Teste que detecta Covid-19 em apenas um minuto deve chegar ao mercado em 20 dias
Tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia
Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) adaptaram um equipamento que utiliza laser e inteligência artificial para identificar a presença do novo coronavírus na saliva. Um dos testes deve estar disponível em 20 dias, e, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é o diagnóstico mais rápido que existe. Além deste, há outro protótipo, também desenvolvido pelo Laboratório de Nanobiotecnologia do Instituto de Biotecnologia, cuja testagem é realizada diretamente no smartphone, com o auxílio de pequeno equipamento que parece um pendrive e microchip. Este deverá chegar ao mercado em até 45 dias. O principal diferencial é que ambos não precisam de reagentes, que são substâncias usadas para fazer os testes convencionais do coronavírus, que estão em falta devido à demanda mundial neste momento de pandemia.
A Tribuna conversou com o diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanobiotecnologia (INCT TeraNano), professor Luiz Ricardo Goulart Filho, que também coordenou a pesquisa. Ele explica que a tecnologia a laser fragmenta a saliva em grupos químicos e possibilita o diagnóstico da Covid-19. “O teste é feito por meio de um aparelho com um detector. O processamento do diagnóstico é feito por meio de inteligência artificial, e o resultado fica pronto em menos de um minuto.” O aparelho com o sensor fotônico poderá ser adquirido por laboratórios e ambulatórios para realizar exames da Covid-19. Cada equipamento consegue processar entre 400 e 500 resultados por dia. “A agilidade no resultado do exame permite melhorar o tratamento e o isolamento em larga escala dos pacientes testados, em caso de resultado positivo para a doença”, disse. O aparelho deverá custar em torno de R$ 90 mil, e cada exame, cerca de R$ 40.
O segundo protótipo em desenvolvimento é de um sensor eletroquímico portátil, semelhante a um pen drive, que é conectado ao smartphone. Esse pen drive conta com um microchip, onde gotas de saliva são depositadas. Para cada paciente testado, é usado um novo microchip. O diagnóstico sai em cerca de um minuto. O custo de cada exame deverá variar entre R$ 50 a R$ 100. Esse tipo de sensor permite fazer uma triagem rápida de pacientes positivos e negativos para a Covid-19. “É feito pelo celular de cada pessoa. Pode ser usado por médicos e profissionais de saúde em ambulatórios e hospitais para a triagem e um diagnóstico de precisão. Basta pingar a saliva e fazer a detecção. É um sistema que não precisa de internet”, garantiu Goulart Filho. A previsão é de que o protótipo final do sensor eletroquímico fique pronto em maio para produção em larga escala. O sensor eletroquímico portátil já é utilizado para testar outros tipos de doença e viroses, como tuberculose, dengue e zika. Agora foi feita uma adaptação para o diagnóstico da Covid-19. “É uma tecnologia recente, desenvolvida em menos de seis meses. Nossa maior dificuldade foi encontrar amostras qualificadas, ou seja, com o vírus, para que os equipamentos ficassem extremamente sensíveis e treinados para detectar a doença”, disse ele, acrescentando que alguns equipamentos geram falsos resultados, apontando muitas vezes, negatividade para o Covid-19.
Visita do ministro Marcos Pontes
Acompanhado de secretários, o ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, esteve na Universidade Federal de Uberlândia na última segunda-feira (13) e pode conhecer o funcionamento dos sensores. Por meio de sua assessoria, o ministro declarou ter ficado satisfeito com os resultados apresentados pelas pesquisas, ressaltando a questão da tecnologia para suprir uma necessidade importante para o país. “Um dos nosso limitantes no Brasil são os reagentes para os testes diagnósticos. Devido à demanda internacional por esses produtos, a possibilidade de termos testes que não usam esses reagentes será um ganho muito grande para o país e ficará como legado para o nosso sistema de saúde.” A iniciativa faz parte da Rede Vírus MCTIC promovida pelo ministério para ajudar no enfrentamento da pandemia. Nesta quarta-feira (15), Marcos Pontes fará coletiva de imprensa e deverá detalhar sobre as duas tecnologias mineiras.
Na segunda, o professor Goulart Filho fez demonstrações dos testes à equipe do MCTIC, durante a visita. As pesquisas que deram origem aos testes do novo coronavírus também receberam recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada à pasta, e da parceria público-privada com o laboratório Biogenéticos. O próximo passo é trabalhar em parceria com o Ministério da Saúde para implementar a tecnologia em todo o país e resolver questões burocráticas como patente e processos de produção, dentre outros fatores. Os testes poderão ser distribuídos ainda para outros países.