Bloco da Neo leva alegria do carnaval para bebĂȘs da Santa Casa
Dezesseis pequenos hospitalizados na unidade receberam fantasias e curtiram a folia na manhĂŁ desta sexta
O som daquele chorinho estridente tĂpico dos recĂ©m-nascidos foi a trilha sonora do Bloco da Neo, que levou a folia para dentro da Unidade Neonatologia da Santa Casa. As roupinhas, produzidas pela fisioterapeuta do setor, Merilyn Brandel, coloriram de contos de fadas e quadrinhos os leitos dos bebĂȘs na manhĂŁ desta sexta-feira (1Âș). Confeccionadas em tecido, as peças e os adereços vestiram de fantasia os 16 bebĂȘs internados no local e trouxeram a alegria para as famĂlias, que aguardam ansiosas o momento de deixar o hospital com seus pequenos nos braços.
A alegria do carnaval ultrapassou as barreiras que vemos jĂĄ na entrada da unidade, onde um cartaz avisa aos visitantes e parentes da proibição da presença de acessĂłrios para evitar contaminaçÔes. As peças que entraram para vestir os bebĂȘs, no entanto, respeitaram todas as regras de higiene e assepsia, que fazem parte da rotina desses profissionais. A criatividade e a habilidade com os trabalhos manuais fizeram a fisioterapeuta, que jĂĄ tinha visto outras açÔes semelhantes, criar os modelos. “Todos nĂłs nos tornamos um pouco artesĂŁos, porque tudo precisa ser bem pequeno, cuidadoso. EntĂŁo, desperta na gente essa vontade de fazer. Todos entraram no clima, vieram com suas toucas coloridas. Estamos muito felizes.”
Merilyn explica que a intenção do projeto Ă© quebrar a sisudez do espaço, que guarda muitas ansiedades e expectativas, aproveitando a folia de momo para trazer leveza ao dia dos bebĂȘs e de seus parentes. “Precisamos favorecer esse vĂnculo do recĂ©m-nascido com a mĂŁe, tornando esse cuidado mais humano. Mostramos que a unidade nĂŁo Ă© sĂł o aparelho, a medicação e longos perĂodos de internação. Viramos parte da famĂlia desses bebĂȘs. Os pais deles confiam em nĂłs. Ă importante tornar esse momento mais agradĂĄvel.” Ainda de acordo com ela, Ă© uma oportunidade para oferecer uma vivĂȘncia mais leve. “JĂĄ que as famĂlias nĂŁo podem pular o carnaval com as crianças em casa, comemoramos aqui de uma maneira diferente, mas tambĂ©m agradĂĄvel. Esse tipo de ação mexe com esse lado mais lĂșdico, jĂĄ que estamos lidando com bebĂȘs. Trouxe a ideia para as pessoas, todas abraçaram e entraram no clima imediatamente”, disse Merilyn.
Nascido no sĂĄbado anterior ao inĂcio da folia desse ano, Pyetro Lucca estĂĄ internado hĂĄ seis dias. Por ter ingerido lĂquido ainda dentro da bolsa amniĂłtica da mĂŁe, desenvolveu uma pneumonia, mas se recupera bem. Na Neonatologia ele estava vestido como o Batman, de mĂĄscara e tudo. “Ele estĂĄ terminando de tomar o medicamento, embora ainda nĂŁo tenha uma previsĂŁo de data de alta especĂfica”, contou a mĂŁe dele, Maxcilene da Silva Timota. A brincadeira a deixou sensibilizada.
“Fiquei muito emocionada, atĂ© chorei quando eu o vi, me trouxe muita alegria. Foi o melhor carnaval que eu jĂĄ tive. NĂŁo sei explicar o porquĂȘ, sei que Ă© uma sensação imensa, algo que eu nunca senti em nenhum outro carnaval”.
JĂĄ Eduardo, que nasceu prematuro, aguarda o ganho de peso para sair da unidade.Vestido como o herĂłi Lanterna Verde, era acalentado pela mĂŁe, que olhava para ele cheia de orgulho. “Ă muito importante, porque ficamos tensos. Vamos para casa e eles permanecem aqui. NĂŁo sabemos o que estĂĄ acontecendo com eles, temos atĂ© dificuldade para dormir. Sabemos que estĂŁo em Ăłtimas mĂŁos, aqui todos sĂŁo muito atenciosos, mas, ao mesmo tempo, o queremos em casa, em tempo integral”, relatou a mĂŁe AleĂsa Pinheiro.
TambĂ©m nos braços da mĂŁe, Manoela deu vida Ă princesa Branca de Neve. A pequena foi outra que nasceu prematura, precisou de cuidados e estĂĄ hĂĄ um mĂȘs na Neonatologia. Assim como Eduardo, precisa ganhar peso para ter alta. A mĂŁe, Elaine Bonsanto, disse que a ação contribui para deixar o cotidiano um pouco diferente. AlĂ©m do vestido de princesa, a pequena ganhou o registro fotogrĂĄfico que ainda nĂŁo tinha. “Isso ajuda a gente a distrair, tirar o foco do problema e alegrar o dia. NĂłs a vemos sempre na incubadora sem roupa, agora chegamos e vemos com uma roupinha diferente, fica uma gracinha. Vamos levar a fantasia para casa e assim vamos ter a recordação de que primeiro carnaval dela nĂŁo passou em branco.”