Estrada de integração
Investimentos na BR-267 devem garantir a segurança dos usuários, mas também facilitar o escoamento, sem riscos, da produção da região
Uma nova licitação para contratação de empresa responsável pela recuperação e pela conservação do trecho da BR-267 entre Juiz de Fora e Leopoldina é sempre bem-vinda por se tratar de uma via que carece de atenção já há algum tempo. A Tribuna tem acompanhado o drama dos usuários, permanentemente em risco nos muitos trechos comprometidos, ora por buracos na pista, ora por sinalização precária, além de pontos sem acostamento.
O contrato implica várias ações, mas ainda falta esclarecer a extensão do trabalho a ser executado. O Dnit revelou que a conservação rodoviária é considerada o conjunto de operações destinadas a preservar as características técnicas e operacionais da rodovia, de acordo com sua concepção original. Haverá, pois, muito trabalho, por conta da necessidade de mantê-la permanentemente em boas condições.
Com quase dois mil quilômetros, a BR-267, ligando a BR-116, em Leopoldina, à cidade de Porto Murtinho (MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai, tem um papel estratégico no escoamento da produção. No entorno de Juiz de Fora faz a ligação direta entre a cidade e o Sul de Minas, antes possível somente pelo Rio de Janeiro ou por São João del-Rei.
A ligação entre Juiz de Fora e Leopoldina carece de investimentos há muito tempo, já que o Dnit, reconhecidamente, tem situações mais críticas, especialmente no Nordeste do país. No entanto não há espaço para discutir prioridade quando se trata de uma via estratégica para a Zona da Mata.
Em situação normal, a privatização seria a medida mais adequada, mas empresas fazem contas, e o fluxo de veículos não pagaria o custo. Há, no entanto, alternativas viáveis ante a inapetência financeira do Governo federal. Em vez de privatizar totalmente a rodovia, uma saída seria a adoção de parcerias público-privadas, nas quais o setor privado assume parte dos investimentos e da gestão da estrada em troca de receitas geradas pela cobrança de pedágios.
A União também pode oferecer incentivos fiscais e subsídios para empresas interessadas em investir na melhoria da infraestrutura rodoviária em regiões menos lucrativas, como é o caso da BR-267.
Ao fim e ao cabo, se nenhuma das opções for viável, cabe à instância política entrar em campo e, em parceria com as lideranças dos municípios dependentes da rodovia, levar seus pleitos ao Ministério dos Transportes, como fez o deputado Luiz Fernando Faria. Uma abordagem mais ampla e integrada para o desenvolvimento regional pode ajudar a direcionar investimentos não apenas nas estradas, mas também em outras áreas que contribuem para o crescimento econômico e social das regiões afetadas.
Juiz de Fora pode dar grande contribuição nesse processo, sobretudo por também ser parte interessada. A margem esquerda da Avenida Brasil é parte integrante da BR-267, no trecho urbano, o que faz dela uma das regiões que carecem de investimentos, como, aliás, tem sido discutido em Brasília pela prefeita Margarida Salomão, que já teria recebido os primeiros sinais do Dnit. O colunista César Romero, da Tribuna, revelou, na edição desta terça-feira, que esta será uma das pautas avaliadas em Brasília.