Novas regras para CNH estão em vigor, mas não há prazo para implementação em JF
Detran afirma que estão sendo realizados estudos técnicos para implantação do novo modelo, em vigor desde 9 de dezembro
A nova resolução do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), que reformula o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), entrou em vigor na semana passada (9) após ser publicada no Diário Oficial da União. Entretanto, a implementação ainda não aconteceu na prática em Juiz de Fora, a exemplo do restante do estado. Procurado, o Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran) informou que está realizando “estudos técnicos indispensáveis para garantir uma implementação segura e eficiente das diretrizes estabelecidas na resolução”.
Apesar de garantir que os estudos técnicos já foram iniciados, o Detran não estima quando serão concluídos para que o novo processo para obtenção da CNH seja colocado em prática. Questionada, a autarquia afirma que trabalha “para que as novas medidas sejam adotadas no menor tempo possível”.
Redução do custo em 80%
O objetivo da nova resolução do Contran, aprovada em 1º de dezembro, é simplificar e baratear o custo do processo para a obtenção da CNH, principalmente nas categorias A (para motos) e B (para carros). O Ministério dos Transportes estima que as medidas podem reduzir em até 80% o valor total pago pelos candidatos à carteira.
Com as mudanças, o interessado não será obrigado a se matricular em uma autoescola para conseguir a habilitação, uma vez que o Ministério dos Transportes irá disponibilizar todo o conteúdo teórico on-line, gratuitamente, para a realização da prova teórica. Entretanto, quem preferir poderá estudar presencialmente em autoescolas ou instituições credenciadas. O início do processo poderá ser feito pelo site do Ministério dos Transportes ou pelo aplicativo da Carteira Digital de Trânsito (CDT) e não terá mais prazo de validade, que antes era de 12 meses.
Outra mudança importante foi com relação à exigência de aulas práticas, que passaram de 20 horas-aula para duas horas-aula. Além disso, o candidato poderá utilizar seu próprio carro e escolher entre autoescolas tradicionais, instrutores autônomos credenciados pelos Detrans ou preparações personalizadas. Os instrutores autônomos serão autorizados e fiscalizados pelos órgãos estaduais, com critérios padronizados nacionalmente. A identificação e o controle serão integrados à CDT.
A realização das provas teóricas e práticas seguem obrigatórias. A avaliação da direção será feita por uma comissão de exame de direção veicular, composta por três membros e será possível utilizar o próprio veículo para fazer a prova. Em caso de reprovação, o aluno poderá fazer novas provas, sem limites de tentativas, e o segundo exame poderá ser agendado sem cobranças adicionais.
Sindicato aponta precarização no processo
Para o presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (Sindicfc-MG), Alessandro Dias, a diminuição da carga horária de aulas teóricas e práticas pode causar uma falsa sensação nos candidatos de que eles já estão aptos e preparados para o exame. Além disso, ele alerta para a diminuição da segurança de alunos e instrutores durante o processo. “O grande ponto que mais nos preocupa é a forma que foi regulamentado o processo de formação prática, com redução drástica da carga horária, com a retirada dos equipamentos de segurança para os veículos que fazem a formação e, principalmente, a flexibilização total da forma que essa formação prática vai acontecer”, relata.

Alessandro também alerta sobre a falta de clareza da resolução com relação à implantação do novo modelo, sem definição de como ocorrerá a transição. Por isso, o presidente do Sindicfc-MG teme por demissões no setor. “Infelizmente, só em Minas Gerais, foram colocados em risco mais de 20 mil empregos diretos em mais de 2.200 empresas. Boa parte desses empregos e dessas empresas vão sofrer uma redução drástica em termos de estrutura, de atendimento e de empregados, ou com fechamentos, como já aconteceram com alguns, inclusive”, destaca.
Para especialista, nova resolução é retrocesso na formação
O especialista em Mobilidade Urbana Mário Jacometti é contrário ao que foi estabelecido pela nova resolução do Contran. Para ele, o atual sistema deveria ser aprimorado através de capacitações para os instrutores. ”Ao invés de melhorar o processo, fazendo exames práticos dentro desses estudos para saber qual é o nível técnico dos instrutores, de entender o estado dos carros de autoescola, promover mais aulas, aprimorar o processo de examinadores do Detran, estamos interrompemos esse processo, fazendo com que esse ecossistema venha a ser degradado”, avalia.
Recriação do Detran
O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou em definitivo, em segundo turno, na quinta-feira (11), o projeto de lei que reorganiza a gestão do trânsito em Minas Gerais e recria o Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran) como autarquia.
O texto aprovado modifica a proposta original do Executivo, que previa a transformação da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET) em autarquia. O substitutivo aprovado, apresentado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, estabelece que o órgão executivo de trânsito volte a se chamar Detran, agora como autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), com poder de polícia, autonomia administrativa, financeira e técnica, além de patrimônio próprio.
Entre as atribuições do Detran estão o controle do processo de formação de condutores, o emplacamento e o licenciamento de veículos, além da fiscalização de trânsito em Minas Gerais.
Resumo desta notícia gerado por IA
- O Detran-MG ainda não definiu prazo para aplicar as novas regras da CNH em Minas Gerais.
- As mudanças do Contran prometem reduzir em até 80% o custo do processo de habilitação.
- A nova resolução elimina a obrigatoriedade de autoescola e reduz a carga de aulas práticas.
- Sindicato e especialistas criticam a medida e apontam riscos à segurança e ao emprego.









