Papelarias e livrarias estimam queda de 50% nas vendas
De portas fechadas, setor vive janeiro atípico com redução na demanda por material escolar.
Janeiro está bem diferente para as papelarias e livrarias de Juiz de Fora. Acostumadas com a movimentação intensa de consumidores neste período, o que mobilizou acordos especiais para o funcionamento em horário estendido nos últimos anos, agora as lojas estão fechadas e buscam se adaptar à realidade imposta pela pandemia da Covid-19. Diante das dificuldades, o setor estima queda de 50% nas vendas em comparação com janeiro de 2020.
Além da interrupção das atividades presenciais desde a última segunda-feira (18), por conta do agravamento dos índices epidemiológicos da Covid-19 e consequente retorno da cidade à onda vermelha do Minas Consciente, a incerteza sobre quando e como será o início do ano letivo também trouxe impacto às vendas.
O proprietário da papelaria MEC, Leandro Braga, explica que pais e responsáveis estão mais cautelosos por conta da indefinição sobre o retorno das aulas. “Estamos fazendo o atendimento on-line, mas a demanda está bem devagar. Em anos anteriores, neste período, as vendas estariam a todo vapor.”
Segundo ele, a redução da demanda já era esperada. “Nós estamos vivendo um momento atípico e nos preparamos para isso. Investimos menos e compramos produtos em menor quantidade, pois já sabíamos que teríamos vendas abaixo do que foi o ano passado.”
Na Livraria Leitura, a busca por livros didáticos tem sido o carro-chefe das vendas. “A internet nos permite atender clientes de outras cidades, o que é um fator positivo”, explica o coordenador Marcos Paulo de Oliveira. No entanto, a movimentação com os artigos de papelaria segue direção contrária. “A loja fechada prejudica bastante, pois as pessoas gostam de escolher esses produtos. Estamos sentindo um impacto significativo.”
Além disso, ele observa que há itens de maior valor agregado da lista que não estão sendo cogitados na hora das compras. “As mochilas sempre são muito demandadas, mas este ano está diferente. Imagino que muitos pretendem reaproveitá-las, pois foram pouco usadas em 2020.”
Adaptação
Há 38 anos no mercado, a Livraria Flamingo também percebeu uma queda brusca nas vendas. “Caiu muito, mas estamos nos adaptando. Não podemos desanimar”, afirma a sócia Cláudia Martins Carneiro.
Para atrair os consumidores, as alternativas têm sido desde a oferta de descontos até o diálogo direto com aqueles já fidelizados. “Haverá uma redução significativa nas vendas agora em janeiro, pois a demanda não estará concentrada neste mês. Pelo cenário de incerteza sobre o ano letivo, imagino que as vendas de material escolar serão estendidas por um período maior este ano.”
Dificuldade
Para o presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, a situação expõe mais uma fragilidade vivida pelo comércio frente à pandemia. “Janeiro é o Natal do setor de papelarias e livrarias, pois é quando estes segmentos mais vendem”, compara. “Novamente, vemos o comércio lutando para sobreviver. Só não sabemos até quando as empresas vão aguentar.”