Perspectivas 2025: JF tem futebol em reconstrução, esperança no vôlei e novo ciclo olímpico para atletas
PJF fala em “requalificar” o Estádio Municipal e projeta andamento de obras de campos de várzea
O ano de 2025 inicia com objetivos diferentes no esporte local. O futebol profissional, que viveu mais um ano de frustrações em 2024, terá mais uma chance de iniciar uma retomada e voltar ao protagonismo. No vôlei, o bom início do JF Vôlei na Superliga B dá o tom de otimismo com o futuro na divisão de acesso no vôlei nacional. Nas modalidades individuais, atletas da cidade iniciam um novo ciclo olímpico com esperança de grandes feitos. Já no âmbito do Poder Público, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) ainda busca a melhor forma de utilizar o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio e projeta trazer competições esportivas para o território juiz-forano.
Nos últimos dias de 2024, a Tribuna ouviu de dirigentes e atletas quais são os objetivos de cada um deles para o ano que agora se inicia. A prefeita Margarida Salomão (PT) também falou à reportagem sobre os obstáculos e as oportunidades de fomento ao esporte local.
Clubes buscam ‘renascer’
Rebaixado para a “Terceirinha” estadual pela primeira vez em sua história em 2024, o Tupi enxerga a transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como única medida possível para a continuidade do clube. Porém, antes disso, os dirigentes querem tocar a recuperação judicial em curso. É o que diz o vice-presidente, Bruno Teutschbein, à reportagem.
“Do jeito que tudo estava sendo feito, seria impossível continuar. Não dá para dar prosseguimento no departamento de futebol sem recurso. Estamos dentro daquele prazo inicial de 60 dias para planejar a recuperação judicial. Nesse percurso, a SAF será criada. Sabemos que não é uma varinha de condão, mas uma virada de chave. O objetivo é reconstruir tudo, com categoria de base e um novo centro de treinamento”, acredita Bruno.
Conforme diz o vice-presidente, com a SAF instalada, a meta é montar um time para subir com tranquilidade para o Módulo II do Campeonato Mineiro. “As cláusulas do contrato da Magnitude (empresa interessada em comprar a SAF) que não nos interessavam já foram revistas e retiradas. Colocamos apenas uma multa unilateral em caso de desistência de um dos lados”, explica. Dessa forma, o 2025 do Tupi é incerto. Da mesma forma que a recuperação judicial pode ser aprovada e a SAF criada – dando uma esperança do clube voltar ao que já foi um dia -, há chances dos procedimentos darem errado e o clube se afundar ainda mais – com possibilidade até de acabar.
Já o rival do Galo Carijó, o Tupynambás, chegou muito perto do acesso ao Módulo II do Campeonato Mineiro em 2024, mas acabou eliminado na semifinal. Com isso, no ano que se inicia, o clube irá disputar mais uma vez a Segunda Divisão. A Tribuna tentou contato com o presidente Cláudio Dias para falar sobre as metas do próximo ano, mas não obteve retorno. Em entrevistas anteriores, ele afirmou que pretendia concluir o novo Centro de Treinamento (CT) do clube até esta data, comprado a partir da venda da sede social, que ficava localizada no Bairro Poço Rico.
JF Vôlei busca acesso e olha para outras modalidades
O JF Vôlei termina o ano de 2024 em alta. A equipe, ainda em 2023, retornou à Superliga B e, na competição que foi realizada no primeiro semestre do ano, alcançou as quartas de final. No Campeonato Mineiro, o time juiz-forano chegou, pela segunda edição consecutiva, às semifinais. Por fim, na edição 2024/25 da Segunda Divisão nacional, o início foi positivo, com 100% de aproveitamento nas três partidas iniciais e a segunda posição da competição.
Além do bom desempenho do time dentro de quadra, o ano de 2024 foi marcante para o JF Vôlei também por conta do lançamento do projeto JF Esportes, que engloba o JF Futsal e o JF Basquete, além da equipe de vôlei. O planejamento da diretoria é começar com o fortalecimento das categorias de base, embora a meta final seja, entre oito a dez anos, ter uma equipe para disputar a Liga Nacional de Futsal (LNF) e o Novo Basquete Brasil (NBB), além de, claro, a Superliga.
Para 2025, a perspectiva da diretoria segue semelhante à de 2024. O diretor do JF Vôlei, Heglison Toledo, prega cautela na gestão das frentes que envolvem a marca do projeto. “Vamos dar continuidade aos projetos que a gente tem desenvolvido nesse último ano, mas ao mesmo tempo a gente vai tentar consolidar tanto a parte das escolinhas, dos projetos incentivados, e buscar um pouquinho mais de ampliação do projeto do JF Futsal. Essa é a nossa perspectiva, ampliar a nossa capacidade de base, tanto no masculino, quanto no feminino, e dar continuidade ao projeto do JF profissional, vamos dizer assim, da equipe principal”, afirma.
Em abril deste ano, o JF Vôlei divulgou a prestação de contas da temporada 2023/24, que demonstrou déficit de R$ 243.191,34. À época, Heglison explicou que a estratégia para sanear a dívida seria diluir durante toda a temporada seguinte, o que, segundo o dirigente, está sendo cumprido. Para amortizar o prejuízo, o plano é aumentar a captação de patrocínios. “Vai depender muito dos resultados esportivos, e, ao mesmo tempo, desenvolver os projetos que a gente já tem do ponto de vista de escolinhas”, explica.
Atualmente, a dívida segue estabilizada. Para as próximas temporadas, Heglison acredita que ela não impactará o time profissional, porém, ele ressalta que é necessário, no mínimo, manter o atual fluxo de recursos obtidos por meio de patrocinadores. “Se a gente não conseguir ampliar a capacidade de captação de patrocínio, é possível que a gente tenha bastante dificuldade na construção da equipe para o ano que vem. Mas se a gente pelo menos estabelecer o nível de patrocínio que a gente tem esse ano, a gente consegue manter o patamar da equipe que a gente tem”, revela Toledo.
Thiagus Petrus tem Mundial no horizonte
O ano de 2024 terminou para armador Thiagus Petrus, do time de handebol do Barcelona, semelhante aos anteriores: levantando taças. Pela equipe catalã, o atleta foi campeão espanhol, da Liga dos Campeões, da Copa do Rei da Espanha e a Copa Ibérica. Além disso, Petrus foi eleito, novamente, o melhor defensor da Liga Espanhola. O sucesso foi para além do bom desempenho nas quadras: o jogador foi reeleito como membro da comissão de atletas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Apesar de terminar o ano de maneira positiva, o ano de Thiagus também teve uma grande decepção: a eliminação da seleção brasileira no Pré-Olímpico, o que tirou a equipe dos Jogos Olímpicos de Paris.
Em 2025, Thiagus terá um grande desafio logo nos primeiros dias do ano. Será realizado, entre os dias 14 de janeiro e 2 de fevereiro, na Croácia, Dinamarca e Noruega, o Mundial de Handebol Masculino. O Brasil está no Grupo E, juntamente com Portugal, Estados Unidos e os anfitriões noruegueses. “Espero que a gente faça um bom Mundial. Nosso grupo é bem difícil, tanto na primeira fase, como no restante da competição”, afirma Thiagus.
Pelo Barcelona, o juiz-forano espera repetir os títulos conquistados na última temporada e, principalmente, manter a forma física. “(As lesões) são o que mais atrapalha. Nesse ano eu tive poucas, nada que me afastasse muito tempo das quadras. Espero estar bem de saúde, que é o mais importante”, projeta.
Sucesso em Paris, Gabrielzinho inicia ciclo paralímpico
Com as três medalhas de ouro conquistadas nas Paralimpíadas de Paris, o ano de Gabrielzinho e Fábio Antunes, seu treinador, foi o melhor possível. “Conquistamos marcas muito fortes e isso gerou recordes e medalhas. Foi especial, acredito que conquistamos tudo que podíamos no ciclo. Ficamos muito felizes com o carinho do povo brasileiro e francês”, fala o técnico.
Em 2025, eles começam um novo ciclo olímpico – e também participarão de campeonatos estaduais e nacionais. O objetivo é já se preparar de olho nas Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. “Mostraremos, cada vez mais, que o esporte paralímpico e as pessoas com deficiência também podem conquistar e ocupar um papel de destaque”, projeta Fábio.
Bia Ferreira totalmente dedicada ao boxe profissional
Um ano de conquistas e despedidas é o que resume o 2024 de Bia Ferreira. A boxeadora baiana radicada em Juiz de Fora deixou o boxe amador após a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris, em que ficou com a medalha de bronze. Além disso, a pugilista se tornou campeã mundial da International Boxing Federation (IBF) em abril e defendeu o cinturão em dezembro, contra a francesa Licia Bourdesa.
“O ano de 2024 foi muito especial para mim. Desde o início, decidi aproveitar cada momento, pois sabia que muitos deles eram a última vez que eu iria viver naquele ciclo, momentos que eu viveria apenas neste ano. Já havia traçado novos desafios e objetivos para o futuro, o que tornava 2024 o encerramento de um ciclo maravilhoso na minha trajetória no boxe olímpico”, avalia.
Para 2025, Bia ainda não possui lutas marcadas, mas espera subir no ringue para seguir defendendo o seu cinturão e sua invencibilidade no boxe profissional. “Será um ano repleto de novidades e desafios inéditos, e estou pronta para enfrentá-los. Tenho certeza de que será um período de crescimento, tanto para mim quanto para o esporte que amo. A expectativa é grande. Este será também um ano de inícios, de tirar alguns projetos que estão no papel, estão em mente, é o momento de dar o primeiro passo. Estou confiante de que será um ano maravilhoso”, projeta a boxeadora.
Prefeita cita “requalificação” do Estádio Municipal
Em entrevista à Tribuna, a prefeita Margarida Salomão (PT) comentou sobre as principais metas para o esporte de Juiz de Fora em 2024. “Primeiro, vamos continuar fazendo aquilo que já vem sendo feito, como os intercolegiais. Nós aumentamos o número de competições e a participação de atletas de uma forma espetacular. Inclusive, retomamos o JF Vôlei. Agora estamos empenhados em fazer algo semelhante com o basquete, que é uma tradição da cidade”.
Sobre o futebol profissional, a mandatária diz que o Poder Público não tem como intervir na situação dos clubes. Por outro lado, em relação ao Estádio Municipal, Margarida concorda que ele deve ser mais utilizado. “Tenho conversado com o pessoal do setor de eventos sobre isso. O estádio é muito bonito, mas foi construído em outra época. Hoje, o conceito é de arena, que é tão boa para o esporte quanto para shows e outros eventos. No entanto, é complicado realizar shows no estádio, já que áreas como praça de alimentação ficam distantes, pois a estrutura não foi pensada para esse tipo de uso. Uma ideia é requalificar fisicamente o estádio para transformá-lo em uma grande arena de entretenimento, capaz de atender tanto ao esporte quanto a shows. Juiz de Fora tem potencial para isso, sendo um grande centro regional”, declara.
Questionada sobre a possibilidade de trazer jogos de times do Rio de Janeiro para o Estádio Municipal, a prefeita acredita ser difícil, apesar de demonstrar interesse. “Há uma profissionalização no empresariado esportivo que dificulta trazer jogos para a cidade. Esses eventos se tornam parte de um circuito econômico, e é necessário romper essa barreira para atrair jogos para Juiz de Fora. Mas essa é uma ideia importante, até mesmo para fomentar o turismo esportivo. Outros eventos, como campeonatos nacionais de modalidades como handebol, também movimentam a cidade, trazendo pessoas de várias regiões para assistir. Isso gera impacto econômico significativo, pois envolve estadias em hotéis, refeições em restaurantes e participação em eventos culturais”, avalia.
Já sobre os cinco campos de várzea que deveriam ser reformados até 2024, ela diz que “certamente, até o final do mandato, entregaremos campos de várzea completamente requalificados, com gramado adequado, revisão dos vestiários, clubes, espaços para sentar, incluindo arquibancadas. Isso ocorrerá em bairros como Cerâmica e Dom Bosco, locais já frequentados pela comunidade”.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva
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