JF 170 anos: A homenagem de quatro fotógrafos da cidade
A convite da Tribuna, profissionais mostram ângulos e cenas diversas de uma Juiz de Fora contemporânea
A cada ano que passa, mais pessoas criam raízes e escrevem suas histórias pelas ruas e prédios de Juiz de Fora. Em 170 anos, quantas coisas essa cidade viu passar, quantas memórias foram fixadas ou esquecidas. Pelos olhos dos artistas, a cidade se torna poesia e transpira beleza através de diversas formas de expressão, inclusive pelas lentes das câmeras. Para comemorar este aniversário, a Tribuna convidou quatro fotógrafos que mostram seu olhar sobre Juiz de Fora e contam o que tanto os atrai para desejar capturá-la.
Presente moderno
Trabalho com fotografia de rua há mais de 20 anos em Juiz de Fora e conheço a cidade de todos os aspectos e ângulos, mas o que me chama atenção é a quantidade de prédios com uma bela arquitetura. Tem uma diversidade muito grande de estilos e épocas, e essa é uma beleza ímpar que a cidade não pode perder, e é algo que não canso de registrar. Vou dar para Juiz de Fora, em comemoração aos seus 170 anos, o que eu faço em grandes cidades da Europa, uma UrbanArt, dentro de uma pegada mais moderna. Eu quero dar o olhar de um fotógrafo que quer levar essa cidade para o futuro, sem ficar preso ao momento, sem parar no tempo. Minha intenção é que, em uma visão mais contemporânea, minha fotografia faça a transição do hoje para o futuro, ainda sendo atual daqui a 100 anos.
Fernando Priamo
Editor de fotografia da Tribuna
Princesa de Fora
Não poderia ser diferente, Juiz de Fora.
Cidade grande, cidade pequena.
Tem mato, tem cinza.
Dias nublados, bermuda e moletom.
Dias ensolarados, calça e camiseta.
Uma princesa,
Especialmente mineira.
Recatada guerreira.
Energia no sangue marrom.
Pioneiros!
Arte, moda, cor e textura.
Expoente e singelo.
Lusos ladrilhos dividem,
Espaço,
Lusas pedras.
Asfalto aqui, terra ali.
Calçada aqui, terra alí.
Sapatos aqui, botina alí.
Tecendo desde o início sua história de contraste
Juiz de Fora
pequena cidade, Grande cidade
Pedro Salgado
Fotógrafo
Do alto do Santo Antônio
– Vai, desbica, desbica, desbicaaaa!!! Pronto, agora empina, isso, empina mais, deixa o vento levar.
– Olha, daqui parece que estamos mais altos do que o Morro do Cristo.
– Mas é claro que estamos, aqui dá pra gente ver além das montanhas, só não sei se dá para ver Minas Gerais inteiro, você acha?
– Claro que não dá, né?
– Mas o Rio de Janeiro acho que dá pra ver, fica lá no final do horizonte.
– No Belo Horizonte?
– Não, aí é para o outro lado… Olha a linha, presta atenção, puxa a linha, puxa a linha, segura a carretilha direito…
– Já imaginou se daqui do alto do Santo Antônio a gente conseguisse levar a pipa até o Paraibuna?
– Ah, não viaja, né?
– Deixa ela limpinha! Ahhh, meu avô me contou que tinha uma época que o pessoal pescava no rio.
– Eu acredito, deve ser na época que Juiz de Fora tinha o nome do nosso bairro, essa foi minha vó que contou, chamava Santo Antônio do Paraibuna.
– Será que nessa época soltavam pipas?
– Não sei, vou perguntar pra ela. Ela que me deu as tiras da rabiola, uma azul, outra verde e outra vermelha, diz ela que combina, eu achei bonita. Bonita mesmo, olha como ela fica brilhante quando passa na frente do sol.
– Sol? Minha mãe falou que posso ficar até a hora do sol ir embora. Por favor, fica sol!
– Calma, ele vai e volta, vai e volta até chegar nosso aniversário, foi minha vó que também me falou.
– Olha ali, tem um fotógrafo tirando foto da gente.
– Então empina direito para ele mostrar para a cidade inteira a rabiola que minha vó fez, das cores de Juiz de Fora.
Leonardo Costa
Editor de imagem e vídeo da Tribuna
A magia das luzes da cidade
Há certos momentos do dia em que a luz incide sobre a cidade de forma mágica, quase divina, e ocorre, geralmente, no pôr do sol ou mesmo no início da manhã. Mas, nesta época em Juiz de Fora, até o final do inverno a luz se torna especial quase todo o dia e, embora o clima esteja frio, temos uma alta na temperatura de cor, gerando fotografias de tons mais vibrantes e com sombras e silhuetas mais intensas. Repare, que ao tirar fotos do exterior nesta época (mesmo que seja de um celular da janela de sua casa), não se faz tão necessário os ajustes no tratamento de imagem para arquivo ou envio. E é justamente este tipo de iluminação que procuro para completar o enquadramento de fotografias da cidade com sua arquitetura eclética de construções da época do Império, da industrialização e, também, com edificações art noveau, art déco e moderna. Sigamos firmes em casa agora para que, em breve, possamos voltar a registrar a cidade com suas luzes mágicas! Salve Juiz de Fora por seus 170 anos!
Humberto Nicoline
Fotógrafo