Risco com as chuvas
O verão está apenas no primeiro mês, e as chuvas já causam danos em diversas partes do país; no Hemisfério Norte, a queda das temperaturas é um aviso da natureza
As fortes chuvas que atingem o Brasil e outros países do Hemisfério Sul, contrapondo-se às fortes nevascas no Hemisfério Norte, não são surpresa quando se colocam em pauta as ações e as inações humanas em torno do meio ambiente. Os institutos que tratam do clima já fazem tal advertência há anos, sem que haja uma resposta adequada dos governantes. A despeito dos muitos fóruns, como o mais recente deles na Escócia, as medidas de proteção continuam tímidas diante do problema.
Como o verão ainda não chegou ao seu primeiro mês, é necessário estar alerta para o que ainda vem pela frente, sobretudo em razão do despreparo de uma considerável parcela dos municípios brasileiros ante instabilidades do tempo. No início de 2022, a cidade de Petrópolis viveu uma nova tragédia em razão dos alagamentos e dos deslizes de encostas, sem que isso fosse suficiente para convencer as autoridades à tomada de decisões que garantissem a segurança da população.
Inundações e deslizamentos podem ser motivados pela natureza, mas ocorrem, na maioria das vezes, quando não há políticas de prevenção. E estas não se esgotam em alertas, passando também, e necessariamente, por medidas que envolvam infraestrutura e o viés social. As primeiras, para garantir, por exemplo, a perenização dos rios e de seus afluentes; a segunda, pela ocupação desordenada em áreas de risco.
No caso de Juiz de Fora, não é de hoje que o Bairro Santa Luzia e boa parte da Zona Norte enfrentam problemas de alagamentos, mas só agora o problema está sendo enfrentado com obras de drenagem que demandam tempo. Desde a correção do Rio Paraibuna, ainda nos anos 1940, diversos bairros que estão abaixo do nível vivem o drama anual de serem afetados pelo refluxo das águas. O Bairro Industrial é o mais emblemático.
É fato que obras desse porte demandam recursos de grande monta, que só são possíveis com o envolvimento do Estado e da União, mas não há justificativas para uma situação que dura décadas. O problema, ao curso de todos esses anos, só se amplia, já que nessas regiões também cresceu o adensamento.
O descontrole climático é um dado real que não pode ficar apenas no discurso. No Hemisfério Norte, com menos de um mês de inverno, ocorreram as mais críticas quedas de temperatura, o que já seria suficiente para convencer os estados nacionais a tomar decisões mais objetivas. A ciência conhece as causas, mas a solução depende diretamente da política.