Uma bateria em silêncio: Morre músico Luciano Calvário
Morto na segunda-feira, 17, Luciano Calvário, baterista de bandas lendárias da cidade, foi enterrado na tarde desta terça
Luciano Ferreira Calvário foi cozinheiro, fotógrafo e poeta. Também inscreveu seu nome na história cultural de Juiz de Fora como baterista de lendárias bandas, como a Frúturo Sim, R$ 2 Cruzeiros de Bala e Nostradamus, todas criadas na década de 1980 e já extintas. Foi, ainda, o primeiro baterista da Eminência Parda, banda que ajudou a fundar ao lado de Edinho Leão, Lulla Oliveira e Wesley Carvalho. Em apenas uma oportunidade, também integrou a Tuka’s Band.
Quando o rock tomava diferentes palcos da cidade, Luciano tocou, por algumas vezes, no Bar do DCE, onde Chico Amieiro, proprietário do local com Julio Cezar Fernandes Pinto, o conheceu. A amizade, no entanto, se fortaleceu anos mais tarde. “Fizemos um curso de gastronomia no Grogotó. Moramos juntos em Barbacena”, recorda-se Chico, sobre o amigo que ao longo dos anos assumiu diferentes facetas profissionais, grande parte delas relacionadas com as artes. “Nos últimos tempos ele escrevia muito. Tinha acabado de lançar um livro (‘Transparências transgressões’) e preparava outro”, conta.
Luciano morreu nesta segunda, após o agravamento de um quadro hepático. “Tive contato come ele há pouco tempo. Foi de repente”, lamenta Chico Amieiro. O corpo do artista foi enterrado na tarde desta terça (18), em Bicas, sua cidade natal e onde reside sua família. Lembrado pelo talento e pela amizade, Luciano foi homenageado em diferentes postagens nas redes sociais. Dentre elas a do cineasta José Sette: “O mundo se acaba um pouco mais em cada um que deixa de existir. Luciano Ferreira Calvário deixa um vazio em todos que o conheceram. Era meu amigo (casinha) e também um grande músico. Seu nome e sua contribuição ao panorama musical de Juiz de Fora não serão esquecidos”.
“Lembro a primeira vez que vi Luciano Calvário, no Parque Halfeld, com o Frúturo Sim, lá pelos anos 80”, resgatou o músico e produtor musical Julião Júnior. “Me chamou a atenção a sua batida firme, nos arranjos muito diferentes da banda. Nos tornamos colegas músicos anos mais tarde, sempre cruzando nos palcos”, continua o amigo, contando de uma aproximação recente com um artista de grande produção. Em sua última publicação no Facebook, Luciano fez versos. O texto foi escrito um dia depois de Luciano despedir-se do amigo Alexei Divino, morto por Covid-19 no último dia 7: “Só vai quem já veio./ Velho, criança ou fruto./ A alma passa por tudo./ Cabeças, animais ou nada./ E assim segue o mundo.”