Toda beleza de Yasmin, a nova bailarina do Faustão
A garra, a segurança e a simpatia da mais nova bailarina do “Domingão do Faustão”, a jovem juiz-forana Yasmin Marinho
Com aquele palco, aquela luz, aquele pessoal, não tem como não rir”, diz, sorrindo, a jovem de 23 anos, 1,80m de altura, olhos castanhos e cabelos com grandes e volumosos cachos Yasmin Borges Marinho Pereira. Neste domingo, vai ao ar o registro da primeira vez que ela pisou no estúdio para gravar o “Domingão do Faustão”. Transmitido ao vivo, geralmente, o dominical deste domingo foi excepcionalmente gravado, no sábado, justamente na estreia de Yasmin como a mais nova integrante do balé oficial da atração. No dia seguinte, ela retornou ao estúdio, para a gravação do programa que foi ao ar no domingo passado, ao vivo. Chegou às 10h e saiu logo após Fausto Silva se despedir dos espectadores. “Passa muito rápido, porque tem que maquiar, provar figurino, arrumar cabelo, participar do ensaio geral, ainda tem o horário de almoço”, conta.
Para o novo trabalho, Yasmin precisa ensaiar oito diferentes coreografias. Na hora do programa, a bailarina que está mais à frente do grupo puxa a que escolheu para aquela música. Não há chance de repetir. E errar não é uma opção. Para os dois primeiros programas que fez, assistiu inúmeras vezes o registro das coreografias, em diferentes ritmos. Logo em sua estreia, participou de apenas um ensaio, mas a rotina exigirá uma média de dois encontros entre as bailarinas, além do ensaio geral, que acontece na manhã do domingo. “Todo mundo foi bem simpático comigo”, diz, citando ter recebido ajuda para memorizar os passos e situar-se no complexo televisivo.
Escolhida entre 2.500 outras meninas, Yasmin dança um sonho. “Sempre dancei, a dança sempre foi minha vida, mas eu encarava como hobbie. Parei de dançar por conta da faculdade, segui a carreira de modelo e estava infeliz. Me doía muito não dançar mais. Depois que me formei em artes e design e fui fazer moda, comecei a fazer coach e costumava falar que largava tudo por causa da dança. Meus amigos falavam para eu me inscrever no balé do Faustão, mas eu não me sentia preparada para fazer um teste com pessoas que vivem para a dança, sendo que eu parei de dançar há quatro anos.” Quando decidiu-se candidata de uma vaga no balé mais popular do país, a jovem concentrou toda a sua energia nos exames.
Se vira nos 30
Foi uma loucura, o teste. “Eu via as meninas aquecendo com a perna lá no alto. Eu dizia: ‘Meu Deus! O que estou fazendo aqui?!’. Fiz jazz e balé na adolescência, depois fui fazer outros estilos de dança, mas o que mais pediam na seleção era o que havia aprendido primeiro”, recorda-se Yasmin. “Fiquei confiante, sentindo desde o início que eu iria passar. Fui sozinha. Eu não conhecia São Paulo, não tinha ninguém lá, não tinha dinheiro, mas arrumei uma casa para eu ficar. Fui e passei no primeiro teste. Para o segundo, já tinha que colocar a roupa e fazer maquiagem, porque ele seria gravado. O programa não exige só dança, mas uma intimidade com a câmera, tem que saber qual é seu ângulo. E isso me ajudou muito, porque eu dançava e também era modelo. Esse teste foi horripilante, porque eu tinha que fazer uma coreografia, fiquei de quarta a domingo enfurnada no apartamento tentando criar e não conseguia”, conta. Yasmin só conseguiu idealizar 30 segundos de uma coreografia. E no dia do teste, a produção reduziu o tempo e pediu exatos 30 segundos. “Eu me joguei, caí no chão, bati cabelo. Quando vi a câmera passando por mim pensei: passei! E comecei a dançar feliz porque estava confiante”, lembra ela, que esperou mais dois meses até saber o resultado, tempo em que foi sujeitada a muitos outros exames. De tão boa a performance de Yasmin, sua inscrição mudou de categoria, já que ela havia proposto integrar o time de bailarinas para os quadros do dominical, mas acabou sendo selecionada para o balé oficial do programa global. Durante um trabalho de modelo numa loja em Ipanema, a jovem recebeu um telefonema informando que havia sido a escolhida. “Entrei em contato com todo mundo porque achava que era trote”, ri ela, solteira atualmente, desde o rompimento com um crush que não curtiu muito a ideia de ter como namorada uma bailarina global. Para o novo trabalho, a jovem precisou tirar o registro profissional de bailarina e organizar a nova vida. Esta semana, ela se muda para São Paulo. Vai morar numa república até se estabilizar.
Arquivo confidencial
Foi tenso o caminho até aqui. “Trabalhei em buffet por quase um ano como monitora infantil, ficava quase sete horas para ganhar R$ 40. Juntei o dinheiro de um ano e comprei minhas máquinas de costura. Meu curso de modelo, que eu queria fazer, minha mãe não tinha condições de pagar, e eu fui fazer faxina nas redondezas. Tudo meu foi assim: eu quis, fui e trabalhei no que precisava para ter o que queria”, diz ela, que também lavou pratos em restaurantes e entregou pizza a pé em nome dos sonhos. “Eu tinha uns dias todos diferentes, com fotos e luzes, e nos outros estava fazendo faxina. Sabe Cinderela?”, ri. “”Agora melhorou depois que a minha irmã começou a trabalhar, mas nunca foi muito fácil. A gente caminhava na medida do possível. Para a gente fazer uma aula de inglês ou um balé, minha mãe não dava conta. Foi muita luta. E eu nunca desisti. Já ouvi muito que não tinha condição, mas foi um estímulo”, assegura ela, que durante a adolescência fez cursos de corte e costura, design de moda e administração no Senai. Chegou a criar uma marca de roupas, a Mystique, e começou a costurar em casa, mas o trabalho acabou atrapalhando o ofício da modelo. “Com o curso de moda, eu queria me especializar ainda mais para voltar com a marca, que era de street style, mais fashion despojada”, diz ela, que chegou a fazer danças de rua e integrou grupos de hip-hop na cidade, mas por um curto período. A dança ia perdendo espaço quando o vestibular se aproximava. Até que, ao adentrar o Instituto de Artes e Design da UFJF, Yasmin precisou abandonar a expressão. Voltou quando foi convidada para se apresentar ao lado do DJ Zulu. “Foi ali que percebi que queria dançar para sempre”, lembra a jovem, que quando era criança, virava e mexia, escutava piadinhas sobre o cabelo cheio de cachos. “Minha mãe nunca me deixou alisar o cabelo. E eu cresci com um complexo de inferioridade muito grande. Mesmo participando de concursos de beleza e fazendo fotos, não consegui vencer isso. Com a coach melhorei bastante e tive a segurança necessária para o teste do balé. Hoje sou muito segura, ainda que seja ansiosa demais. Gosto de ouvir que não vou conseguir, porque, aí, quero provar que vou”, afirma, tão segura quanto simpática.
Dança dos famosos
Foi um arraso, o programa acabando e o celular travando. Eram tantas mensagens e marcações que o aparelho parou. E o coração de Yasmin batia forte, muito forte. “Minha mãe só acreditou quando cheguei com o contrato em casa. Até agora ela está chocada. Nesse período de teste, eu não contei para ninguém, só para minha mãe e um amigo. Eu estava muito nervosa e passei por momentos de muito estresse e ansiedade. Fiquei muito focada, parei de sair, estava treinando muito, fazendo muitas visualizações. Todo dia eu acordava e mentalizava o que queria. Alguns amigos acabaram descobrindo, porque coloquei a foto das bailarinas do Faustão como proteção de tela do celular. Eu olhava e falava: Vou estar lá! Também tive vários sonhos de que estava lá e cheguei a sonhar com a roupa do teste”, conta a jovem agenciada por Patrícia Alvim em Juiz de Fora, pela 40 Graus no Rio de Janeiro e, agora, pela paulista Rock. “Quando fui para o Rio tentar ser modelo, comecei a fazer mais trabalhos aqui em Juiz de Fora. Faço mais catálogos, divulgação, eventos e fotos comerciais”, explica, cheia de planos. Cheia de planos. “Acho que dá para fazer tudo. As oportunidades vão aparecer.” Na bagagem, Yasmin carrega a coragem, a força e os ensinamentos da mãe para que se mantenha conectada às origens, humilde e amável. Pelo sonho, despede-se da casa no Bairro Progresso, onde cresceu, e que divide com uma irmã três anos mais nova, a mãe e o padrasto. Na região, onde também estudou, Yasmin conheceu a dança, pelas mãos e olhares encantados da professora Iramaia Cristina. Na adolescência, retornou à escolinha IraCris, mas não podia pagar a mensalidade. “Ela me deu uma bolsa. Eu fazia jazz e quando ela começou a turma de balé clássico, ela me emprestou a sapatilha dela”, emociona-se ela, filha de uma merendeira e distante do pai. “Lá em casa não tem referência de nada do que escolhi. Ninguém dança, ninguém costura, nada disso. Não sei de onde tirei esses interesses”, diz, sorrindo.