Como minorar a violĂȘncia?
‘Ă preciso que a sociedade assuma seu papel e pressione os polĂticos para que se encontre uma forma de agir para, democraticamente, sem radicalismo, controlar os grupos que geram e dirigem a violĂȘncia paĂs afora (…)’
Temos muitos e graves problemas que foram se acumulando ao longo dos anos, sem que a classe polĂtica, acomodada pela omissĂŁo da população, buscasse soluçÔes. SĂł falamos, e apenas falamos, de nossos problemas no inĂcio de cada governo, normalmente em abordagens pouco sĂ©rias, que se sustentam no populismo e na crĂtica aos antecessores, quando adversĂĄrios.
Mas entre os vĂĄrios problemas que temos, um vai ganhando destaque por afetar diretamente o dia a dia do cidadĂŁo. Pesquisa recente mostra que o brasileiro – 83% da população – acha que o crime organizado vem crescendo livremente no paĂs. A percepção de 79% dos entrevistados Ă© de que a violĂȘncia aumentou no paĂs nos Ășltimos 12 meses, gerando medos e insegurança, que sustentam os discursos radicais como se a solução da violĂȘncia da bandidagem estivesse na violĂȘncia do Estado. NĂŁo estĂĄ, mas nĂŁo vamos começar a resolver este que, para muitos, Ă© o problema mais grave do Brasil, se nĂŁo assumirmos nossas responsabilidades na busca de soluçÔes.
Ă preciso que a sociedade assuma seu papel e pressione os polĂticos para que se encontre uma forma de agir para, democraticamente, sem radicalismo, controlar os grupos que geram e dirigem a violĂȘncia paĂs afora e que veem, a cada eleição, ganhando espaço de poder. Precisamos, com urgĂȘncia, definir uma polĂtica nacional de combate aos grupos de comando da violĂȘncia de todo tipo. Como defendem alguns, sĂŁo grupos nacionais e que sĂł serĂŁo dominados com uma atuação nacional do governo.
Temos, enfim, que definir uma polĂtica de segurança, nĂŁo apenas um plano, como aliĂĄs, vem falando o ministro Lewandowski. Mas, como em outros temas, nĂŁo conseguimos evoluir, definir prioridades. Nossos polĂticos ficam discutindo “sexo de anjo” e nĂŁo enfrentam os temas realmente importantes para a população. Esta, por sua vez, nĂŁo reage, nĂŁo cobra de quem elegeu um comportamento sĂ©rio. E o paĂs vai acumulando problemas. E nĂŁo Ă© de hoje. SĂł que hoje a questĂŁo da segurança atingiu nĂveis insuportĂĄveis. NĂŁo percam o Haiti de vista.
Mas, nĂŁo demora, o tema segurança pĂșblica sobe nos palanques eleitorais. E dele nĂŁo desce tĂŁo cedo, pois, na prĂĄtica, as disputas municipais sĂŁo uma prĂ©via das disputas estaduais e presidencial. Seria atĂ© bom que o tema subisse os palanques se ele fosse tratado com seriedade – o que, sabemos, nĂŁo acontece. Serve apenas para ataques demagĂłgicos a adversĂĄrios e para alimentar candidaturas – em todos os nĂveis – de neo-polĂticos ligados Ă ĂĄrea de segurança, gerando o problema denunciado pelo ministro Gilmar Mendes, de militarização da polĂtica ou de politização das polĂcias, como queiram.
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