariamente se quisermos ser melhores. É aprender a cair. Esse aprendizado evita os ferimentos mais sérios em nossa alma, e pouco feridos emocionalmente, levantamos mais rápido. Nesse momento temos o maior aprendizado, que é manter bem firmes os pés no chão para não levar o mesmo tombo outra vez.
Os judocas sabem bem sobre o que estou falando, pois antes de aprenderem a derrubar o adversário, aprendem a cair, se protegendo do golpe adversário, e podem se levantar íntegros para tentar outra vez. Afinal, é em pé que todo golpe começa, mesmo que ele termine em uma imobilização no chão. O resto é não cair de costas e se levantar para a próxima tentiva, um pouco mais sábio e focado.
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