DependĂȘncia dos dados
Os governos, em todas as instùncias, dependem cada vez mais dados levantamentos pelo Censo, a fim de gerenciarem as demandas da população e adoção de projetos que lhes garanta uma resposta eficiente
Os relatĂłrios apresentados pelo IBGE, quando da divulgação dos dados da população brasileira, sĂŁo emblemĂĄticos por conta de seus desdobramentos. Apontam a migração interna, com cidades de grande porte tambĂ©m perdendo população, como foi o caso mais acentuado de Salvador, e ainda a mudança do perfil residencial. HĂĄ uma clara redução no nĂșmero de habitantes por lar, criando, pois, novos cenĂĄrios familiares.
Um dos fatores mais emblemĂĄticos Ă© a saĂda dos jovens em busca de oportunidade de trabalho, mas tambĂ©m Ă© revelador o saldo da pandemia. O nĂșmero de Ăłbitos nos Ășltimos dois anos foi acima da mĂ©dia e o de nascimento aquĂ©m das expectativas. Some-se a estes fatores a questĂŁo econĂŽmica. A população em situação de rua cresceu acentuadamente.
Na Ășltima segunda-feira, durante reuniĂŁo na CĂąmara Municipal, a Prefeitura revelou aos vereadores que Juiz de Fora tem cerca de 850 pessoas nessa condição, o que implica, necessariamente, em adoção de projetos emergenciais para o enfrentamento das circunstĂąncias. Em pauta estava a instalação de um albergue provisĂłrio na Rua Fonseca Hermes, no Centro, para garantir abrigo a esses personagens na fase mais aguda do inverno.
O Censo Ă© fundamental para outras açÔes e quando nĂŁo hĂĄ dados hĂĄ comprometimento de projetos. As campanhas de vacinação, por exemplo, carecem de dados para distribuição de antĂdotos. Com um atraso de dois anos, esse mapeamento acabou comprometido.
A redução do nĂșmero de habitantes Ă© um fenĂŽmeno global, com raras exceçÔes, como a Ăndia, que passou a ser o paĂs mais povoado do planeta. Nos demais, o cenĂĄrio Ă© totalmente inverso, sobretudo pela mudança de perfil da população. Os jovens estĂŁo voltados para outras demandas e a formação de famĂlia Ă© uma opção que tem ficado para cada vez mais tarde.
A população tambĂ©m Ă© base para açÔes econĂŽmicas. Com mais de 5.500 municĂpios, a UniĂŁo efetua repasses com base no nĂșmero de habitantes. Ante a desidratação populacional, diversas cidades tĂȘm sido penalizadas. O mais emblemĂĄtico Ă© o Fundo de Participação dos MunicĂpios, principal fonte de recursos da maioria das prefeituras. HĂĄ regiĂ”es em que a cobrança de tributos Ă© menor do que o FPM, daĂ a preocupação de prefeitos com os dados apurados.
Fica claro que o Censo nĂŁo pode ficar em segundo plano nas decisĂ”es do Governo. Em tempos de decisĂ”es em tempo real, quando hĂĄ mapeamentos a adoção de polĂticas Ă© mais eficiente, sobretudo por nĂŁo haver mais margem para projetos com base em meras presunçÔes.