Menos de 30% são aprovados em provas práticas do Detran em JF
Número de candidatos aprovados na prova prática para CNH em Juiz de Fora é o menor entre cidades mineiras de porte semelhante
Juiz de Fora registrou, no primeiro semestre de 2025, taxas de aprovação inferiores a 51% nas provas teóricas e abaixo de 27% nas avaliações práticas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Os dados, divulgados pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag-MG), mostram que foram aplicados 3.789 exames teóricos-técnicos de autoescola, voltados para as categorias A, B e AB. Desses, 1.911 candidatos foram aprovados, o que representa uma taxa de aprovação de 50,5%.
No mesmo período, também foram realizados 3.712 exames práticos veiculares na cidade. Desses, apenas 1.026 candidatos foram aprovados, representando um índice de aprovação de 26,6%.
De acordo com a Seplag-MG, “os dados demonstram o comprometimento dos candidatos e o rigor dos critérios adotados nos processos de avaliação, que visam garantir a segurança no trânsito e a formação de condutores qualificados e conscientes”.
Variações mensais indicam oscilações no desempenho dos candidatos
Os dados mensais de aprovação divulgados pelo Detran-MG revelam oscilações no desempenho dos candidatos em Juiz de Fora ao longo do primeiro semestre de 2025, tanto nas provas teóricas quanto nas práticas.
Nas avaliações teóricas para as categorias A, B e AB, a taxa de aprovação variou entre 51,93% (em janeiro) e 58,96% (em fevereiro). O melhor desempenho foi registrado nesse segundo mês, enquanto o resultado mais baixo ocorreu no início do ano. A média semestral ficou em 54,37%.
Confira as taxas de aprovação nas provas teóricas:
- Janeiro: 51,93%
- Fevereiro: 58,96%
- Março: 53,85%
- Abril: 54,66%
- Maio: 53,65%
- Junho: 56,18%
Nas provas práticas de direção veicular da categoria B, as variações foram ainda mais expressivas. O mês de janeiro apresentou a melhor taxa (54,39%), mas, nos meses seguintes, os índices caíram progressivamente, chegando a 27,59% em junho. A queda pode refletir fatores como maior número de agendamentos ou menor tempo de preparação entre os candidatos.
Veja os dados da categoria B:
- Janeiro: 54,39%
- Fevereiro: 29,94%
- Março: 31,82%
- Abril: 35,71%
- Maio: 35%
- Junho: 27,59%
Na categoria A, que corresponde à habilitação para conduzir motocicletas, apenas os meses de janeiro e fevereiro têm dados disponibilizados, com índices de aprovação ainda mais baixos: 18,66% e 16,62%, respectivamente. A ausência de registros dos demais meses impede uma análise mais ampla, mas os números indicam um cenário desafiador para os candidatos dessa categoria.
Segundo a Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET-MG), a recomendação é que os candidatos busquem centros de formação devidamente regulamentados e invistam em preparação contínua, com foco na qualidade da formação e na segurança no trânsito.
Desempenho abaixo de cidades de porte similar
Ao comparar os dados de Juiz de Fora com os de outras cidades mineiras de porte semelhante, o município se mostra abaixo nas taxas de aprovação para obtenção da CNH. Em Contagem, primeira cidade mais populosa que Juiz de Fora no estado, as médias registradas no primeiro bimestre de 2025 foram de 54,55% nas provas teóricas, 42,38% nas avaliações práticas da categoria A e 36,61% e 35,74% na categoria B, em janeiro e fevereiro, respectivamente.
Já em Montes Claros, primeira cidade menos populosa que Juiz de Fora, os índices de aprovação foram ainda mais elevados: 59,1% nas provas teóricas, 70,44% na categoria A (sem dados de março) e 35,82% e 35% na categoria B, nos dois primeiros meses do ano. Esses percentuais contrastam com as taxas de Juiz de Fora, que não ultrapassaram 50,5% nos exames teóricos e 26,6% nos práticos ao longo do primeiro semestre.
Fim da obrigatoriedade de autoescolas é avaliada pelo Governo
Esse cenário de desempenho aquém do ideal nas avaliações para a obtenção da CNH ocorre no momento em que o Governo federal discute mudanças estruturais no processo de formação de condutores. Em entrevista ao videocast C-Level Entrevista, da Folha de S. Paulo, o ministro dos Transportes, Renan Filho, revelou, esta semana, que o Governo federal avalia acabar com a obrigatoriedade da autoescola para obtenção da carteira de motorista. A proposta já foi concluída pela pasta e será levada para aprovação do presidente.
“O Brasil é um dos poucos países no mundo que obriga o sujeito a fazer um número de horas-aula para fazer uma prova”, disse o ministro. “A autoescola vai permanecer, mas ao invés de ser obrigatória, ela pode ser facultativa.”
“O cidadão vai ter que passar na prova, vai ter que passar na direção, mas ele vai estudar no mundo moderno”, afirmou Renan Filho. Segundo ele, o custo para tirar a carteira no Brasil varia entre R$ 3 mil a R$ 4 mil, dependendo do estado. A medida reduziria esse custo em mais de 80%.
A aprendizagem poderia acontecer em autoescolas – o quanto o candidato achasse necessário – ou direto com instrutores. Em tese, a pessoa também poderia aprender a dirigir numa via fechada, como em um condomínio, por exemplo. As mudanças não precisariam passar pelo Congresso, bastando um ato do Executivo.
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