Oficina de krav maga é ofertada para mulheres em Juiz de Fora
Podem participar mulheres a partir de 14 anos interessadas em aprender técnicas de resposta às agressões
Conforme o Estudo Global sobre Homicídios de 2023, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil atingiu o ápice do ranking mundial de homicídios. Nesse contexto, as mulheres representam 54% das mortes em contextos domésticos e 66% das vítimas de homicídios perpetrados por parceiros íntimos. E, segundo o Atlas da Violência 2023, houve um aumento de 4,72% na taxa de homicídios femininos em lares brasileiros entre 2011 e 2021. Para tentar mudar essa realidade com o auxílio do esporte, a Federação Sul Americana de Krav Maga oferece às mulheres maiores de 14 anos treinamentos especiais dessa modalidade de defesa pessoal durante o mês de março no Brasil, na Argentina, no Canadá, no México e em Portugal. Em Juiz de Fora, a iniciativa acontece na Academia CEKS (Rua Morais e Castro, 381, Altos dos Passos), no domingo (10), às 9h. As interessadas devem entrar em contato através do número (21) 99127-5599.
Já o Centro Universitário Estácio Juiz de Fora oferecerá um seminário gratuito de defesa pessoal para o público feminino. O evento está agendado para este sábado, às 9h, nas instalações da faculdade, situada na Avenida Presidente João Goulart 600, Bairro Cruzeiro do Sul. A inscrição pode ser feita clicando neste link.
No treinamento na Academia CEKS, além de conhecerem sobre a filosofia do krav maga, as mulheres irão vivenciar simulações de situações reais, como roubo de bolsa, puxão de cabelo, enforcamento, tentativa de estupro e outras, como explica a maior autoridade da modalidade na América Latina, o Grão Mestre Kobi Lichtenstein. “Nossa intenção é mostrar que, quando a mulher adquire autoconfiança, ela fica mais atenta aos sinais, se sente mais preparada para evitar a violência e deixa de ser um alvo fácil”.
O objetivo, portanto, é fazer as mulheres aprenderem técnicas simples, rápidas e objetivas, que dão a condição de responder a qualquer tipo de agressão, independentemente se o agressor é maior ou mais forte, ou mesmo se estiver armado. O treinamento adequado de krav maga trabalha tanto a parte física quanto a parte mental/emocional do praticante, simulando situações próximas à realidade, para que ele tenha total controle de suas emoções e reações e saiba como agir na proporção do ataque ou da ameaça sofridos.
Conhecimento que gera autoconfiança
Na visão do instrutor da Federação Sul Americana de Krav Maga, Dan Dellias, responsável pelo seminário em Juiz de Fora, a modalidade traz autoestima e autoconfiança para as mulheres. “Trazemos elementos para que elas consigam se sobrepor à força física. O krav maga iguala a diferença entre força, sexo, idade, tamanho e grau de atividade física porque traz o conhecimento para se defender de qualquer tipo de ameaça”.
Em sua trajetória na modalidade, Dan já orientou mulheres que passaram por cenas de violência. “Umas nos contam, outras não, porque se sentem constrangidas, apesar de, hoje em dia, as mulheres estarem conseguindo falar muito mais sobre o assunto”, diz.
Uma de suas alunas, de cerca de 30 anos, fez um relato que emocionou o instrutor. “Ela é uma mulher muito pequena e se sentia acuada por sair da rua. No terceiro mês de krav maga, chegou para mim super feliz no treino e falou que pela primeira vez não sentiu medo. Como ela era muito pequena, qualquer homem que parava ao seu lado, a deixava com receio. Mas, agora, não. Ela conta que olha para dentro do olho da pessoa e já pensa nos pontos sensíveis que pode atacar. Trouxe para ela uma força monstruosa, se sente imponente e pronta para a situação caso fosse necessário”.
Krav Maga é segurança
Danielle Barbosa, de 24 anos, moradora do Centro da cidade, nunca havia praticado nenhuma luta antes de entrar no krav maga, em 2019. Ela decidiu iniciar para aprender a se defender. “Infelizmente, até hoje, as mulheres são os principais alvos de violência, tanto doméstica quanto no meio urbano. Estamos suscetíveis a violência a todo momento. É muito importante saber se defender e poder evitar situações de perigo ou ameaça, e o krav maga estimula isso”, afirma a advogada.
Com cinco anos de prática na modalidade, Danielle conta que se sente muito mais segura. “Antes de entrar para o krav maga, eu tinha medo e insegurança em passar por certos lugares. Hoje, ando nas ruas muito mais atenta e confiante em saber que se algo acontecer, vou saber como agir. Aconselho todas as mulheres a praticarem”.