Parque privatizado
Passar Itibitipoca para a iniciativa privada pode ser um avanço, já que o Estado não tem meios de fazer uma gestão capaz de atender às demandas dos usuários
O Governo de Minas inicia nesta quinta-feira o processo de privatização do Parque de Ibitipoca, com a entrega dos envelopes com as propostas de concessão, que devem ser conhecidas já no dia 21 deste mês. Essa operação substitui iniciativa anterior que acabou sendo alvo de inquérito conduzido pelo Ministério Público. Feitas as correções, o processo é retomado na B3, em São Paulo.
O próprio edital elucida uma discussão que já está sendo feita em várias instâncias envolvendo a passagem do Parque para a iniciativa privada. Pelas regras, vencerá o processo a proposta economicamente mais vantajosa, considerado o maior valor a ser pago ao Estado. A concessão será pelo prazo de 30 anos, contados da data de efetivação do contrato.
A transferência para a iniciativa privada, a despeito das justificadas resistências, tornou-se um imperativo, já que o Estado não tem meios de gerenciar um espaço de tamanha relevância. O governador Romeu Zema tem como projeto tirar do estado ações que não fazem parte de sua atividade fim. Tem sido seu propósito também outros ativos que hoje oneram as contas governamentais, com execução precária ante a falta de recursos e até mesmo da própria gestão.
A Tribuna, em matéria publicada no último domingo, apontou uma série de problemas que comprometem não só a segurança dos turistas e funcionários, mas também a implementação de serviços que precisam ser adotados, como melhor sinalização para facilitar o trânsito dos visitantes.
Situado na região de Lima Duarte, o Parque, a despeito de sua importância e pela beleza, ainda carece de ações que o
Governo não se dispôs a adotar, como um posto de saúde para eventuais ocorrências. Recentemente, um guia, após ter sofrido um mal súbito, foi atendido pelos próprios turistas e, lamentavelmente, veio a óbito. Como foi destacado por um dos médicos que prestaram socorro, se tivesse um local de atendimento devidamente equipado, o desfecho poderia ter sido outro.
O futuro concessionário precisa ficar atento a estas e às muitas outras demandas, até mesmo para ampliar o número de visitantes. Há críticas a essa questão, pois o Plano de Manejo é de 2007. Este, pois, também precisará ser revisto.
Os muitos pontos de visitação carecem de atenção, sobretudo pela própria característica do terreno. Quem visita precisa ter a devida segurança para aproveitar as opções que lhe são oferecidas sem qualquer risco.
Ibitipoca é um ativo de grande relevância e, diante das dificuldades do Estado, passar sua gestão para a iniciativa privada deve ser vista com bons olhos, desde que a futura administração leve em conta, principalmente, as questões ambientais e estabeleça contatos permanentes com a comunidade que conhece todos os detalhes do Parque.