Prefeitura dá início a obras no Bairro Industrial
Montagem do canteiro de trabalho causa interdição de ruas e mudança no trânsito do Acesso Norte; objetivo é minimizar os recorrentes problemas de inundação
As obras que prometem resolver o problema histórico das enchentes no Bairro Industrial, Zona Norte de Juiz de Fora, foram iniciadas. Segundo moradores, a movimentação já ocorre no local desde a última sexta-feira (4), com interdição de parte do Acesso Norte (Avenida Garcia Rodrigues Paes). Nesta segunda (7), a Tribuna esteve no bairro e conferiu o recebimento de materiais para montagem do canteiro de obras. Também estavam sendo colocados tapumes para isolamento das imediações do Córrego Humaitá, onde será feita a intervenção.
Conforme a PJF, nas margens do Rio Paraibuna será construído um dique de contenção com cerca de um quilômetro de extensão, que atuará como barreira física contra os vazamentos e infiltrações. Esta é a primeira etapa, visto que a obra também vai contar com um novo lançamento do Córrego Humaitá no Rio Paraibuna. “Essa obra é muito importante porque vai tirar aquela parte do meio da atual galeria e construir uma nova, dando uma maior vazão ao córrego, impedindo que a água volte e entre na casa das pessoas”, afirmou o secretário de Obras, Lincoln Santos, em material divulgado pela Prefeitura. De acordo com o edital, a obra deve ser concluída em nove meses, com a vigência do contrato de 12 meses.
A região, tida como prioridade para o Município na solução de problemas decorrentes da chuva, integra a lista de locais que serão beneficiados com o empréstimo de R$ 420 milhões pleiteado pela Prefeitura. Em março deste ano, a PJF sancionou a lei que autorizou a contratação do empréstimo, que ainda depende de aprovação federal. A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Juiz de Fora para atualizações em relação ao empréstimo e mais detalhes sobre a obra, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Esperança de solução para moradores do Bairro Industrial
A esperança de solução para os problemas das chuvas abarca os moradores do Bairro Industrial. Vivendo há mais de 60 anos na Avenida Lúcio Bittencourt, um morador de 70 anos, que preferiu não se identificar, afirma que está receoso quanto à eficácia dos diques prometidos pela Prefeitura. “O meu medo é que, mesmo com a contenção, a água volte pelo esgoto das casas e cause problema inundando as residências. Isso já acontece hoje em dia. Tem vezes que o córrego nem ‘põe para fora’, mas a água já está voltando pelo ralo.” Apesar disso, o homem espera que as obras tragam um alívio para a rotina de vigilância que toma o bairro durante o período chuvoso. Para ele, a PJF poderia investir também no desassoreamento do leito do Paraibuna. “Quando eu era criança a gente colocava canoa nesse rio. Tinha uns cinco metros de profundidade. Se for ver, hoje não deve ter nem dois.”
Rua Cesário Alvim
Assim como o Bairro Industrial, a Rua Cesário Alvim, no Bairro São Bernardo, também faz parte das regiões que pleiteiam obras de infraestrutura. Nesta segunda foi assinada a Ordem de Serviço para início das intervenções no local. Conforme o edital, após assinatura do documento, a intervenção deve começar em um prazo de dez dias. A obra vai implementar um novo sistema de drenagem, como forma de solucionar alagamentos e enxurradas recorrentes.
Jonathan Moratori, que trabalha em uma mecânica na rua há mais de 20 anos, afirma que os problemas com a chuva são frequentes e atrapalham o comércio da região. “Quando chove a gente tem que tirar todos os carros correndo. O sistema de drenagem daqui não dá vazão para o tanto de água que desce das ruas mais acima. A gente espera que com essa obra as coisas possam ter jeito e a gente trabalhe com mais tranquilidade aqui.”
Mudança no trânsito
No Bairro Industrial, as alterações no trânsito já ocorrem. Faixas na Avenida Brasil começam a indicar aos motoristas sobre os desvios na Avenida Garcia Rodrigues Paes. Há também mudança nos itinerários dos ônibus. Conforme a PJF, até o fim das obras, as linhas 604 (Bairro Industrial), 700 (Barbosa Lage), 703 (Barbosa Lage), 704 (Jóquei Clube III), 705 (Jóquei Clube III) e 727 (Bairro Araújo), terão seu itinerário alterado em função do fechamento total do Acesso Norte. Para essas linhas, novos pontos de embarque e desembarque temporários serão criados na Rua Euchério Rodrigues, no lado oposto ao número 300, oposto ao número 159 e oposto ao número 12.
Já na Rua Cesário Alvim, as mudanças no trânsito ainda não ocorreram, visto que a montagem do canteiro de obras não foi iniciada. No entanto, conforme a PJF, quando as obras começarem, a Avenida Brasil ficará interditada em meia pista para a realização das intervenções.
Desassoreamento do Rio Paraibuna
Ao longo da semana, a PJF também investe em outras ações de drenagem, como o desassoreamento do Rio Paraibuna. Os serviços foram iniciados pelas equipes da Secretaria de Obras (SO) no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, Zona Sudeste da cidade, com a limpeza de resíduos artificiais, detritos e lixos. A previsão é de que a ação ocorra durante os próximos meses.
O desassoreamento consiste na retirada do acúmulo de areia, de entulhos e materiais sólidos do rio, com o objetivo de prevenir enchentes e alagamentos no período de chuvas, além de melhorar a capacidade da vazão dos cursos de água. “O objetivo maior desta atividade é a limpeza dos córregos e do Rio Paraibuna, para a retirada do excesso de areia e das ‘ilhas’ que ficam no leito do rio”, ressalta o secretário de Obras, Lincoln Santos. A diminuição destas “ilhas” melhora o escoamento da água e sua qualidade.
O Córrego Santa Luzia também passa pelo processo de desassoreamento desde a última quinta-feira (3). Segundo o Município, as ações são uma das medidas preventivas que vêm sendo adotadas para o período chuvoso, a fim de evitar enchentes e alagamentos.