Gás de cozinha já está em falta em Juiz de Fora
Estabelecimentos responsáveis pela venda para o consumidor não têm previsão de quando receberão botijões cheios
O gás de cozinha já está em falta nas distribuidoras e nas revendedoras de Juiz de Fora. No início da tarde desta quinta-feira (24), a Tribuna tentou entrar em contato com dezenas de estabelecimentos, mas a maioria deles não atendeu o telefone. Alguns estão de portas fechadas. Os revendedores com os quais a reportagem conseguiu falar afirmaram que os botijões domésticos acabaram antes mesmo desta quinta, e as vendas estão prejudicadas, já que os estoques estão esgotados. Algumas empresas estão funcionando em regime diferenciado, apenas para informar aos clientes de que o produto não está disponível.
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Com o aumento da demanda e a falta do produto, alguns empresários buscam alternativas para não perder clientes. “O gás acabou na quarta, mas na manhã de quinta consegui mais 20 botijões para vender”, explica a proprietária da Cândido Gás, Maria Aparecida Cândido de Lima. “Aumentou em 60% o número de pessoas pedindo, mas não tem mais como conseguir. Com isso, estou fazendo uma lista para entregar para aqueles que estão ligando, mas não tem previsão de quando vai chegar o gás. Estamos atendendo o telefone só para dar uma satisfação para os clientes.”
João Vitor Gomes Amaral, proprietário do Shopping da Água e do Gás Tia Vera, também tentou comprar mais botijões para revender, mas conseguiu uma quantidade muito pequena. “Nesta quinta consegui 15 botijões de manhã, mas, em menos de meia hora, vendi todos. Tenho 60 botijões que estão parados e não tem previsão de quando receberemos mais.” Segundo Amaral, a demanda dobrou, e há consumidores que estão indo na porta do estabelecimento na tentativa de comprar. “Teve um cliente que diz ter rodado Benfica inteira tentando comprar e veio à minha porta, com o botijão dentro do carro, querendo comprar um novo. Percebo que as pessoas estão querendo guardar para não faltar gás, na tentativa de estocar, porque se a greve continuar por muito mais tempo, todo mundo vai ficar sem.”
Em uma revendedora autorizada Copagaz, o gás acabou antes do meio dia desta quinta. “Estávamos com estoque normal, mas, por conta da greve, vendemos tudo. Há muita procura e não sabemos quando vai ter o produto de novo, então apenas aviso ao consumidor que acabou. Vamos continuar esperando que essa situação se resolva e, enquanto isso, estamos vendendo só água”, conta a funcionária da revendedora, Adriana Aparecida de Novaes.
Preços
Conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, que compreende o período de 13 a 19 de maio, o preço médio do botijão de gás doméstico era R$ 71,71 em Juiz de Fora. Na mesma ocasião, o preço mínimo praticado era R$ 65 e o máximo, R$ 80. Desde que a greve dos caminhoneiros teve início, a expectativa era de que os preços subissem, da mesma forma que tem ocorrido com os combustíveis. No entanto, conforme apuração da Tribuna, os revendedores mantiveram os preços enquanto ainda havia produto no estoque. Nas empresas que atenderam a reportagem, até esta quinta, os preços praticados para o consumidor final eram R$ 70 e R$ 75.
Sem previsão para distribuição
Nas distribuidoras de gás de Juiz de Fora a situação é ainda mais crítica, já que, com os caminhoneiros parados nas estradas, não há previsão de entrega do produto. Com isso, tanto revendedores como consumidores têm tentado comprar botijões nas distribuidoras, sem sucesso.
Na Distribuidora Juiz de Fora Gás, a procura pelo botijão aumentou 100%. De acordo com o proprietário, Jânio Ervilha, o gás acabou às 17h de terça-feira (22) e não há previsão de receber mais botijões cheios. Isso porque quatro caminhões que fazem o transporte para o estabelecimento foram parados nas estradas e não conseguem seguir viagem. “Temos quatro motoristas na estrada, dois vindo de Belo Horizonte e dois indo para o Rio de Janeiro, mas eles estão parados desde segunda. Estamos estudando uma forma de tentar buscar botijões com carro pequeno, para tentar atender algumas pessoas, mas, até então, a empresa está parada. Os funcionários estão à toa e não temos nem previsão de voltar a atender.”
Conforme o proprietário, os atendimentos por telefone continuam apenas para que a empresa possa explicar a situação para os clientes, mas a procura aumentou 100%. Há, inclusive, consumidores que tentam comprar botijões usados. “O telefone não para de tocar um segundo e não temos como fazer nada, infelizmente. Tem consumidor pedindo botijão com restinho de gás até, mas não podemos fazer isso. Meu forte é comercializar para revendedores, mas também vendemos para consumidores finais. No total, vendi cerca de dois mil botijões na terça.”