De pai para filho
Em 1966, José Guilherme Ferreira, chefe do gabinete militar do então governador Magalhães Pinto, assumira a presidência da Federação Mineira de Futebol (FMF). Diante de denúncias de corrupção e reelegendo-se por meio de procurações de ligas interioranas, deixou a entidade em 1980. Elmer Guilherme Ferreira, filho, acompanhara o pai; vice de Alcy Alvares Nogueira, sucessor de seu pai, Elmer devolveu à família, em 1987, o comando da FMF, assegurado até 2001.
José Guilherme e Elmer, entretanto, tiveram “percalços”; em 1986, o pai fora condenado por malversação de recursos da entidade e, em 2011, o filho, em razão de sonegação fiscal. A dinastia Guilherme Ferreira, contudo, estendeu-se até a terceira geração. José Guilherme criou também José Guilherme Ferreira Filho para a política. Irmão de Elmer, Zé Guilherme, como é conhecido, foi eleito, em outubro último, deputado estadual pelo PRP. Contudo, são os filhos os mais proeminentes: Adriano e Marcelo Guilherme de Aro Ferreira.
Coincidentemente, Adriano e Zé Guilherme são, ao mesmo tempo, duas das lideranças esportivas do estado. Ao passo que Adriano iniciou mandato à frente da FMF em junho último depois de candidatura única, Zé Guilherme preside a Comissão de Esporte, Juventude e Lazer da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ambos os movimentos foram arquitetados por Marcelo Aro, reeleito deputado federal pelo PHS e, hoje, filiado ao PP. Membro da chamada “Bancada da Bola”, Aro tinha relações estreitas com Eduardo Cunha; foi do ex-presidente da Câmara a indicação para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Atualmente, é diretor de Relações Institucionais da entidade.
Zé Guilherme, inclusive, contou com a doação do filho Adriano — fora do pleito, ainda que filiado ao PHS — para a campanha eleitoral passada. Em sessão ordinária da Comissão de Esporte, em 23 de abril, recebeu de colegas, pelo filho, as congratulações pela organização do Campeonato Mineiro. Na dinastia Guilherme Ferreira, passa-se de mãos em mãos o poder como se passassem valores; felicidade maior certamente teria sido somente o título do Atlético no regional.