Candidatos à PJF avaliam como melhorar desempenho e oferecer ensino mais inclusivo em Juiz de Fora
“Voto e Cidadania” da semana aborda desafios da educação no município; confira posicionamento dos candidatos
Juiz de Fora enfrenta inúmeros desafios no âmbito da educação. Dentre eles, a dificuldade em alcançar o padrão esperado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): no último relatório divulgado, a cidade ficou abaixo da média nacional em todas as etapas de ensino.
No último domingo, a Tribuna publicou uma matéria apresentando alguns dos desafios antigos do setor, como a dificuldade em reter alunos em sala de aula, a desigualdade entre o ensino público e o particular e, ainda, a desvalorização dos professores. A avaliação é que, com a pandemia de Covid-19, parte desses desafios se intensificaram e ainda surgiram alguns novos, que colocam a área da educação em alerta.
Nesta terça-feira (27), os seis candidatos à Prefeitura utilizam o espaço da série “Voto e Cidadania” para apresentarem suas propostas a respeito do assunto.
A partir da publicação, uma pergunta foi elaborada e demandada a todos os candidatos nesta segunda-feira (26), às 8h, com prazo estipulado de retorno até às 15h do mesmo dia. As respostas deveriam ter, no máximo, 2 mil caracteres. Não houve qualquer edição da Tribuna no material enviado, a não ser pelo corte do texto na sentença anterior, quando o limite de toques estabelecido em reunião com a presença de todos os assessores não foi cumprido.
A ordem em que os candidatos aparecem na imagem, bem como a de suas respostas nesta matéria, foi definida em sorteio com a presença das assessorias de todos os pleiteantes à PJF.
Com base nos pontos levantados, a questão demandada aos candidatos foi:
Que ações voltadas para educação em seu Plano de Governo poderão contribuir para que Juiz de Fora possa, ao mesmo tempo, ter um desempenho melhor no Ideb e promover um ensino mais inclusivo?
Charlles Evangelista (PL)
As propostas de Charlles Evangelista para a educação em Juiz de Fora visam tanto melhorar o desempenho no Ideb quanto promover um ensino mais inclusivo e acessível. Primeiramente, a implementação do modelo de escolas cívico-militares em algumas unidades é uma estratégia que busca aliar disciplina e qualidade no ensino, contribuindo para um ambiente educacional mais organizado e eficaz, o que pode refletir em melhores resultados acadêmicos.
Além disso, a oferta de cursos técnicos no contraturno é uma medida que visa preparar os alunos para o mercado de trabalho, ampliando suas oportunidades profissionais e incentivando a permanência na escola. Essa iniciativa pode aumentar o engajamento dos estudantes e melhorar o desempenho escolar.
A valorização dos professores e servidores é outra proposta central, reconhecendo a importância desses profissionais na construção de uma educação de qualidade. Através de incentivos e formação continuada, espera-se aumentar a motivação e a eficácia do corpo docente.
Melhorar a infraestrutura das escolas e creches é essencial para criar um ambiente de aprendizagem mais seguro e confortável. A construção de oito novas creches municipais e o aumento do número de vagas em áreas centrais são ações que visam facilitar o acesso à educação infantil, especialmente para pais e mães que trabalham em regiões de grande movimento comercial e empresarial. Essas creches estarão estrategicamente localizadas próximas aos centros de trabalho, permitindo que os pais deixem e busquem seus filhos com mais comodidade e segurança, otimizando o tempo de deslocamento e contribuindo para a conciliação entre a vida profissional e familiar.
Essas medidas, ao serem implementadas de forma integrada, têm o potencial de elevar o padrão educacional de Juiz de Fora, promovendo uma educação mais inclusiva e de qualidade, refletindo em um melhor desempenho no Ideb.
Isauro Calais (Republicanos)
A educação em Juiz de Fora apresenta uma situação preocupante, com muitos alunos concluindo o ensino fundamental sem saber ler ou escrever, consequência de problemas como a baixa remuneração dos professores e suas jornadas extenuantes. Além disso, em muitas salas de aula, os educadores enfrentam a difícil tarefa de atender alunos neurodivergentes sem o suporte necessário. A inclusão é fundamental, por isso é necessário investimento em mais profissionais, incluindo assistente social e psicóloga, bem como investir em programas e incentivos para qualificação dos docentes, e promover a capacitação continuada dos educadores.
Além de adequar a infraestrutura e as salas de aula, como tecnologia educacional, através de jogos interativos online.
A pandemia de Covid-19 acentuou as desigualdades educacionais, aprofundando a lacuna no aprendizado, especialmente entre os mais vulneráveis. Agora, é crucial recuperar o tempo perdido com foco na qualidade da educação, incluindo reforço escolar para os alunos com baixo desempenho. A implementação de escolas de tempo integral, com estrutura adequada e atividades extracurriculares atrativas, é vista como uma solução para manter os alunos engajados e reduzir a evasão escolar. Além disso, a proximidade das escolas com as residências dos alunos é importante para facilitar o acesso e garantir a segurança, tranquilizando os pais.
Outro problema a ser enfrentado é a dificuldade das mães em conseguir vagas na pré-escola, e a segurança alimentar deve ser uma prioridade, com refeições saudáveis nas escolas. Para melhorar o Ideb de Juiz de Fora, é necessário valorizar os profissionais da educação, incluindo cantineiras e pessoal de serviços gerais, por meio de concursos públicos e melhores salários. Reuniões frequentes com os pais também são fundamentais para fortalecer a relação entre escola e família.
Victória Mello (PSTU)
A educação é um dos setores mais atacados em momentos de crise econômica, em todo o país. É preciso um maior investimento em infraestrutura das escolas, maior valorização do profissional da educação. Algumas de nossas propostas são destinação de 30% do orçamento para educação, ampliação das escolas de tempo integral, e a implantação da lei 10.639 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura afro-brasileira nas escolas.
Margarida Salomão (PT)
Para obter resultados de qualidade na educação, é preciso fazer investimento de longo prazo. Por isso, nosso plano de governo prevê a continuidade de ações que já viemos desenvolvendo ao longo dos últimos 4 anos, e que deverão ter impactos profundos na educação do município, um legado que fica para esta geração de estudantes e para as próximas, afetando positivamente toda a população.
Nós aqui estamos priorizando a educação infantil, para que as crianças possam se estar alfabetizadas na idade certa. Para isso, zeramos a fila das creches em toda a cidade. Neste processo, garantimos boa alimentação e café da manhã para 20 mil crianças todos os dias, inclusive nas férias, porque criança quer não tem uma alimentação adequada não consegue estudar. E isso também afeta diretamente a vida das mães que cuidam dessas crianças, que podem trabalhar, estudar ou se dedicar a qualquer outra atividade sabendo que a criança estará alimentada e estudando. É uma forma também de diminuir a sobrecarga das mulheres, que são a maioria das chefes de família no Brasil.
Ao mesmo tempo, estamos trabalhando com a ampliação da educação em tempo integral, que é também um requisito para a melhoria do desempenho das crianças. E fazer tudo isso sempre em parceria com os educadores e educadoras do município, a quem valorizamos e a quem reconhecemos, inclusive reajustando o valor do salário de acordo com o piso. Por fim, daremos continuidade e ampliação às ações do PL da Inclusão, proposto em nosso mandato e que prevê profissional de apoio para estudantes com deficiência na Rede Municipal de Ensino, capacitando educadores para a função e buscando assegurar um sistema educacional ainda mais inclusivo.
Ione Barbosa (Avante)
A crise na educação pública municipal em Juiz de Fora é alarmante e evidenciada pelos resultados recentes do Ideb. Isso exige uma resposta imediata. De fato, a pandemia deixou um rastro de prejuízos, privando a maioria das crianças de um acesso consistente à educação. Lamentavelmente, esse tempo perdido ainda não foi recuperado. É necessário implementar um programa de correção de rumo, que permita a essas crianças, muitas agora adolescentes, recuperarem o atraso acumulado, o que não foi abordado nos últimos quatro anos.
Outro ponto crítico é a infraestrutura escolar. Durante meu mandato como deputada federal, fui procurada por diretoras e diretores em busca de recursos de emendas parlamentares para reformas essenciais nas escolas, áreas onde a Prefeitura tem falhado. Nossa proposta é estabelecer um programa de reforma permanente, com uma equipe trabalhando ininterruptamente para melhorar a infraestrutura das escolas.
A situação dos educadores contratados temporariamente também exige atenção. Embora haja uma carreira estabelecida para os profissionais efetivos, os temporários, que também desempenham um papel fundamental na educação municipal, carecem de condições adequadas. Precisamos rever esses contratos, melhorar as condições de trabalho e assegurar que todos sejam devidamente valorizados.
Por fim, precisamos restabelecer a verdade sobre as creches. A fila por uma creche acessível e com boa infraestrutura segue na ordem do dia. A ampliação da oferta de vagas com base apenas no aumento de crianças nos espaços físicos pré-existentes, sem ampliação da estrutura e a contratação de novos profissionais, tem provocado resultados perversos. Garantir que nossas crianças tenham um ambiente de aprendizado adequado e seguro se tornou uma urgência ainda maior.
Júlio Delgado (MDB)
É preciso levar em consideração os efeitos danosos da pandemia do Covid-19 em várias áreas da vida social. A educação foi uma das mais atingidas, tanto para os docentes quanto para os discentes. Mas a pandemia não pode ser usada para justificar os níveis altíssimos e inaceitáveis de absenteísmo e de evasão escolar. Não podemos cruzar os braços e ficar lamentando o tempo perdido. É preciso que o governo municipal olhe para os números do Ideb publicados nesta reportagem e arregace as mangas para colocar nossas crianças e adolescentes em um patamar de conhecimento próximo do ideal. É preciso vontade política e recursos para buscar de volta os alunos que desistiram da escola pela necessidade de trabalhar para ajudar na renda familiar.
O meu Plano de Governo destaca à educação como base da formação do cidadão, ao garantir, por exemplo, que 100% das escolas do ensino infantil ofereçam atividades extracurriculares, permitindo um lugar seguro para elas e tranquilidade para os pais trabalharem. Precisamos também tratar com dignidade e respeito, tanto os professores como todos os servidores, oferecendo cursos para qualificar melhor esses importantes profissionais.
O projeto JF Reforça seus Estudos vai oferecer aulas de matemática e português de forma online nas próprias escolas e para todas as séries. Além disso vamos ampliar o número de creches para garantir que, até os seis anos, todas as crianças estejam alfabetizadas. Hoje, com o número de creches que temos, ainda faltam vagas. Além disso, uma merenda saudável e de qualidade é fundamental para um aproveitamento escolar melhor.
A formação do cidadão começa cedo, em casa e na escola. Acredito que o bom prefeito é aquele que olha para ao presente e enxerga o futuro, olha para uma criança e enxerga o cidadão, capaz de contribuir para uma sociedade justa e inclusiva. Quero ser esse prefeito para Juiz de Fora. Colocar a educação no caminho certo, esse é o meu Plano.
*estagiário sob supervisão da editora Fabíola Costa.