Morre César Lourenço, chaveiro da Galeria Pio X que tocava o apito do meio-dia e agitava o carnaval
Comerciante tinha 78 anos e deixa esposa, filhos, netos e grandes amigos

O português mais juiz-forano da cidade, César Lourenço Raso, de 78 anos, morreu na noite da última quarta-feira (3). O velório está sendo realizado na capela 3 do Cemitério Parque da Saudade. O sepultamento acontece às 14h30, no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. César estava internado em um hospital da cidade e sofreu complicações cardíacas.
Nascido em Portugal, mudou-se com a família para o Brasil aos 9 anos de idade. Depois, no início da vida adulta, aos 20, chegou a Juiz de Fora, onde se estabeleceu. O comerciante, conhecido como ‘César Português’ ou ‘César Chaveiro’ foi casado por 52 anos com Juliana Cezario, teve três filhos – Daniela, Leandro e Leonardo, e quatro netos – Lorenzo, Pedro, Sofia e Miguel.
A Chavelândia, sua loja de chaves, está instalada na Galeria Pio X há mais de 50 anos. Pelo trabalho desenvolvido tanto no comércio quanto no carnaval da cidade, ele foi homenageado em 2024 com a Medalha Tarcísio Delgado, concedida pela Câmara Municipal de Juiz de Fora a pessoas que se destacam por ações de inclusão social, promoção da vida e defesa da dignidade humana.
Nelson Júnior, grande amigo, jornalista e presidente da Banda Daki, conta que César era uma figura popular e conhecida por atuar em vários ramos, desde o comércio à política e ao carnaval. “Ele foi um dos fundadores da Escola de Samba Partido Alto, uma escola tradicional de Juiz de Fora. Teve também uma atuação grande na política, pois fazia parte da linha de frente do Tarcísio Delgado”.
Segundo o amigo, nos últimos anos, César foi incumbido de uma tarefa “árdua”: manteve a tradição secular de tocar o ‘apito do meio-dia’ no Calçadão da Rua Halfeld, patrimônio imaterial da cidade e criado há quase cem anos pela antiga joalheria Meridiano. “Ele fazia isso com prazer, era uma atividade que ele mantinha com muita alegria. No carnaval de 2025, o enredo do Bloco Pintinho de Ouro foi sobre os 50 anos do Calçadão e o som do apito entrou como destaque. Fizemos um tributo, que terminou ao meio-dia, com ele tocando o apito”.
O jornalista conta que a loja de chaves de César era um importante ponto de encontro político, pois também havia um café tradicional em frente ao estabelecimento. “Um tradicionalíssimo também, que fechou acho que ano passado, se chamava Café Galeria. As pessoas iam para o café e para a loja do César, para se encontrar, conversar e jogar porrinha apostando copos de café”.