Dificuldade de categorização de bicicletas motorizadas é problema para fiscalização

Acidente com mãe e filho levanta debate sobre regulamentação e enquadramento do modal


Por Vinicius Soares

08/07/2025 às 06h00

No mês passado, uma mulher, de 33 anos, e seu filho, 3, foram atropelados por uma bicicleta motorizada na Rua Maria Vitar de Oliveira, no Bairro Progresso, Zona Leste de Juiz de Fora. A criança sofreu traumatismo crânio-encefálico (TCE) leve e escoriações, sendo liberada no local. Já a mãe foi encaminhada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) com TCE e dores na lombar. Na ocasião, a Polícia Militar (PM) não conseguiu identificar os dados do veículo e do condutor.

Diante das normas vigentes do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), há uma dificuldade na categorização das bicicletas motorizadas. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) considera o modal como uma bicicleta elétrica, o que, de acordo com o CTB, dispensa a obrigatoriedade de registro e emplacamento. Porém, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MG), o veículo deve ser considerado um ciclomotor, já que “bicicletas elétricas não podem ter motor a combustão nem acelerador manual”.

De acordo com o CTB, o ciclomotor é caracterizado por ser um veículo de duas ou três rodas com motor de até 50 centímetros cúbicos e limitado a uma velocidade máxima de 50 quilômetros por hora. Além disso, o modal deve ser registrado e emplacado, e o condutor deverá ter a Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) ou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), na categoria A.

Dificuldade de categorização de bicicletas motorizadas é problema para fiscalização
Bicicletas com motor à combustão devem ser consideradas como ciclomotores, diz Detran (Foto: Felipe Couri)

A dificuldade na categorização traz consigo um empecilho para a fiscalização adequada das bicicletas motorizadas. O especialista em mobilidade urbana José Luiz Britto Bastos entende que a legislação atual não foi preparada para o crescimento da utilização desse modal. “Isso precisa ser regulamentado novamente, porque as autoridades terão uma certa dificuldade para enquadrar as bicicletas motorizadas no caso de uma possível infração”, afirma.

Fiscalização é ponto central

Segundo dados do Detran, em Juiz de Fora, existem 935 ciclomotores regularizados. Em 2025, foram aplicadas 86 autuações, sendo a mais comum transitar em velocidade superior à máxima permitida da via em até 20%. Apesar dos números, Britto entende que a fiscalização sobre as bicicletas motorizadas deve ser mais rigorosa. “O agente de trânsito tem dificuldade de autuar porque a maioria dos ciclomotores não tem placa, o que atrapalha a identificação do condutor (…) Por isso a importância de se regulamentar. É necessário ter um instrumento legal para autuar os infratores”, avalia.

bicicletas motorizadas by felipe couri 2
Um dos usos mais comuns da bicicleta é para a realização de entregas (Foto: Felipe Couri)

Para Britto, o aumento do rigor da fiscalização será benéfico tanto para os condutores, quanto para pedestres. “O veículo tem que proteger o pedestre e ele tem direito a essa proteção por todos os demais veículos que estejam nas vias”, afirma.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.