Situação de rua
O tema é complexo, pois não bastam a remoção e o automático encaminhamento da população para os abrigos
Lidar com pessoas em situação de rua é uma questão complexa. Não basta a velha fórmula de retirá-las, pois, além de ser uma postura que contraria o direito de ir e vir, também não resolve. Elas voltam. Basta ver o retrato das ruas das metrópoles com indigentes de toda a sorte nas calçadas, sob viadutos e em parques. Os abrigos não dão conta, e, como deve ser, suas regras incomodam àqueles que usam o espaço público para explicitar a sua liberdade. Então, o que fazer?
O discurso fácil aponta para a remoção, como se fossem entulhos. Se há incômodos – e, em muitas situações, sim -, o caminho a ser utilizado é chamar os agentes sociais para avaliarem a situação. Mas isso só não basta; até mesmo os moradores que são tirados das ruas voltam aos mesmos pontos.
O Brasil acumula um passivo social cujo preço é pago diariamente com cenas como essas e outras tantas, indicando que a solução é de longo prazo. As condições econômicas que induzem às desigualdades, lares desestruturados e o vício em drogas lícitas e ilícitas estão no cardápio das questões a serem colocadas à mesa. A fórmula simples dos abrigos não funciona, pois nem mesmo as prefeituras têm recursos adequados para o custeio de tais projetos.
Mas, como não há espaço para omissão, é necessário atuar no problema e prevenir para o futuro. E é aí que entram temas como educação, saúde, emprego e investimentos sociais. Só dessa forma essa batalha será vencida. A ocupação das ruas, agravada com o fenômeno da migração, será um debate permanente de governos e demais instituições. O que não pode ocorrer é tirar essa discussão de cena.