Vacinar é preciso
A Covid ainda é um dado real entre a população e complementar a imunização é fundamental para reverter a preocupante abstenção
A tragédia da pandemia, que matou de milhões de pessoas pelo mundo afora, deveria ser um dado relevante na avaliação coletiva sobre a importância da vacinação. Não fosse o trabalho em tempo recorde dos pesquisadores, que em pouco mais de um ano chegaram a antídoto capaz de deter a proliferação, o cenário seria devastador. A Covid ainda não acabou, mas um expressivo número de pessoas age como se ela fosse algo do passo, definida apenas pela história. E esse é um problema.
Foram sugeridas doses para a vacinação primária e outras paa reforço, como a bivalente, capaz de enfrentar uma das variantes do vírus. No entanto, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Superintendência Regional de Saúde, a adesão é baixíssima em todas as faixas etárias.
Na edição desta sexta-feira, a Tribuna mostra que apenas 11,75% dos juiz-foranos tomaram a dose bivalente. Como destaca a repórter Leticya Bernadete, esse cenário se dá num período em que se registra a confirmação do primeiro caso da sub variante EG-5 da Covid 19 no Brasi. Em princípio, as doses aplicadas fazem a sua contenção, mas nem todos, como mostra a reportagem, aderiram às doses extras.
A baixa adesão é quase um paradoxo num país considerado campeão de vacinação. O Zé Gotinha, personagem utilizado para mobilizar as massas, obteve grandes resultados, pois havia uma conscientização coletiva em torno da imunização. Foi graças a esse processo que doenças graves foram consideradas extintas, como a paralisia infantil e tuberculose. Com a queda nos índices, algumas delas estão voltando.
O embate ideológico que dividiu países como Estados Unidos e Brasil, para ficar apenas nestes dois exemplos, teve forte influência nos números por politizar a vacinação. Sair dessa trilha é o desafio a ser enfrentado, por tratar-se, na verdade, de uma demanda de saúde pública. A Covid não é uma doença social; coloca em risco todos os estratos, sobretudo aqueles que se recusam a complementar as doses.
E quando se atua nesse campo, é fundamental não apenas campanhas de esclarecimento, mas também de discussões que envolvam a população. É um desafio coletivo a ser enfrentado em todas as instâncias.
E não como justificar a queda dos índices de imunização pela falta de doses ou acesso precário aos locais de vacinação. Os postos de saúde estão aptos e funcionam em tempo suficiente para acolher toda a demanda. No caso de Juiz de Fora, as Unidades Básicas de Saúde estão habilitadas para esse serviço.
Mas a imunização não deve ser apenas contra a Covid. Os idosos, principalmente, devem se convencer da importância de se prevenir contra a gripe e a pneumonia. Mesmo com o inverno já na sua fase final, é necessário manter a imunização em dia. A redução no número de casos gera reflexos não apenas na saúde individual, mas também nos sistema de Saúde, com a redução de demanda de pacientes, o que lhes permite, sobretudo, implementar outras prioridades na política de atendimento à população.