Haja matemática!
Rankings são conjuntos de estatísticas bem bacanas, que servem como balizas para que a gente possa interpretar recortes da realidade. É tipo uma foto. Bidimensional, mostra um dos vários lados de um mesmo prisma. Nunca o todo, que é algo para lá de complexo. Nesta quinta, as manchetes que pipocaram na mídia esportiva nacional, com base no ranking da Federação Internacional de Histórias e Estatísticas do Futebol (IFFHS), pegaram meio mundo de surpresa: “Palmeiras é eleito o melhor time do mundo de 2021 por órgão internacional de estatística”, manchetou o GE.com.
Antes de seguir, deixo claro que qualquer comentário que se seguir não vem de um corintiano de nariz torcido. Como faço por aqui na maioria das vezes, deixo o torcedor de lado – cujo nariz não está torcido – para comentar daqui para frente. Até porque, que me perdoem os flamenguistas, os títulos colocam o Palmeiras como grande time brasileiro e da América do Sul na década de 20.
Foram duas Copas Libertadores em um ano, ora. Ninguém conseguiu tal marca de 2020 para cá. Agora, daí a dizer que foi o maior time do mundo em 2021, há um abismo muito grande. Até porque o Verdão caiu nas semifinais do Mundial de Clubes de 2020, disputado em fevereiro de 2021, para o Tigres do México, e ainda perdeu a disputa do terceiro lugar para o Al-Ahly.
O que o Palmeiras fez nas duas últimas temporadas é algo épico. Até porque, dentro de campo, tinha rivais mais qualificados, como Flamengo e Atlético-MG, só para ficar entre os clubes brasileiros. Virou o maior das Américas nas duas últimas temporadas exatamente por conquistar as duas últimas Libertadores. Assim, para ser o melhor do mundo, é preciso conquistá-lo, chance que o Verdão terá novamente em fevereiro. Até lá, o ranking da IFFHS parece estatística que considera muito mais os números do que o contexto.
Pior, o ranking do IFFHS coloca quatro times brasileiros entre as dez melhores equipes do mundo em 2021. Campeão Brasileiro e da Copa do Brasil, o Atlético Mineiro aparece em segundo lugar da lista, à frente do Manchester City, o terceiro. O Flamengo aparece em quarto, empatado com o Chelsea. Ou seja: dos cinco maiores do mundo para a IFFHS, três são brasileiros. Por mais que sejamos fãs do futebol nacional, há algo de muito torto na metodologia do ranking, que ainda tem Dínamo Zagreb, Bayern, Real Madrid, Ajax e Athletico Paranaense, na décima colocação.
Haja matemática para justificar essa estranha hegemonia do Brasil, que, aos olhos da IFFHS, é o país dos melhores times de futebol do planeta.