Governador diz que decisão de lockdown fica por conta dos municípios
Prefeitura de Juiz de Fora descarta adoção da medida por iniciativa própria
A chance de municípios mineiros decretarem lockdown é de 90%, afirmou o governador Romeu Zema (Novo), na tarde desta quarta-feira (24), durante live transmitida nas redes sociais do próprio governador. Ele ressaltou, no entanto, que a decisão cabe aos prefeitos. “Temos que deixar muito claro que essa questão de fechar ou não determinada cidade cabe a cada prefeito. Como governador, eu disse que temos uma chance de 90% de alguma cidade, em algum momento, realmente ter que fechar. Isso pode ser durante uma, duas semanas, mas o estado todo ficar fechado, pessoalmente, acho pouco provável, porque Minas Gerais é um estado muito grande e possui situações muito diferentes”, ressaltou. O governador lembrou que já existem municípios que estão fechados, como Uberlândia, Patos de Minas e Araxá. “A chance disso vir a acontecer nos outros municípios é grande, e ninguém sabe quando. Vai depender muito de como está se comportando a curva da epidemia”, disse Zema.
Ao ser questionada pela Tribuna sobre a possibilidade de lockdown admitida por Zema, a Prefeitura de Juiz de Fora afirmou, também na tarde desta quarta, que não há possibilidade de haver bloqueio total em Juiz de Fora, tampouco houve, até o momento, sinalização do Governo estadual quanto à Macrorregião Sudeste, liderada pelo município. “Na reunião do Comitê de Enfrentamento e Prevenção ao Coronavírus (Covid-19) desta terça-feira, ficou acordado que a Prefeitura de Juiz de Fora vai intensificar a fiscalização nas ruas com a ajuda da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Nesta quarta, houve uma reunião do secretariado para proposições de ações para endurecimento da fiscalização, que serão levadas ao Comitê, nesta quinta, em reunião extraordinária. É bom ressaltar que os integrantes do colegiado também poderão propor ações e sugerir alternativas”, diz nota da PJF enviada à Tribuna.
Protocolos prontos
Em entrevista via transmissão on-line também nesta quarta, o secretário adjunto de saúde, Marcelo Cabral, pontuou que a possibilidade de bloqueio total, chamada de lockdown, é levada em consideração desde o início da pandemia em Minas Gerais. De acordo com Cabral, o Governo estadual já tem preparados protocolos para um eventual lockdown, mas que passam por ajustes normativos e logísticos. Apesar de admitir a possibilidade, o secretário adjunto reforçou que o Estado está em constante diálogo com as macrorregiões mineiras, por meio de prefeitos e secretários municipais de saúde, a fim de acompanhar e orientar sobre as regiões em que há aumento da taxa de transmissão e redução do isolamento para que medidas corretas sejam adotadas, e o bloqueio total não seja necessário. “O lockdown só se cogitaria em uma situação muito grave, para providenciar o fechamento em caso de descontrole. Temos optado por diálogos com gestores municiais e planos macrorregionais. Apesar de termos protocolos já preparados e pensados, dependendo apenas de ajustes para sua implementação, por ora, não cogitamos (implementá-lo)”, afirmou.
PM vai fiscalizar aglomerações e uso de máscara
Ainda durante a live em suas redes sociais, o governador Romeu Zema falou sobre o importante papel que a Polícia Militar mineira irá desempenhar a fim de barrar o avanço do coronavírus no estado. O governador já tinha anunciado, mais cedo, na sua conta no Twitter, que a PM passaria a fiscalizar o uso obrigatório de máscaras em todo o estado. Na publicação, ele ainda ressaltou que determinou que fosse feita a orientação, por parte da PM, em casos de aglomeração nos 853 municípios mineiros.
Na transmissão, ele detalhou as medidas: “A partir de agora, a PM vai se aproximar das pessoas e orientar aquelas que não estiverem cumprindo a determinação que ajuda a salvar vidas”, ressaltou, acrescentado que a medida já vale a partir desta quinta-feira (25), tornando o uso obrigatório. Ainda segundo Zema, os militares também poderão abordar o cidadão nas situações em que o distanciando entre as pessoas não estiver sendo obedecido. “A polícia não vai prender ninguém, como também não vai multar, mas vai orientar, e quem estiver sem máscara terá que providenciar uma. Quem estiver fazendo abuso da proximidade social terá que corrigir a sua situação.”
Denúncias
O cidadão mineiro que quiser colaborar também poderá fazer denúncias. “A pessoa que observar uma aglomeração excessiva, como aquele churrasquinho, pode ligar para o 190. Nós estamos, neste momento, dando um tratamento diferenciado para evitar essas aglomerações. A ação de cada um vai fazer diferença no resultado final no combate ao coronavírus”, pontuou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Sousa Rodrigues.
O militar acrescentou que um protocolo foi desenvolvido para que o policial possa lidar com essa situação, sendo que as questões de fiscalização e de multas serão aplicadas conforme o código de postura e cada município.
Zema pede paciência à população
Durante a transmissão, o governador de Minas enfatizou que o povo mineiro tem se comportado bem, fazendo um belo trabalho no que diz respeito ao enfrentamento da Covid-19. “Minas Gerais tem um taxa de mortalidade por cem mil habitantes oito vezes menor do que a do Brasil. Esse sucesso nosso acabou, de certa maneira, sendo interpretado por muitos como se o jogo já estivesse acabado e fosse hora de comemorar, mas não é. Nós devemos estar ainda nos 20 minutos do primeiro tempo, e tem muito jogo pela frente”, afirmou, acrescentando que essa situação irá demandar muita paciência da população.
“O estado está fazendo sua parte e vai continuar fazendo, mas se o mineiro não fizer sua parte não adianta. Nós colocamos lixeiras em todos os lugares, para dar um exemplo, mas se a pessoas não colocarem o lixo nelas, esse trabalho foi em vão”, disse o governador. Segundo ele, o estado está mais estruturado e já ultrapassou a marca de mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) implantados em Minas, e com possibilidade de aumentar. “Mas se as pessoas continuarem a fazer churrasco, se aglomerando e não respeitando as regras, o esforço do estado será em vão”, pontuou.