Após 30 anos no EUA, médico da dor retorna a JF
PUBLIEDITORIAL
Adepto do tratamento com cannabis em pacientes com dor crônica, Sady Ribeiro atende em três endereços na cidade
A Aliviar a dor crônica, proporcionando ao paciente uma melhor qualidade de vida. Este é o propósito do médico da dor, uma especialidade médica que ganhou reforço em Juiz de Fora com o retorno à cidade do juiz-forano Sady Ribeiro, após 30 anos atuando nos Estados Unidos. A mudança de país será gradativa. A intenção é, segundo ele, passar um mês no Brasil, atendendo em três endereços em Juiz de Fora (ver abaixo) e um em São Paulo, e um mês em Nova York, onde pretende permanecer por mais um tempo adquirindo conhecimento de ponta.
Formado em medicina pela UFJF, Sady deixou a cidade na década de 1970 para cursar residências médicas – Clínica Médica e Reumatologia – no Hospital do Servidor Público de São Paulo. Após concluir as especializações, seguiu para Inglaterra para uma pós-graduação em Reumatologia. Em 1982, voltou para São Paulo e, poucos anos depois, se mudou para os Estados Unidos, onde cursou residência de Medicina da Dor. Passou 15 anos atendendo no Texas e outros 15 em Nova York, onde atua até hoje.
A medicina da dor é uma especialidade bem reconhecida nos Estados Unidos e relativamente jovem no Brasil. O médico da dor, juntamente com outras especialidades, como ortopedia, neurologia, neurocirurgia, entre outras áreas, pode oferecer ao paciente, além de tratamento farmacológico e fisioterápico, alguns procedimentos semi-invasivos que podem trazer algum alívio para um quadro doloroso. “Pacientes com dores oncológicas que não estão respondendo ao tratamento mais conservador, por exemplo, podem receber uma ‘bomba’ de morfina ou análogos administrada diretamente na medula espinhal. A dose de medicamentos é menor e, ainda sim, apresenta resultados mais eficientes”, explica Sady.
Um outro exemplo citado pelo médico seria de um paciente com uma hérnia de disco relativamente pequena, que não responde ao tratamento conservador. “Ele pode receber uma injeção ao nível da hérnica discal ou removê-la em um procedimento semi-invasivo realizado através de um endoscópio. Esses seriam apenas dois exemplos de muitos outros procedimentos utilizados na medicina da dor.”
Sady Ribeiro ressalta que o médico da dor deve ter um olhar global sobre o doente, já que, muitas vezes, a dor crônica pode vir acompanhada de depressão, insônia ou ansiedade, situações que devem ser levadas em consideração pelo profissional, que poderá encaminhar o paciente para um especialista. “Muitas vezes, precisamos recorrer a tratamentos alternativos, como acupuntura, yoga, pilates, meditação, hipnose e outras técnicas de relaxamento. É preciso ter uma visão holística do ser humano na tentativa de minimizar a dor e melhorar a qualidade de vida.”

Tratamento com cannabis
”Um pouco antes de eu voltar para o Brasil, o cannabis foi viabilizado para tratamento de saúde nos Estados Unidos. Percebi, em meu consultório, resultados satisfatórios, mas não milagrosos. Aliás, não conheço milagre na medicina. Vi pessoas que tomaram vários remédios, que tinham efeitos colaterais, que só melhoraram com o cannabis, mais especificamente o CBD, que é uma das substâncias encontradas na maconha”, afirma Sady Ribeiro.
“A experiência com o uso dessa substância tem demonstrado resultados satisfatórios no tratamento de várias outras patologias, além da dor crônica. É importante dizer que o CBD não tem efeito psíquico e não causa dependência. Porém, vale ressaltar que existe também dentro da planta um outro produto, o THC, que provoca alterações psicológicas e, em algumas pessoas, pode causar dependência. No entanto, estudos mais recentes têm demonstrado a importância do THC ser associado ao CBD em algumas patologias. Em vários países do mundo, a mistura das duas substâncias tem sido adotada. Tudo depende do bom senso do médico ao analisar o comportamento do paciente. No Brasil, o que a Anvisa aprovou até o momento é a importação do CBD, que será vendido nas farmácias. Mas eu acredito que, a longo prazo, o THC também será liberado, desde que seja usado de maneira criteriosa.”
Em seus consultórios em Juiz de Fora, Sady tem receitado o cannabis para alguns pacientes. “Fazemos todo o protocolo determinado pela Anvisa para que o paciente tenha acesso ao medicamento à base desta substância.”
Militância política
Paralelo às atividades médicas, Sady Ribeiro faz questão de ressaltar sua militância política em prol de uma sociedade mais justa. Logo que se formou médico, viu de perto a miséria ao atuar como plantonista na periferia de São Paulo e vivenciou um drama pessoal que o fez repensar sua posição enquanto cidadão, uma história que, segundo ele, mudou para sempre sua vida.
“Era madrugada, e minha filha, na época com sete meses de idade, acordou chorando de fome. A mãe não conseguia dar o peito, pois os bicos dos seios estavam inflamados. Eu morava em São Paulo, na Vila Mariana, em frente a uma padaria. Sabia que ela abriria às 5h, que eu poderia atravessar a rua e comprar o leite que mataria a fome da minha filha, era uma questão de muito pouco tempo. Mas o choro dela me machucava, e eu, como pai, entrei em desespero. Até que a padaria abriu. Eu atravessei a rua, comprei o leite e minha filha voltou a dormir, sem o incômodo da fome.
Mais tarde, ao meio dia, assistindo ao noticiário na TV, vi uma notícia que me abalou demais. Um homem, pai de seis filhos, desempregado há cinco anos, foi morto pelo segurança de um supermercado após furtar cinco quilos de arroz. Em entrevista, a esposa dele saiu em sua defesa: ‘meu marido não era um ladrão, apenas um homem desesperado ao acordar todos os dias com as crianças chorando de fome. Hoje ele não aguentou e decidiu furtar o arroz para dar aos filhos.’. Aquela cena mexeu comigo de uma maneira que não teve mais volta.”
A partir daquele dia, o médico de classe média, com dinheiro na carteira para matar a fome da filha, decidiu se afastar da medicina para se juntar aos movimentos de esquerda na luta contra a Ditadura Militar. Só voltou para o consultório após a redemocratização do país. “Me formei numa universidade pública, paga pelo povo. Não podia assistir a tantas injustiças de braços cruzados. Era preciso lutar, e foi isso o que eu fiz.”
Agora, ao retornar ao Brasil após 30 anos nos Estados Unidos, Sady quer novamente se posicionar politicamente na luta pela democracia. “Acredito que um capitalismo mais honesto, mais social, mais humano, que investe, cria emprego e remunera dignamente seus funcionários merece o lucro. No entanto, o que vejo hoje no Brasil é um retrocesso. A desigualdade social é absurda. A democracia sendo desmoronada, e o fascismo se aproximando.”
Por tudo isso, Sady deixa claro que não só o médico está de volta ao Brasil, mas também o cidadão que jamais irá de abster de lutar por um país justo, com oportunidades iguais para todos.
Títulos obtidos nos Estados Unidos
• Diplomate of the American Board of Interventional Pain
• Diplomate of the American Board of Pain Medicine
• Advanced Diplomate of the American Academy of Pain Management
• Diplomate of the American Board of Physical
• Medicine & Reahabilitation – PAIN MEDICINE
• Diplomate in Headache – The United Council for Neurologic Subspecialties
• Diplomate of the American Board of Addiction Medicine
• Fellow of Interventional Pain Medicine – WORLD INSTITUTE OF PAIN
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