Audiência pública discute permanência de quartéis em Juiz de Fora
Exército solicita redimensionamento de perímetro de tombamento da atual sede do 4º Depósito de Suprimentos, e PJF diz se organizar para buscar soluções
A permanência do 17° Batalhão Logístico Leve de Montanha e do 4° Depósito de Suprimentos do Exército (DSup) em Juiz de Fora foi tema de discussão em audiência pública realizada, extraordinariamente, na tarde desta segunda-feira (23) na Câmara Municipal. Proposta pelos vereadores João Wagner Antoniol (PSC), Sargento Mello Casal (PTB), José Márcio (Garotinho, PV) e Vagner de Oliveira (PSB), a reunião foi pautada principalmente pela questão envolvendo os perímetros patrimoniais do prédio que atualmente abriga o 4º DSup, o edifício da antiga Alfândega Ferroviária (atual Alfândega Seca), tombado em 2001 pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
Conforme o Coronel do 4º Depósito, Luiz Eduardo Soares Thiago, o comando do quartel deseja que o batalhão permaneça em Juiz de Fora, no entanto, em um local maior e “mais moderno”, capaz de atender as atuais demandas do Exército. Segundo Thiago, o local faz hoje o depósito de toda a 4ª Região Militar, e suas atuais dependências já estariam saturadas – o que segundo ele, teria sido um dos empecilhos para que Juiz de Fora não estivesse apta a ser a nova sede da Escola de Formação de Sargentos (ESA).
Dessa forma, para continuar na cidade, o 4º Depósito de Suprimentos teria de passar por reorganização, necessitando de um novo complexo logístico, a ser localizado na Zona Norte da cidade, em um terreno já sob jurisdição do Exército, localizado ao lado do Colégio Militar. “(Para isso) faríamos uma manobra patrimonial. (A ideia é) fazer uma licitação para que a atual sede passe para a iniciativa privada, e o recurso vai ser automaticamente aplicado para a composição do novo complexo logístico”, explicou. “Entretanto, para que isso possa ser efetuado, é necessário que parte de um perímetro localizado dentro da sede atual passe por uma retificação no tombamento.”
O vereador João Wagner também ressaltou a necessidade de rever o processo. “No processo de tombamento da atual sede, foi tombada uma parte que não é histórica. Para esse quartel sair dali é preciso que haja uma retificação desse limite”, defendeu João Wagner, um dos proponentes da audiência.
PJF defende permanência das unidades e diz buscar soluções
Também presente na audiência, a diretora geral da Funalfa e do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac), Giane Elisa Sales de Almeida, afirmou que a PJF tem total interesse na permanência das unidades do Exército no município e que vem trabalhando para uma solução. “A gente vem conversando em algumas tratativas com representantes do Exército no sentindo de chegarmos a uma solução que atenda tanto a preservação do patrimônio histórico quanto ao desejo de desenvolvimentos da cidade de Juiz de Fora. O desejo do Comppac é que a gente faça essa discussão sem perder a possibilidade de contribuir e de seguir com a nossa missão de preservação do patrimônio”.
Conforme Giane, o conselho recebeu ofício do Exército solicitando o redimensionamento do perímetro de tombamento do 4º Depósito de Suprimentos e, desde então, vem tratando sobre a questão, inclusive com visita técnica realizada na sede do quartel, na semana passada. Segundo a diretora do Comppac, o tema será abordado novamente em reunião ordinária do conselho em setembro.
Em sua fala, a secretária de Planejamento Urbano da PJF e conselheira do Comppac, Fabíola Ramos, também defendeu uma solução de mão dupla, inclusive com a possibilidade de revitalização para a região onde se localiza o atual 4º Depósito, próximo à Praça Antônio Carlos. “A gente vislumbra, sob a ótica do planejamento urbano, esse momento como a possibilidade de revitalização daquele local, além do atendimento dessa necessidade que o Exército traz. Nós temos ali uma região que foi bastante degradada pela construção do Viaduto Itamar Franco, temos a questão de insegurança na Rua Ângelo Falci. Então, um remodelamento da ocupação cria também a possibilidade de revitalização desse local.”
Quartéis podem ser transferidos para o Sul de Minas
Caso não permaneçam em Juiz de Fora, o Exército já avalia a possibilidade de transferência de ambos os quartéis para o município de Pouso Alegre, no Sul de Minas. No último dia 12, o comando da 4ª Região Militar esteve no 14º Grupo de Artilharia de Campanha (14ºGAC), no Sul do estado, para inspeção das áreas patrimoniais da unidade militar. O intuito, de acordo com a 4ª Região Militar, é prosseguir no estudo de viabilidade da implementação do Complexo Logístico de Pouso Alegre (CLPA).
A estimativa do Exército em uma eventual transferência das unidades de Juiz de Fora é que cerca de mil militares sejam transferidos. A perda de empregos diretos, recursos e mão de obra para a cidade foram tópicos bastante frisados pelos parlamentares propositores e também pela instituição militar.