Devemos temer a InteligĂȘncia Artificial?
“Obviamente, a Ă©tica e a proteção dos direitos do cidadĂŁo sĂŁo alicerces inquestionĂĄveis, mas a regulação da IA tambĂ©m deve se atentar para deixar espaço para promover a inovação tecnolĂłgica.”
VocĂȘ sabia que 54% dos produtos fabricados pelo setor de segurança eletrĂŽnica brasileiro em 2023 jĂĄ utilizavam InteligĂȘncia Artificial? O resultado da Pesquisa Panorama de Mercado realizada pela Abese surpreende e aponta para um horizonte em que os recursos de IA serĂŁo protagonistas de soluçÔes mais assertivas e autĂŽnomas. Mas, serĂĄ que estamos preparados para lidar com a inteligĂȘncia artificial? A resposta sincera Ă©: ainda nĂŁo, mas estaremos. Ă assim mesmo, o novo sempre exige adequaçÔes.
Atualmente, a ComissĂŁo TemporĂĄria de InteligĂȘncia Artificial (CTIA) do Senado vem debatendo o PL 2338/2023, que busca estabelecer um marco regulatĂłrio especĂfico para o desenvolvimento e uso da inteligĂȘncia artificial no Brasil. O projeto de lei pretende criar diretrizes e normas para promover o uso Ă©tico, seguro e transparente da IA visando a proteção dos direitos fundamentais e a inovação tecnolĂłgica. A iniciativa Ă© importante, mas Ă© preciso ter cuidado por um motivo bastante simples: a inteligĂȘncia artificial e suas aplicaçÔes sĂŁo um projeto em andamento.
Na recente edição da Exposec (Feira Internacional de Tecnologia em Segurança), a maior vitrine tecnolĂłgica do segmento na AmĂ©rica Latina realizada pela Abese, os lançamentos baseados em recursos de IA foram surpreendentes. Um exemplo interessante foi o colete Ă prova de balas que envia um alerta para o centro de comando e controle dos ĂłrgĂŁos pĂșblicos municipais que o possuem, indicando a parte do corpo onde ocorreu o impacto, agilizando o envio de reforços e atendimento mĂ©dico. Contudo, o mais interessante foi a unanimidade entre os participantes de que este Ă© apenas o primeiro passo e que, nos prĂłximos anos, serĂĄ possĂvel fazer muito mais em nome da segurança dos cidadĂŁos.
à por este compromisso com o futuro que a Abese assinou a carta aberta coletiva que pede mais tempo e debates sobre o texto do Projeto de Lei 2.338/2023. Obviamente, a ética e a proteção dos direitos do cidadão são alicerces inquestionåveis, mas a regulação da IA também deve se atentar para deixar espaço para promover a inovação tecnológica. Não podemos permitir que a legislação crie barreiras desnecessårias que possam frear o desenvolvimento de soluçÔes inovadoras que beneficiam a sociedade.
O ecossistema de inovação brasileiro tambĂ©m quer – e precisa – fazer parte da construção do marco regulatĂłrio da inteligĂȘncia artificial. Acreditamos que a colaboração entre o setor pĂșblico e privado Ă© a chave para criar um ambiente regulatĂłrio que favoreça o crescimento sustentĂĄvel e a inovação responsĂĄvel. Todos ganham com a pluralidade no debate, por isso entendemos que a melhor opção Ă© investir na construção transparente e multissetorial do projeto.
O marco regulatĂłrio pode ser uma muralha, mas tambĂ©m pode ser um caminho seguro para um amanhĂŁ mais tecnolĂłgico. NĂŁo devemos temer a inteligĂȘncia artificial, devemos temer a impossibilidade de desenvolvĂȘ-la e de pensar em melhores prĂĄticas, de nĂŁo a firmar como uma ferramenta de proteção de direitos. A Abese estĂĄ empenhada em contribuir para essa construção coletiva.
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