Grupo Divulgação celebra 50 anos no Forum da Cultura com exposição
Maquetes, fotos e vídeo compõem a mostra que destaca a relação entre a companhia e o casarão e ocupa a Galeria de Arte a partir desta terça-feira

Há quase 50 anos, o Grupo Divulgação estreava o palco do Forum da Cultura. O que antes era um espaço de julgamento do curso de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no último pavimento do histórico edifício da Rua Santo Antônio, se transformou em lugar de fazer e consumir arte. A estreia aconteceu com a peça “A morta”, de Oswald de Andrade. E, mais que um espaço, eles construíram uma casa: “lugar onde somos irmanados não pela genética, mas pela paixão ao teatro que se faz ali”, acredita Márcia Falabella, professora da UFJF e integrante do grupo. Essa história – ou pelo menos parte dela – será contada através de uma exposição comemorativa. Ela começa nesta terça-feira (28), às 19h, e continua aberta para visitação até o dia 8 de julho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, na Galeria de Arte do Forum da Cultura.
A exposição vai reunir cinco maquetes de recomposição de alguns dos principais espetáculos do Grupo Divulgação, sendo eles: “Calígula”, de Albert Camus; “A casa de Bernarda Alba”, de Federico García Lorca; “A escada de Jacó”, de José Luiz Ribeiro; “A tempestade”, William Shakespeare, e “Romeu e Julieta”, também de Shakespeare. Além delas, Flávio Mattos, também integrante do grupo, fez uma sexta, que recupera o palco do espaço antes de ele ser reformado, em 1993, para que houvesse inclinação. Nas paredes, alguns quadros revelam outras peças. Um vídeo ainda será apresentado durante a visitação, contando a relação entre a história do grupo e o Forum da Cultura.

Casa, sede e templo
O Grupo Divulgação nasceu em 1966, ainda na Faculdade de Filosofia e Letras da UFJF. Quando a Faculdade de Direito foi transferida para o Campus da UFJF, o reitor da época, Gilson Salomão, decidiu fazer da casa histórica um espaço cultural, chamando algumas entidades para ocupar suas salas. Transformar uma delas em um teatro foi ideia de José Luiz Ribeiro, fundador do Grupo Divulgação. A partir disso, criou-se, de acordo com Márcia, o que ela chama de tríade, que revela um pertencimento do grupo com o lugar, que se transforma, além de casa, em sede e templo. “Ter uma sede é importante pela questão de guardar, de criar um patrimônio. E o templo porque é um espaço de celebração, da profissão de fé. É onde a gente faz os espetáculos e onde é possível a gente ter essa comunhão com o público”, diz ela, reforçando que é isso que a exposição pretende mostrar. Desde 2019, o Grupo Divulgação é registrado como patrimônio imaterial de Juiz de Fora.
Abrigada pela UFJF, a companhia, por isso, possui projetos de extensão que são abertos à comunidade. Um deles oferece cursos de atores a adolescentes e universitários, e outro é voltado à terceira idade. Já o Escola de Espectador, apesar de ter começado com apoio da Funalfa, em 1985, agora é ligado à universidade, e proporciona idas gratuitas ao teatro a estudantes de escolas públicas da cidade e da região, assim como a pessoas de comunidades carentes registradas no programa. De acordo com Márcia, a importância do Grupo Divulgação se impõe nessas duas atuações: de formação de público e de atores.
Márcia ainda percebe a quantidade de teatros que existem em Juiz de Fora, e como isso mostra o crescimento, com o passar do tempo, da cena teatral na cidade, já que vários alunos, depois de passarem pelo grupo, foram eles também criando suas próprias companhias. “Eu acho que a gente sempre precisa celebrar uma casa que trabalha há 50 anos com cultura e com teatro. E a universidade cumpre esse papel. A gente sempre tem dificuldade, porque a cultura é sempre a última da fila, mas são esses espaços que, ao meu ver, tornam uma cidade rica. Eu posso até dizer que frequentei mais o Forum da Cultura do que minha própria casa.”
O Grupo Divulgação tem um espetáculo pronto para ser apresentado, o “Ratim conquistador”. No entanto, aguarda o fim de reparos na estrutura do Forum da Cultura para voltar a receber público no teatro.