Redução da renda familiar é a principal causa de inadimplência no Brasil
Pesquisa elenca principais motivos que levam o brasileiro a acumular dívidas
Cerca de 66 milhões de brasileiros estão endividados no Brasil, conforme aponta a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Desses, a maioria admite que vive na inadimplência por conta da diminuição de renda, cerca de 18%. Este é o resultado de uma pesquisa da CNDL e do SPC, em parceria com a Offerwise Pesquisas, que teve o objetivo de elencar as principais causas da inadimplência entre os que têm dívidas em atraso.
De acordo com o estudo, o segundo fator responsável pelo acúmulo dos débitos são os imprevistos, sejam eles problemas de saúde, morte, manutenção da casa ou do carro. Cerca de 17% das pessoas que responderam a pesquisa elencaram este motivo como o responsável por suas atribuições.
Em terceiro lugar está a perda do emprego, o próprio ou o de algum membro da família, motivo que foi apontado por 14% dos entrevistados. A alta de preços foi elencada por 13% das pessoas como o motivo de suas dívidas e, por fim, a falta de controle financeiro, citada por 12% dos entrevistados.
Ainda de acordo com a pesquisa, um em cada quatro entrevistados afirma que as dívidas podem representar metade da renda mensal e 86% responderam que, caso pagassem tudo o que devem, não teriam dinheiro para gastos básicos, como água, luz, telefone e comida.
A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, afirma que os indicadores mostram um alto número de devedores que pagam suas dívidas, mas em menos de um ano retornam à inadimplência. “Seja pela baixa renda ou pela falta de organização do orçamento. Por isso, tão importante quanto negociar as dívidas e pagá-las, o consumidor precisa manter o foco no controle das suas finanças para não cair novamente na inadimplência.”
Estourando o orçamento
Mais da metade dos inadimplentes admite que gasta mais do que o orçamento familiar permite. Um dos motivos para isso, segundo o estudo, é a impulsividade motivada pelo desejo de adquirir um produto ou serviço sem pensar no impacto nas contas mensais.
“Mais da metade disse que acaba cedendo aos próprios impulsos, não se controla muito bem, às vezes compra e não sabe como pagar. Tem uma questão da conjuntura econômica que colabora também para as pessoas irem para inadimplência”, explica Merula Borges.
Entre aqueles que ficaram inadimplentes por descontrole financeiro, 36% dizem que queriam muito comprar algo e, se fossem esperar sobrar dinheiro, iriam demorar muito para realizar a compra. Já 27% não negociaram bem no momento da compra, 25% queriam comprar algo novo para usar em um evento importante de forma a sentirem-se mais valorizados e 23% estavam tristes e acabaram comprando para se sentirem melhor.
No entanto, a pesquisa também mostra que estar endividado pode causar sentimentos como constrangimento, angústia e tristeza. Além disso, nem sempre a cobrança é feita de forma respeitosa, 28% dos entrevistados disseram que ela foi feita de forma fria ou impessoal, 14% desrespeitosa e 14% ameaçadora.